Muita gente não gostou quando foi anunciada a refilmagem de RoboCop. Considerado um clássico, o longa de 1987, dirigido por Paul Verhoeven, ganhou agora sua nova versão, comandada pelo brasileiro José Padilha (Tropa de Elite). Se ela ficou boa ou ruim, deixamos para você responder. Aqui no Clube dos Cinco, nós vamos imaginar outras refilmagens, desta vez de produções que nós julgamos que merecem de fato voltar às telas pelas mãos de outro diretor. Afinal, muitas vezes boas ideias estão escondidas em filmes não tão bons. Confira as nossas escolhas e, depois, no final da página, deixe seu comentário com outros filmes que você gostaria que fossem refeitos.
VIVOS
Alive, 1993
Estados Unidos, Canadá
Dir.: Frank Marshall
Vivos é um bom filme, mas é inevitável sentir que uma produção com um orçamento maior e um elenco um pouco mais eficiente conseguiria gerar excelentes resultados com essa inspiradora história de sobrevivência.
O longa foi dirigido por Frank Marshall (Congo) e roteirizado por John Patrick Shanley (Dúvida) a partir do livro Alive: The Story of the Andes Survivors, de Piers Paul Read. Na trama baseada em um caso real, um avião que levava um time uruguaio de rugby para uma competição amistosa em Santiago, no Chile, em 1972, bateu em uma das montanhas da Cordilheira dos Andes.
Após o acidente, os tripulantes que restaram tiveram que enfrentar o frio intenso, a falta de alimentos e cuidados médicos, e as disputas internas entre eles. O tempo passou e os passageiros foram obrigados a tomar uma decisão extrema para continuarem vivos: comer a carne daqueles que faleceram. Depois de mais de dois meses, 16 das 45 pessoas que estavam no avião foram resgatadas.
Josh Hamilton (J. Edgar), Vincent Spano (O Selvagem da Motocicleta) e um jovem Ethan Hawke (Sociedade dos Poetas Mortos) estrelaram Vivos, que merece ser levado aos cinemas novamente. A direção poderia ficar com Paul Greengrass (Vôo United 93) e o elenco seria composto por Diego Luna (Elysium), Eduardo Noriega (Abra os Olhos) e Rodrigo Santoro (300). (Antônio Tinôco)
LABIRINTO - A MAGIA DO TEMPO
Labyrinth, 1986
Reino Unido, Estados Unidos
Dir.: Jim Henson
Muita gente lembra de Labirinto como um produto dos anos 80 ou “aquele filme com o David Bowie”. Alguns até podem considerar um sacrilégio que o filme esteja nesta lista, imaginando que é impossível substituir o cantor. Mas aí está o segredo: não substituir Bowie. Deixando o saudosismo de lado, Labirinto é, em seu âmago, uma fantasia de terror escrita por Terry Jones, do Monty Python, que poderia deixar uma nova geração de crianças coladas na poltrona.
É uma pena que o diretor Jim Henson tenha falecido. Mas existe na Nova Zelândia uma empresa de efeitos visuais que talvez desse conta de substituir a Jim Henson Company. Uma empresinha de garagem chamada Weta Workshop, criada por um sujeitinho miúdo e desconhecido chamado Peter Jackson.
Brincadeiras à parte, Jackson seria um excelente produtor para uma bela empreitada de seu corroteirista de O Hobbit, Guillermo del Toro. A imaginação do mexicano para a criação de monstros e criaturas seria imprescindível para um remake de Labirinto. (Heitor Valadão)
A LIGA EXTRAORDINÁRIA
The League of Extraordinary Gentlemen, 2003
Estados Unidos, Alemanha, República Tcheca, Reino Unido
Dir.: Stephen Norrington
As Aventuras da Liga Extraordinária é uma das várias criações cultuadas de Alan Moore, quadrinhista por trás de outras graphic novels que também viraram filme, como V de Vingança e Do Inferno. Tal como Watchmen, provavelmente o principal título da carreira de Moore, As Aventuras da Liga Extraordinária reúne um improvável grupo de super-heróis. Os personagens são figuras conhecidas da literatura, como Capitão Nemo, Homem Invisível, Dr. Jekyll, e, claro, Allan Quatermain, papel que ficará marcado como o último de Sean Connery, que anunciou aposentadoria alguns anos depois do lançamento da adaptação da HQ.
