Apesar da ausência de Que Horas Ela Volta? no Oscar 2016, recebemos com muito orgulho a indicação de O Menino e o Mundo, do brasileiro Alê Abreu, como Melhor Animação. Por isso, para você ficar ainda mais na torcida, a coluna desta semana apresenta três curtas-metragens realizados pelo diretor.
Sírius
Sírius, de 1993, conta a história de um menino de rua que perambula pelas ruas da cidade em uma fria noite de Natal e vê seus sonhos entrando em choque com o duro cotidiano. Ao mesmo tempo em que busca alimento em latas de lixo, cospe em sua própria imagem refletida na água e conhece sua contraparte dormindo confortavelmente em um quarto cheio de brinquedos, o garoto encontra uma espécie de conforto espiritual.
Destaque para a bela mudança de traço nas passagens oníricas e para o uso de fotografias que nos lembram da triste realidade que inspira o filme.
Espantalho
Em Espantalho (1998), Abreu combina animação e fotografias tiradas no sul de Minas Gerais, nas proximidades de Alfenas, para apresentar a história de uma senhora que mora em um local isolado e observa em silêncio uma menina inocente e apaixonada por um espantalho. Não é difícil entender a relação das duas personagens e, assim como em Sírius, há um contraponto de realidades: a melancolia sombria e solitária da senhora e a vida alegre, colorida e descompromissada da garota.
Em 2004, o diretor reeditou o curta para transformá-lo no videoclipe oficial da música "Não Me Deixe Só", de Vanessa da Mata.
Passo
No metalinguístico Passo (2007), Abreu revela o processo criativo do desenvolvimento de uma ideia. Se no início há pleno domínio da situação e o pássaro ganha forma e cor tranquilamente, com o tempo vemos o embate entre o autor e sua criatura, que encontra dificuldades na hora de se libertar. Nesse sentido, os sons são fundamentais, porque remetem ao barulho frenético das asas do animal.
Criar algo é difícil e muitas vezes dolorido. Por isso, o segredo está em abrir a mente (de forma literal, no caso) e encontrar soluções simples para os problemas.
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