Em A Espuma dos Dias, de Michel Gondry (Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças), a personagem de Audrey Tautou sofre de um mal poético. Logo após seu casamento, ela adoece e descobre que uma vitória-régia cresce dentro do seu pulmão. Neste Clube dos Cinco, nós relembramos outras doenças fictícias que pautam o enredo de variados tipos de filmes.
Joe Contra o Vulcão (Joe Versus the Volcano, 1990, EUA, dir.: John Patrick Shanley) - por Renato Silveira
Só pelo fato de ser hipocondríaco, Joe (Tom Hanks) já está suscetível aos mais variados tipos de doenças imaginárias. Para "facilitar" a vida do rapaz, um médico dá nome aos bois: Joe sofre de uma doença incurável chamada "Brain Cloud" (uma "névoa cerebral" ou algo assim). A doença não tem sintomas, mas uma coisa é certa, diz o médico: Joe morrerá em seis meses. Para aproveitar bem o tempo que lhe resta, ele aceita uma proposta inusitada de um magnata (vivido pelo saudoso Lloyd Bridges): jogar-se no vulcão de uma ilha no Pacífico a fim de concretizar o ritual da tribo que lá vive. Os nativos acreditam que o vulcão precisa ser alimentado com um sacrifício humano a cada século. Em troca, Joe terá tudo o que quiser, podendo viver uma vida de rei, desde que, no final, jogue-se no vulcão. Só assim os nativos vão permitir que o magnata explore o minério da ilha.
O longa é das comédias mais malucas e exageradas do início da carreira de Tom Hanks, o que não o impede de ser bastante divertido. Marca o primeiro par romântico que ele faz com Meg Ryan, com quem voltaria a contracenar em Sintonia de Amor (1993) e Mens@gem Para Você (1998). O mais curioso, no entanto, é que John Patrick Shanley (vencedor do Oscar pelo roteiro de Feitiço da Lua) só dirigiu mais um filme depois deste e demorou quase duas décadas para isso: o drama Dúvida (2008), com Phillip Seymour Hoffman, Meryl Streep e Amy Adams. Não poderiam ser trabalhos mais diferentes um do outro. E ele voltou a ser indicado ao Oscar pelo roteiro.
Filhos da Esperança (Children of Men, 2006, EUA/Reino Unido) - por Heitor Valadão
O que você sentiria se um dia soubesse que a humanidade está a caminho da extinção? Com o aquecimento global e a destruição da natureza, sabemos que esse dia chegará. Mas e se, de repente, ninguém mais nascesse? Se os povos simplesmente não mais se perpetuassem? Essa é uma das propostas de Filhos da Esperança, de Alfonso Cuarón, onde uma doença impede que as mulheres sequer gerem filhos, quanto mais dêem à luz. O filme não explica exatamente como isso aconteceu, mas deixa dúvidas assombrosas sobre o que aconteceria ao mundo dos homens quando estes vissem que todas as suas esperanças residem no mais jovem de sua espécie.
Apoiado por um grande elenco que conta com Clive Owen, Julianne Moore, Michael Caine, Danny Huston, Chiwetel Ejiofor e Charlie Hunnam, que em breve livrará a humanidade de outro tipo de “doença” em Círculo de Fogo, de Guillermo del Toro - coincidentemente, amigo e parceiro do diretor Cuarón.
Resident Evil - O Hóspede Maldito (Resident Evil, 2002, EUA/Reino Unido/Alemanha/França, dir.: Paul W.S. Anderson) - por Luísa Gomes
A atual febre envolvendo zumbis tomou conta de seus fãs assim como os vírus que tornam humanos em mortos-vivos. Entre diferentes versões e origens sobre como o mundo foi infestado por comedores de cérebro, uma das mais famosas é a adaptação do game Resident Evil para o cinema.
A franquia protagonizada por Milla Jovovich (O Quinto Elemento) e dirigida por seu marido Paul W.S. Anderson (Alien Vs. Predador) foi iniciada em 2002 e, logo de cara, já temos contato com a bizarra doença fictícia iniciada pelo T-Vírus, artificialmente projetado pela Umbrella Corporation no laboratório conhecido como “A Colmeia”. A partir de sua disseminação é iniciada uma epidemia em escala global que transforma quase todos os habitantes da Terra em zumbis. A própria Alice (Jovovich) é infectada pelo vírus letal, mas o efeito na heroína é de super-resistência e força inquestionável.
Já em seu sexto filme, a franquia Resident Evil pode ter perdido força em seu enredo e narrativa ao longo dos anos, mas nunca deixará de ser a mais bem-sucedida das adaptações de videogames para as telonas.
Batman & Robin (1997, EUA/Reino Unido, dir.: Joel Schumacher) - por Luísa Teixeira de Paula
Considerado um dos piores filmes de toda a filmografia de um dos super-heróis mais amados do cinema e das HQs (mas um dos meus preferidos, por ter estreitado minhas relações com meu pai, quando eu tinha cinco anos de idade), Batman & Robin foi lançado em 1997. Estrelado por George Clooney (Amor sem Escalas), Alicia Silverstone (As Patricinhas de Beverly Hills), Chris O'Donnell (Limite Vertical), Arnold Schwarzenegger (Exterminador do Futuro) e Uma Thurman (Kill Bill), o longa mostra as dificuldades da dupla de heróis – que acaba virando um trio, com a entrada de Batgirl – em proteger Gotham City dos vilões Mr. Freeze, Hera Venenosa e Bane.
Um dos pontos altos do filme diz respeito à doença da esposa do vilão principal vivido por Schwarzenegger, Nora. Portadora da fictícia Síndrome de MacGregor, ela precisou ter o corpo congelado até que seu marido, Dr. Victor Fries, pudesse descobrir uma possível cura. Mesmo depois de ser tornar o terrível Mr. Freeze, ele não sossega até achar um antídoto para a doença, que acaba afetando também uma das pessoas mais queridas de Bruce Wayne, o mordomo Alfred (Michael Gough).
Pontypool (2008, Canadá, dir.: Bruce McDonald) - por Renato Silveira
De todos os tipos de "vírus cibernéticos" que o cinema já inventou, o deste filme de horror independente é um dos mais intrigantes e perigosos. Não só pelo fato de ele transformar as pessoas "infectadas" em espécies de mortos-vivos ensandecidos, em uma cidade onde a população e a geografia já são restritas. O que torna esse vírus desconhecido realmente assustador é a forma como ele é transmitido: através da fala. Algumas palavras em especial, e principalmente a língua inglesa, ativam o vírus. E as únicas pessoas que tomam ciência disso e que podem fazer alguma coisa para se salvarem são os membros da equipe de uma rádio local. Ironia fatal.
O filme, inédito no Brasil, é dirigido pelo canadense Bruce McDonald (Roadkill, Highway 61) e baseado no livro de Tony Burgess. No elenco, o destaque, claro, fica para Stephen McHattie (300, Marcas da Violência) e sua poderosa voz no papel do enérgico e sensacionalista locutor Grant Mazzy.
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