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104 - Oscar 2025: Previsões Conversa de Cinéfilo

Amigos do Cinema em Cena,

seguindo nossa tradição anual de (deixa eu conferir… oh, meu Deus) algumas décadas, vamos às previsões do Oscar 2025.

FILME

Vai vencer: Anora

Explicando a escolha: A princípio, Emilia Pérez surgiu como favorito por ter o maior número de indicações, o que sugeria um apoio amplo nos vários braços da Academia – até que… bom, vocês sabem: foi vítima de uma implosão quase tão rápida quanto aquela do Titan (e também resultante do descuido dos responsáveis). A partir daí, a disputa ficou entre Anora, Conclave e O Brutalista e parecia totalmente imprevisível – até que o primeiro venceu uma sequência matadora de prêmios importantes: o DGA, o PGA e o Critics Choice. Por outro lado, se algum concorrente é capaz de derrotá-lo, este é Conclave, que levou o prêmio principal do SAG (outro termômetro valioso). Mas de um ponto de vista estatístico – e considerando que o PGA usa o mesmo sistema de votação preferencial que o Oscar emprega na categoria Melhor Filme -, o filme de Sean Baker é o favorito.

Qual seria meu voto: Ainda Estou Aqui (que dúvida, hein?)

Surpresa que me agradaria: A única surpresa que eu gostaria de ver é Ainda Estou Aqui

 

DIRETOR

Vai vencer: Sean Baker, por Anora

Explicando a escolha: Brady Corbert venceu o BAFTA, mas Sean Baker venceu aquele que costuma ser o termômetro mais fiel para o Oscar: o DGA. Além disso, as recentes vitórias de Anora e os discursos apaixonados de Baker, que usa todas as oportunidades para defender a experiência de se ver um filme na tela grande, são difíceis de ignorar.

Qual seria meu voto: Coralie Fargeat, por A Substância

Surpresa que me agradaria: Walter Salles, mas como ele não foi indicado provavelmente alguém acusaria a Academia de fraude

 

ATRIZ

Vai vencer: Demi Moore

Explicando a escolha: Eu gostaria muito de poder prever uma vitória de Fernanda Torres – que, por sinal, não julgo impossível. Moore vem levando todos os prêmios mais relevantes da temporada pré-Oscar, incluindo o SAG, que é um indicador importante da categoria, mas nossa Fernandinha fez uma campanha irrepreensível e conquistou a preferência de muitos que nem tinham ouvido falar direito de Ainda Estou Aqui antes do Globo de Ouro. Além disso, Mikey Madison venceu o BAFTA, o que indica não estar fora da disputa – e se os votantes mais conservadores da Academia se dividirem entre Moore e Madison, o Brasil leva esse prêmio (aliás, se Torres vencer, será provavelmente em função de uma divisão de votos, mas isto criaria um precedente inédito: um Oscar de Atriz sem que a vencedora tivesse sequer sido indicada ao BAFTA e ao SAG). Se eu tivesse que dividir as probabilidades de vitória, diria que Moore tem 55%, Nan-nan tem 30% e Madison, 15%.

Qual seria meu voto: Karla Sofía Gas… pffff. Precisa perguntar: Nandoca.

Surpresa que não me desagradaria: De novo: nenhuma surpresa além de Nandinha me deixaria feliz.

 

ATOR

Vai vencer: Adrien Brody

Explicando a escolha: Brody venceu o BAFTA e o Critics Choice, mas Chalamet venceu o SAG. Já Ralph Fiennes tem sido constantemente esquecido apesar das vitórias de Conclave no SAG e no BAFTA. Porém, Brody tem uma narrativa adicional, que é a do ator mais jovem a vencer o Oscar da categoria (por O Pianista) e enfrentar desde então duas décadas de quase esquecimento, apesar de algumas aparições com destaque pontual – e se a trajetória de comeback funciona para Brendan Fraser e Demi Moore, funciona para Brody, Que além de tudo é um excelente ator.

Qual seria meu voto: Ralph Fiennes

Surpresa que não me desagradaria: Sebastian Stan

 

ATRIZ COADJUVANTE

Vai vencer: Zoe Saldaña.

