Dois filmes que têm vizinhos no centro de suas tramas estrearam nos cinemas brasileiros ao mesmo tempo. A Última Casa da Rua tem Jennifer Lawrence se envolvendo com um rapaz que vive do outro lado da rua (para onde ela acaba de se mudar) e que sobreviveu a uma chacina. Já em Entre o Amor e a Paixão, Michelle Williams é uma mulher casada (e aparentemente feliz com o marido) que conhece um homem durante uma viagem. Eles se sentem atraídos um pelo outro e as coisas ficam cada vez mais intensas depois que ela descobre que o sujeito é seu novo vizinho. Aproveitando o tema em comum, o Clube dos Cinco selecionou mais alguns vizinhos que trazem problemas - alguns mais suaves, outros realmente perigosos. Como você lidaria com um desses?
Oliver Lang , em O Suspeito da Rua Arlington (Arlington Road, 1999, dir.: Mark Pellington) – por Heitor Valadão
Já teve uma sensação de déjà vu ao ver o novo vizinho? Acha que já o viu em algum lugar? Talvez nas páginas policiais de um velho jornal? Michael Faraday (Jeff Bridges) não consegue se livrar do pensamento de que seu novo vizinho, Oliver Lang (interpretado por Tim Robbins), possa ser um terrorista. Apenas a suspeita já seria o suficiente para levar qualquer um à loucura. Mas quando Michael resolve investigar por conta própria, é aí que as coisas se complicam. Especialmente porque, devido às suas atitudes, todos começam a pensar que o próprio Michael é o vizinho problema, e não Oliver.
Com um roteiro simplista de Ehren Kruger, mas direção eficiente de Mark Pellington, O Suspeito da Rua Arlington mostra que nem sempre o seu vizinho é chato. Às vezes, você é que é um pouco implicante. E pode acabar se dando muito mal por isso.
Os Castevet, em O Bebê de Rosemary (Rosemary’s Baby, 1968, dir.: Roman Polanski) – por Larissa Padron
Já ouviu a frase: “Minha vizinhança é o inferno”? Pois é, mas no caso do jovem casal Rosemary (Mia Farrow) e Guy Woodhouse (John Cassavetes), em O Bebê de Rosemary, de Roman Polanski, eles estavam literalmente certos.
Ao mudar de casa, Rosemary conhece seus vizinhos, os idosos Roman (Sidney Blackmer) e Minnie Castevet (Ruth Gordon, vencedora de Oscar pelo papel). Mas o simpático casal na verdade apenas a quer como a mamãe de um pequeno demônio, aquele neném que te apavora tanto, mesmo que você nunca o veja.
Os Klopek, em Meus Vizinhos São um Terror (The ‘Burbs, 1989, dir.: Joe Dante) – por Tullio Dias
Em 1989, Tom Hanks estrelou uma deliciosa comédia que deve ter feito parte da infância de muitos dos nossos leitores. Meus Vizinhos São um Terror conta a história de uma pacata vizinhança com os mais variados tipos de moradores: do senhor idoso com um cachorro com necessidades crônicas de adubar o gramado alheio, passando pela mulher casada que usa shorts curtos para provocar os ânimos dos homens, além do adolescente bobão e daquele cara que gosta de cuidar da vida de todo mundo. Mas nenhum desses tipos representa tanto perigo quanto os Klopek, uma família misteriosa que acabou de se mudar para a região.
Desconfiados, a turma liderada por Ray Peterson (Hanks) decide investigar os estranhos ruídos vindos da casa dos novos moradores do bairro. O clima fica mais pesado depois que um vizinho desaparece misteriosamente e eles encontram um fêmur enterrado no jardim.
Jerry Dandrige, em A Hora do Espanto (Fright Night, 1985, dir.: Tom Holland) – por Heitor Valadão
Se você odeia aquele seu vizinho que ouve música alta até tarde, estaciona o carro ocupando parte da sua vaga e que sempre fuma na janela logo abaixo da sua, pense pelo lado bom: pelo menos ele não é Jerry Dandrige, que leva inocentes mocinhas para casa para chupar seu sangue. E quando o jovem Charlie Brewster testemunha Dandrige com a boca na botija, ele automaticamente se torna o próximo alvo do vampiro. Para piorar a situação, ele tem um comparsa que consegue ser ainda mais assustador.
A Hora do Espanto, um clássico dos anos 80, recentemente ganhou uma refilmagem com Colin Farrell no papel do vampiresco Chris Sarandon, e Anton Yelchin substituindo William Ragsdale como Charlie. Entre os dois, claro, fique com o original de Tom Holland, que rende não apenas bons sustos, mas também boas gargalhadas.
Danielle, em Um Show de Vizinha (The Girl Next Door, 2004, dir.: Luke Greenfield) – por Renato Silveira
Espionar a vizinha trocando de roupa é daquelas taras que todo homem já deve ter tido na adolescência (ora, quem estamos querendo enganar, senhores?). E não podia ser diferente com Matthew (personagem do então ainda pouco conhecido Emile Hirsch) ao conhecer sua exuberante nova vizinha, Danielle (a então e ainda pouco conhecida Elisha Cuthbert, que até hoje é mais lembrada por esse papel – pelo menos no cinema, já que na TV ela viveu a filha de Jack Bauer, em 24 Horas).
Para a sorte de Matthew, Danielle dá bola para ele e os dois descobrem afinidades e iniciam um relacionamento. Até que dois amigos (um deles vivido por Paul Dano, também em início de carreira) descobrem que Danielle é atriz de filmes pornográficos. O que a princípio poderia ser uma enorme vantagem para o rapaz acaba trazendo problemas que ele jamais esperaria, incluindo ameaças de morte, fuga de policiais, uma bad trip involuntária e vexame na frente da família.
MENÇÃO HONROSA
Lars Thorwald, em Janela Indiscreta (Rear Window, 1954, dir.: Alfred Hitchcock) – por Larissa Padron
Ao falar de vizinhança é difícil não se lembrar de um dos maiores clássicos do suspense, do mestre do suspense. Com Janela Indiscreta, Hitchcock mostra a todos nós, cinéfilos, como somos uns vizinhos fofoqueiros, que passam um bom tempo vendo a vida dos outros pelas janelas (a diferença é que é a 24 quadros por segundo).
Acontece que nesse ato de voyeurismo, o imobilizado L.B. "Jeff" Jeffries (James Stewart) pensa que testemunhou um assassinato, e fica obcecado com o assunto, até que o suposto assassino (e vizinho), Lars Thorwald (Raymond Burr) começa a tornar sua vida um inferno. Mas é claro que tudo fica mais fácil quando se é noivo de Grace Kelly.
O filme ganhou uma versão para TV em 1998, com Christopher Reeve no papel principal (e ele foi indicado ao Globo de Ouro). Paranoia, de 2007, é praticamente uma refilmagem de Janela Indiscreta e substitui James Stewart por Shia LaBeouf, Grace Kelly por Sarah Romemer (quem?), e Hitchcock por D.J. Caruso. Precisa responder se ficou bom?
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