Fogo Contra Fogo acaba de chegar aos cinemas brasileiros. Calma! Não se trata de um atraso de 17 anos no lançamento do policial Heat, dirigido por Michael Mann e estrelado por Al Pacino e Robert De Niro. É que a PlayArte deu o mesmo título ao thriller Fire with Fire - que, convenhamos, é uma tradução mais correta. Também aconteceu, recentemente, de a Warner Bros. dar a Pacific Rim, de Guillermo del Toro, o mesmo nome brasileiro usado para Enemy at the Gates: ambos se tornaram Círculo de Fogo. Inspirados nessas coincidências, nós selecionamos outros títulos iguais de filmes diferentes para que você não se confunda na hora de procurá-los.
O Lutador – por Larissa Padron
O Lutador (The Boxer), dirigido por Jim Sheridan em 1997, e O Lutador (The Wrestler), dirigido por Darren Aronofsky em 2008, têm muito mais do que apenas o nome em comum. Ambos narram a história de dois lutadores, tanto no ringue quanto na vida pessoal, que estão tentando se livrar de um passado violento e recomeçar, mas a luta sempre acaba os puxando de volta.
No caso do primeiro longa, Daniel Day-Lewis interpreta um lutador de boxe que, após passar 14 anos na prisão por envolvimento com o IRA, tenta montar uma escolinha de boxe em sua velha cidade. No segundo, Mickey Rourke está cansado, física e mentalmente, da luta livre e tenta restabelecer o relacionamento com sua filha. Além da história, os dois têm em comum as excelentes performances de seus protagonistas.
Vale lembrar ainda que essa confusão acabou impedindo que o drama de boxe indicado ao Oscar The Fighter (2010), de David O. Russell, com Mark Wahlberg e Christian Bale, tivesse o título traduzido literalmente no Brasil. Para piorar, o filme acabou sendo chamado de O Vencedor, que também é o nome usado aqui para o drama Breaking Away (1979), de Peter Yates, sobre um jovem ciclista e três amigos recém-formados, que também concorreu ao Oscar.
O Corvo - por Heitor Valadão
Basicamente, um "crow" e um "raven" são basicamente a mesma coisa, então não podemos colocar a culpa inteiramente nas distribuidoras
brasileiras por essa. Mas por mais que sejam filmes bastante diferentes, ambos podem ser culpados por encerrar carreiras.
John Cusack nunca esteve tão em baixa após a tentaiva e fracasso de transformar o poeta Edgar Allan Poe em um Sherlock Holmes genérico em O Corvo, de 2012, dirigido por James McTeigue. Já Brandon Lee morreu tragicamente no set de filmagens de O Corvo, de 1994, dirigido por Alex Proyas, onde um roqueiro assassinado volta à vida para se vingar de seus algozes, também responsáveis pelo estupro e morte de sua noiva.
Armadilha – por Tullio Dias
Batizar um longa-metragem como Armadilha, perdoem o trocadilho, é um negócio arriscado. A possibilidade de se deparar com uma cilada digna do seriado Carga Pesada é alta. Em 1999, aproveitando o charme e a beleza exótica de Catherine Zeta-Jones, chegou aos cinemas um thriller que até hoje só é lembrado por uma cena: o momento em que a atriz precisa driblar vários lasers para conseguir cumprir o seu objetivo. E pensar que foi um dos últimos trabalhos do velho Sean Connery antes da aposentadoria. O título original é Entrapment, ou seja, a tradução brasileira é literal.
A Armadilha mais recente (não resisti, desculpe) foi lançada nos cinemas em 2012. O título original da obra é ATM, que seria o equivalente a “caixa rápido” no Brasil. O thriller conta a história de três pessoas que ficam presas dentro de um caixa durante a madrugada enquanto são aterrorizados por um homem perigoso e com as piores intenções possíveis.
Os Esquecidos – por Larissa Padron
Os Esquecidos (The Forgotten), dirigido por Joseph Ruben em 2004, traz Julianne Moore no papel de uma mãe que tenta ser convencida por todos a sua volta (incluindo o marido) de que seu filho nunca existiu. Brigando contra o mundo ela tenta recuperar não apenas o seu filho, mas também a verdade e sua lembrança. Com uma trama fraca na qual pessoas são sugadas pelo céu (literalmente) sem explicação aparente, chega a ser um sacrilégio que o filme tenha o mesmo nome de um clássico do mestre Luis Buñuel.
Vencendo o prêmio de Melhor Diretor no Festival de Cannes de 1950 por Os Esquecidos (Los Olvidados), Buñuel narra a história de um garoto cuja moral vai mudando através da convivência com um grupo de jovens deliquentes. Bom, pelo menos um dos dois filmes não será facilmente “esquecido”.
O Sobrevivente - por Heitor Valadão
Christian Bale interpretou um prisioneiro de guerra em O Sobrevivente (2006), de Werner Herzog, cujo título original, Rescue Dawn, seria algo como "resgate ao amanhecer". E como começa um novo dia, uma nova vida se inicia para seu personagem depois de passar por poucas e boas em um acampamento inimigo.
Já Arnold Schwarzenegger e seu "jogo da morte" do século 21 em The Running Man (1987) mereciam algo mais próximo de "o corredor" ou "o fugitivo". Mas a segunda opção também acabaria neste Clube dos Cinco.
MENÇÃO HONROSA
O Enigma de Outro Mundo – por Tullio Dias
Caro cinéfilo, cuidado para não se confundir quando for visitar uma locadora: John Carpenter dirigiu o clássico O Enigma de Outro Mundo, que é o filme lançado em 1982 e que é uma das grandes obras de terror do cinema. Em 2011, foi lançada a pré-sequência, também com o título de O Enigma de Outro Mundo, que surpreende com uma boa história e narra os eventos que antecederam o filme original.
Os dois longas apresentam grupos de cientistas que descobrem um alienígena congelado na Antártica e precisam encontrar uma maneira de impedir que a criatura fuja. O grande problema é que o alien consegue clonar os humanos, assumindo as suas formas e se passando por eles.
Como a Universal Pictures não mostra no título que são dois filmes diferentes, apesar da trama similar, os desavisados que foram procurar justamente "aquele filme da cena da autópsia" podem acabar se sentindo enganados.
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