Explicando a escolha: Para começo de conversa, Saldaña é a protagonista de Emilia Pérez (mesmo não sendo a personagem-título) – e sua indicação como Coadjuvante é uma estratégia de campanha que deu certíssimo, por exemplo, para Alicia Vikander por A Garota Dinamarquesa. Além disso, ela venceu o BAFTA, o Critics Choice, o SAG e dividiu o prêmio de Atriz em Cannes com suas colegas de elenco – e nem a controvérsia envolvendo Gascón conseguiu prejudicá-la. Um dos prêmios mais garantidos da noite, mesmo que vez por outra a Academia goste de premiar uma veterana como reconhecimento por sua carreira, o que beneficiaria Isabella Rossellini.

Qual seria meu voto: Monica Barbaro, por Um Completo Desconhecido

Surpresa que não me desagradaria: Ariana Grande, por Wicked

 

ATOR COADJUVANTE

Vai vencer: Kieran Culkin

Explicando a escolha: A única aposta mais segura que a de Saldaña. Venceu o BAFTA, o Critics Choice, o Spirit Awards, o SAG e o prêmio de Melhor Culkin da ACA (Associação de Culkins da América). O pobre Kendall Roy não vence uma – e terá que ver seu irmão no palco em seu lugar.

Qual seria meu voto: Culkin – é difícil negar a força de sua performance no filme.

Surpresa que não me desagradaria: Jeremy Strong ou Edward Norton

 

ROTEIRO ADAPTADO

Vai vencer: Conclave

Explicando a escolha: Venceu o BAFTA, o Critics Choice e só não levou o WGA porque foi considerado inelegível em função de alguma regra obscura da associação. Além disso, frequentemente o filme que vence o prêmio principal também leva o de roteiro – e considerando que os dois favoritos, como já discutido, são Anora e Conclave (e Anora compete como Original), as estatísticas também favorecem este excelente longa.

Qual seria meu voto: Conclave

 

ROTEIRO ORIGINAL

Vai vencer: Anora

Explicando a escolha: Aqui temos uma das disputas mais importantes da noite: como apontei há pouco, as estatísticas favorecem Anora, que, além de tudo, venceu o WGA. Sim, A Verdadeira Dor venceu o BAFTA, mas além de o WGA ser um termômetro mais relevante, há uma estatística que torna a vitória do roteiro de Jesse Eisenberg mais difícil: a última vez que um filme venceu o Oscar de Roteiro Original sem sequer ter sido indicado a Melhor Filme foi em 2005, quando Charlie Kaufman levou por Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças – e por mais que eu goste de A Verdadeira Dor, não dá para comparar a complexidade do trabalho de Kaufman com o estudo de personagem de Eisenberg. Agora… se Anora perder este prêmio (que normalmente é anunciado na primeira hora da cerimônia), eu começarei a acreditar que talvez perca também na categoria principal.

Qual seria meu voto: A Substância

Surpresa que não me desagradaria: A Verdadeira Dor

 

FILME INTERNACIONAL

Vai vencer: Ainda Estou Aqui

Explicando a escolha: Quando as indicações foram anunciadas, Emilia Pérez era o favorito absoluto nesta categoria: com 13 indicações, o apoio amplo recebido pelos vários braços da Academia garantia a vitória em Filme Internacional. Até que… bom, vocês sabem: sua campanha se saiu pior do que Joe Biden no debate com Trump. Além disso, Ainda Estou Aqui é um filme infinitamente melhor – e o fato de ter sido indicado na categoria principal garantiu que seria mais visto do que se tivesse ficado só como Internacional.

Qual seria meu voto: Ainda Estou Aqui

Surpresa que não me desagradaria: A Academia decidir dar dois Oscars de Filme Internacional para Ainda Estou Aqui por reconhecer que é maravilhoso demais para ganhar uma estatueta só.

