Nelson Mandela morreu, aos 95 anos, nessa quinta-feira, 5 de dezembro. Ex-presidente da África do Sul e líder da transição que encerrou a política do apartheid em seu país, "Madiba", como é carinhosamente chamado por seus seguidores e admiradores, foi representado no cinema por grandes atores. Neste Clube dos Cinco, nós selecionamos cinco filmes que narram sua vida e sua luta pela igualdade racial.
Mandela
1987
Reino Unido
dir.: Philip Saville
No mesmo ano em que deu início à franquia policial Máquina Mortífera ao lado de Mel Gibson, Danny Glover interpretou Nelson Mandela em uma produção da HBO que lhe rendeu uma indicação ao Emmy. E não é à toa que Glover se dedicou tanto ao personagem: o ator também é um ativista pelos direitos humanos desde a juventude.
Em Mandela, nós acompanhamos os anos de ativismo político de “Madiba” nas décadas de 40 e 50, até ele ser condenado à prisão em 1964 e ser forçado a se separar de sua esposa Winnie, interpretada aqui por Alfre Woodard (Retratos de Uma Realidade).
Aliás, vale lembrar que a vida do casal também foi retratada em 2011 no filme Winnie, com Jennifer Hudson (Dreamgirls) no papel da então Sra. Mandela (eles se separaram em 1992) e Terrence Howard (Ritmo de um Sonho) vivendo o líder sul-africano. (Renato Silveira)
Mandela e De Klerk
Mandela and de Klerk, 1997
Estados Unidos
dir.: Joseph Sargent
Ao lado de Morgan Freeman, Sidney Poitier (No Calor da Noite) é o mais nobre dos atores que tiveram a honra de interpretar Nelson Mandela no cinema.
Este filme feito para a televisão faz um retrospecto da prisão de Mandela em 1964 até sua libertação em 1990, logo após o presidente sul-africano Frederik Willem De Klerk iniciar a reforma que levaria ao fim do apartheid. Era o início de uma parceria com Mandela, de quem De Klerk foi vice-presidente no mandato seguinte e com quem dividiu o prêmio Nobel da Paz.
De Klerk é interpretado por outro grande ator: Michael Caine (O Grande Truque), que foi indicado ao Globo de Ouro pelo papel. Ele e Poitier também concorreram ao Emmy. Curiosamente, ambos já tinham contracenado em outro filme situado na África do Sul durante o apartheid: Conspiração Violenta, de 1975.
Dirigido pelo veterano Joseph Sargent (O Sequestro do Metrô, Quase Deuses), Mandela e De Klerk tem forte aspecto histórico e documental. Além de usar imagens de noticiários, a produção foi rodada na África do Sul, usando como locações a maioria dos lugares onde os eventos reais aconteceram. (Renato Silveira)
Mandela - Luta Pela Liberdade
Goodbye Bafana, 2007,
Alemanha/Reino Unido/França/África do Sul
dir.: Bille August
Em 2007, o diretor Bille August (Pelle, o Conquistador) lançou Mandela, filme estrelado por Joseph Fiennes (Shakespeare Apaixonado), Dennis Haysbert (o Jonas Blane da série The Unit) e Diane Kruger (Bastardos Inglórios).
A história é baseada nas memórias do guarda James Gregory (Fiennes), um sul-africano racista que manteve contato com Nelson Mandela (Haysbert) em sua cela durante 20 anos. Além de censurar qualquer tipo de comunicação escrita e verbal na prisão de segurança máxima, Gregory era responsável por espionar o líder político para repassar informações ao serviço de inteligência do governo.
Aos poucos, o guarda vai mudando sua opinião sobre o regime do apartheid, principalmente após ver policiais brancos agredindo gratuitamente mulheres e crianças negras. Tentando entender a luta de Mandela, ele cria uma forte amizade com o preso.
O longa venceu o Prêmio da Paz no Festival Internacional de Cinema de Berlim. (Antônio Tinôco)
Invictus
2009
Estados Unidos
dir.: Clint Eastwood
Em 1995, Nelson Mandela vivia seu primeiro ano como presidente da África do Sul e tinha o desafio de unificar um país dividido por raças. Mandela então percebeu o potencial que o esporte tinha em fazer uma população esquecer suas desavenças e torcer por um único ideal.
Morgan Freeman (Oblivion) empresta toda a sua experiência à figura de Mandela, quando o ativista leva a Copa Mundial de Rúgbi pela primeira vez para a África do Sul. Matt Damon (Os Infiltrados) vive o capitão da seleção do país que recebe do presidente a missão de ganhar o campeonato.
Freeman convenceu tanto como Mandela que o assistente pessoal do ex-presidente pediu ao ator para que ele parasse de andar como o ativista, com receio de o público não perceber a diferença entre os dois. A performance obviamente foi indicada ao Oscar na categoria de Melhor Ator, assim como a de Damon na categoria Melhor Ator Coadjuvante.
Tendo o esporte como contexto, Clint Eastwood narra a jornada de reconstrução de uma nação considerada perdida e mostra o acontecimento que finalmente colocou o racismo como tópico em um território onde os negros sofriam desigualdade de direitos há mais de 44 anos. (Luísa Gomes)
Mandela: Long Walk to Freedom
2013
Reino Unido/África do Sul
dir.: Justin Chadwick
Em uma coincidência incrível, ou cuidadosamente planejada pelos produtores já que Nelson Mandela sofria de graves problemas de saúde desde o início do ano, o filme Mandela: Long Walk to Freedom foi lançado na semana passada nos Estados Unidos. Com uma distribuição limitada em apenas quatro salas, o longa, baseado na autobiografia de Mandela, teve a melhor média por sala do último fim de semana, batendo blockbusters como Jogos Vorazes: Em Chamas e Thor: O Mundo Sombrio.
No papel do ativista está Idris Elba, que vem arrancando elogios da crítica na série Luther após sua lendária participação em três temporadas de A Escuta. A escolha dele como Heimdall, o guardião da ponte do arco-íris em Thor, deixou os fãs em polvorosa, pois achavam que um ator negro seria inadequado para o papel. Este ano ele também esteve em Círculo de Fogo, de Guillermo del Toro, onde seu discurso sobre o “cancelamento do apocalipse” ilustrou todos os trailers de divulgação do filme. (Heitor Valadão)
Menção honrosa
Malcolm X
1992
Estados Unidos/Japão
dir.: Spike Lee
Mandela foi ator de cinema uma única vez em sua vida, fazendo uma participação especial como um professor sul-africano de Soweto no final de Malcolm X, cinebiografia de outro ícone entre os defensores dos direitos dos negros.
O filme foi realizado pouco depois da libertação de Mandela e o diretor Spike Lee encontrou a oportunidade perfeita para fazer um paralelo, já que Malcolm defendia a união do povo negro.
Na cena, Mandela repete um trecho de um discurso de Malcolm para uma turma de alunos, sendo que as últimas quatro palavras - "by any means necessary" ("por quaisquer meios necessários") - são ditas pelo próprio Malcolm em uma imagem de arquivo, que teve que ser usada por Lee porque Mandela teria se recusado a dizê-las, com receio de que parecesse que ele estava incitando a violência. (Renato Silveira)
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