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Cinco animações que a dublagem brasileira estragou Clube dos Cinco

Nesta semana, tivemos o anúncio de que o cantor Michel Teló foi chamado pela Disney para dar voz a um personagem de Universidade Monstros, na versão em português.  A participação do astro do sertanejo universitário (ah, agora tudo faz sentido!) na animação da Pixar parece ser pequena. Tudo bem. Mas desde que não seja embaraçosa como os últimos segundos deste vídeo:

Isso nos fez lembrar de casos em que escolhas inusitadas dos estúdios para a dublagem brasileira se mostraram inadequadas.

Divulgação

Shrek (2001, EUA, dir.: Andrew Adamson e Vicky Jenson) - por Heitor Valadão

Para alavancar as bilheterias no Brasil, as distribuidoras adoram substituir as vozes originais de um ator, não por alguém que consiga fazer um trabalho semelhante, mas que seja fisicamente similar ao personagem. Só isso explica a substituição do baixinho Mike Myers pelo comediante Bussunda, da trupe Casseta e Planeta, em Shrek. Aliás, o convite deveria ter sido considerado uma ofensa pelo comediante brasileiro, já que ele foi comparado a um ogro feio e porcalhão. E Bussunda, por mais carismático e engraçado que fosse, não era um bom ator, muito menos dublador.

Com sua prematura morte em 2006, após dublar Shrek nos dois primeiros filmes da franquia, Bussunda foi substituído pelo experiente Mauro Ramos, cujos trabalhos mais recentes incluem o Capitão Haddock, em As Aventuras de Tintim: O Segredo do Licorne, e o peludo Sullivan, de Monstros S.A.

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O Espanta Tubarões (Shark Tale, 2004, EUA, dir.: Bibo Bergeron, Vicky Jenson, Rob Letterman) - por Luísa Gomes

A ideia inicial de O Espanta Tubarões é até legal: atores que se assemelham tanto fisicamente quanto em personalidade com os personagens são quem também emprestam suas vozes a eles.

Na versão original, Will Smith (Eu, Robô) dubla Oscar, um peixe que sonha com riqueza e fama. Já Robert De Niro (Os Bons Companheiros) é Don Lino, um tubarão mafioso, bem nos moldes de O Poderoso Chefão, que até possui a famosa pinta do ator ítalo-americano. O cineasta Martin Scorsese (Taxi Driver) também se aventurou como dublador na animação e tem como seu semelhante Skyes, que chama a atenção por suas gigantes sobrancelhas e o jeito apressado idêntico ao do diretor. Outros nomes de peso como Angelina Jolie (Salt), Jack Black (Escola de Rock) e Renée Zellweger (Chicago) também dão respeito às dublagens.

Porém, quando o filme chegou ao Brasil, todo o trabalho de identificação feito pela DreamWorks foi deixado de lado e a voz de Oscar ficou por conta do ator Paulo Vilhena, que em 2004 ainda era considerado um ídolo teen. Sua pouca experiência com atuação e a completa falta de contato com a dublagem resultou em algo desastroso.

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A Terra Encantada de Gaya (Back to Gaya, 2004, Alemanha/Espanha, dir.: Lenard Fritz Krawinkel e Holger Tappe) e Asterix e os Vikings (Astérix et les Vikings, 2006, França/Dinamarca, dir.: Stefan Fjeldmark e Jesper Møller) - por Luísa Teixeira de Paula

O programa Pânico na TV estreou em 2003 com seu humor escrachado e grosseiro. Ainda assim, fez – e ainda faz – um sucesso enorme e elevou seus integrantes ao estrelato. Aproveitando o sucesso de Marcos Chiesa/Bola, Rodrigo Scarpa/Repórter Vesgo, Carlos Alberto/Mendigo, Wellington Muniz/Ceará e Sabrina Sato, os distribuidores de A Terra Encantada de Gaya resolveram convidar os comediantes para dublar o longa de animação no Brasil. Galger, Zeck, Bramph, Boo e Alanta foram os personagens destinados à trupe, cujas fotos aparecem no cartaz de divulgação do filme.

Se o fato de que o programa se originou no rádio poderia ajudar no desempenho dos humoristas na dublagem, a premissa não foi verdadeira. É difícil acreditar se o tom de novela mexicana dado à trama é uma ironia enorme dos comediantes ou trabalho malfeito e despreparado.

Mais difícil ainda é acreditar que essas mesmas pessoas – com exceção de Marcos Chiesa – foram convidadas já no ano seguinte (2006) para dublar Asterix e os Vikings. Rodrigo Scarpa e Wellington Muniz substituíram Carlos Silveira e Luiz Antônio Lulbe, as vozes originais de Asterix e Obelix. Sabrina Sato deu voz à Abba e Calhambix foi dublado por Carlos Alberto Mendigo.

Fazer um filme que se baseia na tradição de uma história sem as vozes com que a audiência está acostumada é arriscado. Ainda mais quando a experiência anterior de quem os substituiu não foi nada boa.

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Enrolados (Tangled, 2010, EUA, dir.: Nathan Greno e Byron Howard) - por Larissa Padron

É essencial que um dublador de um filme seja um ator, afinal, dar voz é atuar e contém parte da essência do personagem. E o Brasil sempre foi elogiado por ter vários atores profissionais no campo da dublagem.

Depois de um tempo, os estúdios começaram a contratar atores famosos, mas sem experiência com dublagem, para promover melhor os filmes no país. Às vezes, isso até dá certo, como é o caso de Chico Anysio em Up - Altas Aventuras.

Mas, como se já não fosse o suficiente, apresentadores de TV também passaram a ser chamados para fazer dublagem de animações. Ninguém conseguiu entender o motivo (além de divulgação) da Disney colocar Luciano Huck - que não tinha experiência nenhuma, não é ator e nem uma voz agradável tem - para dublar Enrolados, filme do estúdio que faz uma reimaginação da história de Rapunzel.

O resultado? É praticamente impossível se manter atento à versão dublada em português, que poderia ser muito mais adorável, sem se distrair com a incômoda voz do personagem Flynn, que faz até você querer que as músicas cantadas por Rapunzel não acabem mais. Em sua crítica, Pablo Villaça expõe ainda mais o problema.

E a Disney não aprendeu com o erro, já que escalou MariMoon para dublar Detona Ralph este ano.

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A Era do Gelo (Ice Age, 2002, EUA, dir.: Chris Wedge e Carlos Saldanha) - por Renato Silveira

No que parece ter sido mais um caso em que o estúdio no Brasil resolveu escolher o dublador baseado na semelhança física com os traços do personagem, Tadeu Mello torna Sid, a preguiça gigante de A Era do Gelo, da Fox, um animal ainda mais irritante do que já é na versão original.

Sid é desengonçado, atrapalhado e chato. A língua presa na dublagem de John Leguizamo é incômoda, mas é música perto da voz esganiçada e histérica de Mello, que é sua característica no trabalho como humorista (não é à toa que foi escolhido por Renato Aragão para cumprir papel semelhante ao de Zacarias no programa A Turma do Didi).

Os demais personagens principais da franquia de animação também são dublados por atores famosos: o tigre Diego tem a voz de Márcio Garcia (Denis Leary, no original) e os mamutes Ellie (Queen Latifah) e Manny (Ray Romano) ficaram com Cláudia Gimenez e Diogo Vilela. Todos fazem um trabalho dentro do aceitável, mas destoam bastante do tom da dublagem original. No caso de Vilela, principalmente, a personalidade de Manny chega a mudar, transmitindo mais aborrecimento do que tristeza.

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