Se vencer, eu mato um: Qualquer um que não seja Ainda Estou Aqui

 

ANIMAÇÃO

Vai vencer: Flow

Explicando a escolha: Na realidade, eu diria que a disputa está equilibradíssima entre Flow e Robô Selvagem e que ambos têm praticamente a mesma probabilidade de vitória. Este último, aliás, é beneficiado pelo fato de ter contado com uma campanha pré-Oscar com uma verba relativamente generosa (enquanto Flow tinha zero de orçamento para isso), por ter vencido o Annie e o Critics Choice e também por ter sido indicado em duas outras categorias (Som e Canção Original). Por outro lado, Flow foi indicado também como Filme Internacional e seu diretor conta com a simpatia geral por ter feito o longa sem dinheiro algum e, claro, por ter gravado um vídeo assistindo ao anúncio das indicações ao lado de seu cãozinho. (Além disso, venceu o Annie como Animação Independente.)

Qual seria meu voto: Flow.

Se vencer, eu mato um: Divertida Mente 2. Não é um filme ruim, mas chega de Pixar (especialmente com continuações) por um tempo, né?

 

FOTOGRAFIA

Vai vencer: O Brutalista

Explicando a escolha: O prêmio da ASC (a guild específica dos diretores de fotografia) foi vencido por um filme que não tem sido considerado um concorrente de peso no Oscar: Maria. Entre os demais, O Brutalista venceu o BAFTA, mas Nosferatu venceu o Critics Choice. E não creio que a Academia voltaria a premiar Duna nesta categoria (a Parte I levou a estatueta). Como critério de desempate entre O Brutalista e Nosferatu, usarei o fato de que o primeiro resgatou o VistaVision.

Qual seria meu voto: O Brutalista.

 

DESIGN DE PRODUÇÃO

Vai vencer: Wicked

Explicando a escolha: Venceu o ADG (prêmio da guild dos diretores de arte), o BAFTA e o Critics Choice. Conclave não está totalmente fora do páreo, mas como um azarão.

Qual seria meu voto: Wicked

Surpresa que não me desagradaria: Duna: Parte 2

 

FIGURINO

Vai vencer: Wicked

Explicando a escolha: Venceu o prêmio de sua guild, o BAFTA e o Critics Choice. E representaria um momento histórico, já que seria a primeira vitória de um homem negro na categoria (Paul Tazewell).

Qual seria meu voto: Conclave

Surpresa que não me desagradaria: Nosferatu

 

MONTAGEM

Vai vencer: Conclave

Explicando a escolha: Como o prêmio de sua guild (ACE) só ocorrerá depois do Oscar, um importante termômetro da categoria está desligado nesta temporada. Conclave venceu o BAFTA e o Critics Choice ficou com Rivais, que não foi indicado ao Oscar. Além disso, como Sean Baker também é o montador do longa e provavelmente já vencerá em Filme, Diretor e Roteiro, é possível que os votantes se convençam de que ele sairá com estatuetas suficientes da cerimônia.

Qual seria meu voto: Conclave

Surpresa que não me desagradaria: Anora

 

MAQUIAGEM

Vai vencer: A Substância

Explicando a escolha: Estatisticamente, os prêmios de sua guild (MUAH) têm uma taxa de acerto altíssima - e A Substância foi seu grande vencedor, tendo levado também o BAFTA e o Critics Choice. E… hum… você viu o filme? Eu preciso explicar mais?

Qual seria meu voto: A Substância

Se vencer, eu mato um: Nosferatu (só o bigode do vilão já deveria desclassificá-lo)

 

TRILHA SONORA

Vai vencer: O Brutalista

Explicando a escolha: Por falar na exclusão de Rivais em Montagem, vale apontar que ele também venceu o Critics Choice por sua trilha sonora e também foi excluído do Oscar. Sobram o BAFTA e o prêmio da guild da categoria, a Society of Composers & Lyrics (que, no entanto, ainda está em sua sexta edição e não tem histórico suficiente para gerar estatísticas confiáveis, embora tenha coincidido com o Oscar em três das cinco primeiras edições: Coringa, Soul e Oppenheimer). E qual filme venceu estes dois prêmios? O Brutalista.