Connery foi uma escolha excelente para viver Quatermain, uma das poucas decisões acertadas do diretor Stephen Norrington, que fez jus ao fato de Moore se recusar a ter seu nome nos créditos dos filmes inspirados em seus quadrinhos. Além de a produção ter sido permeada por desentendimentos, inclusive rendendo um confronto entre Norrington e Connery no set, o resultado é um verdadeiro desperdício de talento e de dinheiro. Um filme em que personagens tão interessantes não são desenvolvidos e no qual o fator aventura, tão rico na graphic novel, se perde totalmente. Nem mesmo a adição de mais dois ícones da literatura que não estão na HQ, Tom Sawyer e Dorian Gray, salva o barco. E o que falar do Mr. Hyde que mais se parece o Fat Bastard de Austin Powers?
Até mesmo para que o fim da carreira de Connery não seja manchada por um filme tão ruim, convencê-lo a voltar à ativa para viver Quatermain novamente seria a prova de que a nossa imaginada refilmagem tem grandes chances de dar certo. Mas acreditamos que o trauma para ele foi muito grande, então, deixamos a escalação do novo elenco a cargo do diretor que consideramos ideal para a empreitada: Brad Bird. Afinal, ele já dirigiu, e muito bem, duas aventuras de equipe: Os Incríveis e Missão: Impossível – Protocolo Fantasma. Com seu estilo old school e humor na medida certa, Bird certamente seria capaz de aproveitar as características de cada um dos grandes personagens da Liga Extraordinária de modo a torná-los heróis de uma produção que faria sucesso junto ao grande público.
Não há planos concretos para um remake, mas uma série de TV foi encomendada no ano passado. Quem sabe? (Renato Silveira)
O SENHOR DAS MOSCAS
Lord of the Flies, 1990
Estados Unidos
Dir.: Harry Hook
O livro O Senhor das Moscas, de William Golding, recebeu duas versões para o cinema. A primeira, em preto e branco, foi lançada em 1963 e realizada por Peter Brook (Duas Almas em Suplício). O cineasta dispensou o roteiro e decidiu rodar mais de 60 horas de filmagens com os jovens atores improvisando suas cenas.
Já a segunda adaptação, mais conhecida pelos espectadores, é de 1990 e contou com Harry Hook (A Cozinha de Toto) na direção e Jay Presson Allen (Cabaret) no roteiro. Os dois longas são interessantes e possuem os seus méritos. Porém, uma refilmagem traria essa história universal para a audiência contemporânea e teria também grandes chances de ser apreciada.
A obra de Golding foi publicada em 1954 e se tornou um clássico da literatura do pós-guerra. Na trama, um avião que transportava um grupo de crianças inglesas de um colégio interno cai em uma ilha deserta e os passageiros ficam logo sem supervisão de adultos. Assim, eles decidem criar certa organização e elegem ao poder um dos jovens que quer construir abrigos e coletar alimentos. Mas quando é formado outro grupo liderado por um rebelde que deseja apenas se divertir e caçar, conflitos internos começam a ficar frequentes. A história é uma alegoria que pode ser analisada de muitas formas e levanta temas importantes relacionados à religião, à democracia, à violência irracional e à presença do mal em cada um de nós.
Considerando que o elenco de O Senhor das Moscas (1990) era formado por Chris Furrh e Balthazar Getty (Jovens Demais Para Morrer), sua refilmagem poderia ser protagonizada por Ty Simpkins (Sobrenatural: Capítulo 2) e Asa Butterfield (A Invenção de Hugo Cabret). Na direção, Jeff Nichols tem chances de se sair bem, já que ele soube trabalhar com garotos de forma eficaz em Amor Bandido. (Antônio Tinôco)
VIAGEM FANTÁSTICA
Fantastic Voyage, 1966
Estados Unidos
Dir.: Richard Fleischer
Essa ficção científica de 1966 pede tanto por uma refilmagem que ela já quase foi feita por ninguém menos que James Cameron. Durante anos, o diretor desenvolveu o projeto paralelamente a Avatar, que acabou ganhando sua total atenção. Tudo bem que Viagem já semi-ganhou um remake cômico em 1987 com Viagem Insólita, de Joe Dante, mas este filme completou 25 anos recentemente. Cá entre nós, se a franquia do Homem-Aranha já recomeçou do zero, duas décadas e meia parecem uma eternidade.
Para o trabalho de miniaturizar uma espaçonave e inseri-la no corpo de um moribundo com a intenção de salvá-lo, não precisamos procurar longe. Cameron continua sendo uma excelente opção para o projeto. Mas se ele prefere brincar em Pandora pelos próximos dez anos, talvez ele possa apenas produzir para um diretor como Duncan Jones, de Lunar e Contra o Tempo. (Heitor Valadão)
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