Stephenie Meyer, autora dos livros que inspiraram Crepúsculo e suas continuações, resolveu criar seus próprios vampiros para contar a história do romance entre Bella e Edward. Os vampiros de Meyer não têm dentes pontudos, não usam capas e, ao invés de temerem a luz, eles brilham no sol. Neste Clube dos Cinco, nós mostramos que o cinema já modernizou o vampiro clássico antes de Meyer, e de formas mais efetivas e interessantes.
Fome de Viver (The Hunger, 1983, dir.: Tony Scott) – por Heitor Valadão
Para muitos dos que reclamam dos rumos altamente comerciais que a carreira de Tony Scott tomou, cinéfilos por todo o mundo ainda consideram Fome de Viver, o primeiro longa metragem do diretor, como seu melhor trabalho. A bela Catherine Deneuve interpreta a vampira Miriam, que tem sob suas graças John, interpretado por David Bowie. Enquanto estão sob seus encantos, os súditos de Miriam não envelhecem. Mas assim que ela os dispensa, eles rapidamente alcançam a idade que deveriam ter. Entra em cena a médica vivida por Susan Sarandon, que estuda envelhecimento precoce e acaba se envolvendo na teia de Miriam.
Sede de Sangue (Bakjwi ou Thirst, 2009, dir.: Park Chan-wook) – por Renato Silveira
O fato de Sede de Sangue ter um “padre vampiro” já chama a atenção para o filme e automaticamente o qualifica para o nosso clube. Mas existem mais características interessantes nesta releitura vampiresca feita pelo diretor de Olboy. Primeiro, a forma como o protagonista se transforma em um vampiro: ele se torna voluntário de uma experiência com uma vacina para combater um vírus letal, mas as coisas não correm como o esperado e o tal vírus acaba dando a ele um novo modo de vida. Mas tem um detalhe: ele, na verdade, ficou doente. E para que os sintomas da doença não apareçam, o padre precisa beber sangue. Daí em diante acompanhamos as tentativas do personagem em não matar pessoas (uma alternativa que ele encontra é o banco de sangue do hospital), além de seu envolvimento com uma mulher cujo marido está internado.
Deixe Ela Entrar (Låt den rätte komma in ou Let the Right One In, 2008, dir.: Tomas Alfredson) – por Larissa Padron
É comum esperar terror, purpurina, suspense e até comédias de filmes com vampiros, mas é difícil acreditar que um drama possa utilizar a história de amizade entre uma vampira assassina (que aparenta ter apenas 12 anos) e um garotinho tímido para discutir questões contemporâneas importantes como o bullying e as relações familiares. No entanto, o diretor Tomas Alfredson fez isso com o sueco Deixe Ela Entrar, de 2008, que utiliza todas as características clássicas de vampiros (a aversão à luz do Sol, o convite para entrar na casa de alguém, os hábitos noturnos) em uma história que, ao mesmo tempo, foge de todas as convenções de gêneros.
O sucesso do filme rendeu uma versão nos Estados Unidos: Deixe-Me Entrar conta com Chloë Moretz (a Hit-Girl de Kick-Ass) no papel da vampira e foi lançado em 2010.
Anjos da Noite (Underworld, 2003, dir.: Len Wiseman) – por Tullio Dias
Os vampiros de Anjos da Noite são quase mafiosos do sangue. Além de viverem em grandes mansões e levando uma vida luxuosa, os vampiros dedicam boa parte do seu tempo na caça dos Lycans, uma raça de lobisomens que há muito tempo são os principais inimigos dos sugadores de sangue. Kate Beckinsale estrela a produção. Sua personagem Selene é uma caçadora de Lycans que se apaixona por um humano que está sendo perseguido pelos lobos. Com muitos efeitos especiais e investindo na velha rixa envolvendo lobisomens e vampiros, a obra rendeu outras três continuações, mas nunca repetindo o "sucesso" do filme original.
Martin (1976, dir.: George A. Romero) – por Heitor Valadão
Os filmes de terror, quando feitos por cineastas competentes, são sempre mais do que simples perseguições e sanguinolência. Este é o caso das obras de George A. Romero, muito conhecido por sua série de filmes sobre os zumbis. Mas o diretor também já se aventurou no reino dos vampiros. Martin, de 1976, é considerado pelo diretor como um de seus melhores trabalhos, mas não foi muito bem recebido em seu lançamento. Será coincidência que seu filme seguinte foi Despertar dos Mortos?
O personagem título é um rapaz que acredita ser um verdadeiro vampiro, mas que diz não haver qualquer mágica em sua condição. Sua sede de sangue é mostrada como um verdadeiro vício, desglamourizada e um eficaz retrato de uma juventude perdida. Especialmente pelo seu trágico final.
MENÇÃO HONROSA
Os vampiros de Guillermo del Toro – por Renato Silveira
Fã de filmes de monstros, Guillermo del Toro tem um carinho especial por vampiros. Seu primeiro longa-metragem, Cronos (1993), já traz uma versão original do vampirismo através de um tipo bem particular de inseto, que vive dentro de um mecanismo parecido com um relógio. Uma vez grudado em seu hospedeiro, como um parasita, esse inseto injeta uma substância na vítima, que se torna dependente dela. Essa pessoa, no caso, é o dono de uma loja de antiguidades. Já envelhecido, ele começa a rejuvenescer e vê que a dependência pode não ser de tudo ruim, a não ser pelo fato de que ele passa a sentir necessidade de consumir sangue e se proteger da luz do sol. Para piorar, ele se vê ameaçado por um magnata que sabe da existência do inseto e não medirá recursos para tê-lo e sair do seu leito de morte.
Del Toro voltou a fazer um filme de vampiro em 2002, com a continuação Blade 2 – O Caçador de Vampiros. Considerado o melhor dos três longas do personagem da Marvel, Blade 2 surpreende mais pelos vilões, que del Toro apresenta como verdadeiros monstros. Os Reapers são muito mais fortes que os vampiros normais, possuem uma boca de fazer inveja no Predador e o coração deles fica envolto por uma proteção óssea. Os Reapers representam um perigo para os próprios vampiros e a sua origem está em um vírus.
O cineasta voltou a falar de vampiros na literatura com a Trilogia da Escuridão, formada pelos livros Noturno, A Queda e Noite Eterna. Assim como acontece em Cronos e Blade 2, o vampirismo aqui tem origem biológica, sendo que um verme que é injetado na corrente sanguínea da vítima acaba por transformá-la. Essa “doença” pode ser transmitida tanto pelo ataque de um vampiro quanto por uma simples infecção. E uma vez infectada, a vítima passa por mudanças físicas nada bonitinhas.
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