Qual seria meu voto: O Brutalista

 

CANÇÃO ORIGINAL

Vai vencer: “El Mal”, de Emilia Pérez

Explicando a escolha: Em suas cinco primeiras edições, o SCL coincidiu com o Oscar apenas duas vezes – em ambos os casos, nas vitórias de Billie Eilish (Barbie e 007 – Sem Tempo para Morrer). Este ano, eles premiaram Diane Warren (pela segunda vez em suas seis edições) e… Rivais (que não está no Oscar). Bom, Diane Warren é obviamente querida pelos colegas, já que foi indicada 16 vezes; por outro lado, este amor não é compartilhado pelos demais braços da Academia, já que ela perdeu 15 vezes – e caminha para perder a 16ª. este ano – porque apesar de todas as controvérsias, “El Mal” segue como favorita, tendo vencido, por exemplo, o Critics Choice.

Qual seria meu voto: El Mal” (até para irritar aqueles que, não compreendendo a proposta musical de Emilia Pérez, insistem em dizer que suas canções são “ridículas” e “absurdas”)

 

SOM

Vai vencer: Duna: Parte 2

Explicando a escolha: Venceu praticamente todos os prêmios precursores, embora tenha perdido um importante: o de sua guild (Cinema Audio Society), que ficou com Um Completo Desconhecido – e é irônico que apenas Bob Dylan possa tirar a estatueta do Lisan al-Gaib. Aliás, para garantir que acertarei a aposta aqui, minha previsão é a de que um filme estrelado por Timothée Chalamet vencerá.

Qual seria meu voto: Duna: Parte 2

 

EFEITOS VISUAIS

Vai vencer: Duna: Parte 2

Explicando a escolha: Já venceu pela Parte 1 e realmente é difícil negar a magnitude do que foi criado para a continuação (embora Planeta dos Macacos: O Reinado não possa ser totalmente descartado aqui)..

Qual seria meu voto: Duna: Parte 2

Surpresa que me agradaria: Better Man

 

DOCUMENTÁRIO

Vai vencer: Guerra da Porcelana

Explicando a escolha: Em um mundo justo, não haveria qualquer possibilidade de Sem Chão (No Other Land) perder este Oscar – mas não vivemos em um mundo justo, e sim em um no qual o genocídio do povo palestino é ignorado por boa parte do planeta. Além disso, já ficou mais do que óbvio que Hollywood está tomada por sionistas, bastando apontar que Sem Chão, apesar de seus inúmeros prêmios internacionais, ainda não conseguiu um distribuidor nos Estados Unidos. Se vencer aqui, será graças exclusivamente ao votantes estrangeiros da Academia, mas suspeito de que o número não seja suficiente para esta vitória, que renderia um dos discursos mais memoráveis da noite. Em vez disso, a hipocrisia: enquanto nega o genocídio palestino, Hollywood vai mais uma vez usar o Oscar para condenar a invasão da Ucrânia, já que os russos são vilões mais “aceitáveis” que os israelenses.

Qual seria meu voto: Sem Chão

Se vencer, eu mato um: Qualquer um que não seja Sem Chão.

 

CURTA LIVE ACTION

Vai vencer: Anuja

Explicando a escolha: É o único dos indicados que conta com uma produtora-celebridade (Mindy Kalling) e uma plataforma que o torna mais acessível (Netflix).

Qual seria meu voto: The Man Who Could Not Remain Silent

 

CURTA DOCUMENTÁRIO

Vai vencer: Incident

Explicando a escolha: A disputa parece ser entre Incident e I Am Ready, Warden, mas apostarei na temática do primeiro.

Qual seria meu voto: Incident.

 

CURTA ANIMAÇÃO

Vai vencer: Wander to Wonder

Explicando a escolha: Três dos indicados concorreram também ao Annie: Beautiful Men, Wander to Wonder e In the Shadow of the Cypress. Mas Wander to Wonder foi o único que venceu, levando também o BAFTA.

Qual seria meu voto: In the Shadow of the Cypress.

 

Lembrando que comentarei a cerimônia ao vivo a partir das 20h30 aqui (que tal clicar no link e apertar o sininho para que uma notificação te lembre de assistir na hora certa?).

(O Cinema em Cena é um site totalmente independente cuja produção de conteúdo depende do seu apoio para continuar. Para saber como apoiar, conhecer as recompensas - além do acesso gratuito a todo nosso conteúdo -, basta clicar aqui. Precisamos apenas de alguns minutinhos para explicar. E obrigado desde já pelo clique!)

Sobre o autor:

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.
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