O filme Gonzaga, de Pai para Filho está lotando os cinemas. Por isso, a equipe do Cinema em Cena escolheu cinco músicos que também merecem ter sua vida contada nas telas.
Ney Matogrosso - por Tullio Dias
Ney Matogrosso é uma das figuras mais importantes da história da música brasileira. Dono de uma voz singular, apenas sua curta passagem pelo grupo Secos e Molhados já seria o suficiente para ver sua vida levada para as telonas. Porém a trajetória de Ney não acabou com o fim da banda.
O intérprete viveu um tórrido romance com Cazuza, caso que foi solenemente ignorado no filme Cazuza - O Tempo Não Para. Além do ex-vocalista do Barão Vermelho, o cantor viveu diversas outras histórias de amor, inclusive revelando que chegou a ir para a cama com mais de 40 pessoas em uma oportunidade.
Seus excessos foram retratados no recente documentário Olho Nu, que estreou no Festival de Brasília e recebeu elogios, mas ainda falta uma versão romanceada da vida de uma lenda viva da MPB.
David Bowie - por Larissa Padron
Uma cinebiografia de David Bowie não teria três atos, teria pelo menos 15! Isso porque o Cameleão do Rock (nome apropriado) teve diversas fases em sua carreira: eletrônica, psicodélica, melódica, entre outras.
E não apenas diversas fases. Bowie também já assumiu diversos personagens tanto em sua carreira de músico, como de ator: Ziggy Stardust, o extraterrestre meio andrógeno que comandou sua carreira na década de 60; Jareth, o Rei dos Duendes, no filme Labirinto; e até mesmo o cientista Nicola Tesla em O Grande Truque, de Christopher Nolan.
Para interpretar tantos personagens, o diretor Todd Haynes poderia fazer um outro Não Estou Lá, com vários atores encarnando Bowie. Entre eles, o próprio Bowie, por que não?
Axl Rose - por Heitor Valadão
O líder do Guns 'n' Roses não teve uma infância fácil. Seu pai biológico abandonou a família quando ele tinha apenas dois anos. Seu padrasto, que até os 17 anos Rose acreditava ser seu verdadeiro pai, era um cristão pentecostal devoto que forçava os filhos a irem aos cultos diversas vezes por semana. Através de terapia de regressão, Rose descobriu que seu verdadeiro pai abusou dele sexualmente, além dos abusos físicos que sofreu nas mãos do padrasto.
Não é à toa então que Axl Rose seja tão famoso não apenas por sua performance elétrica e agitada, mas por se envolver em confusão com seguranças, fãs, namoradas ou quem mais entrar em seu caminho. Hoje, é o único remanescente da formação original do Guns 'n' Roses e se concentra em sua carreira, tentando ficar longe das drogas e maus hábitos. Mas talvez os anos de reclusão tenham lhe custado mais do que imaginava, já que depois de anos de produção, o disco Chinese Democracy falhou em colocar a banda novamente no trono em que já esteve.
Elis Regina - por Larissa Padrón
Elis Regina é considerada por muitos críticos como uma das principais vozes femininas do Brasil. Mas não é apenas seu talento inconfundível como intérprete que lhe garantiria uma boa cinebiografia, mas também sua vida pessoal.
A Pimentinha tinha esse apelido por uma razão: passou a vida desafiando muitas pessoas, inclusive a Ditadura Militar, escapando da prisão apenas por sua popularidade e após aceitar cantar o Hino Nacional em um estádio. Sua crítica à ditadura está expressa na canção O Bêbado e a Equilibrista, celebrando a anistia de diversos artistas brasileiros.
A cantora faleceu em 1982, aos 36 anos de idade, vítima de uma overdose, mas deixou um legado que permite um bom material para a cinebiografia: três filhos no mundo da música – João Marcelo Bôscoli, produtor, e Maria Rita e Pedro Mariano, cantores. Uma de suas frases mais famosas: "Eu sou do contra. Sou a Elis Regina do Carvalho Costa que poucas pessoas vão morrer conhecendo". E aí Breno Silveira? Vamos mudar essa situação?
Jaco Pastorius - por Tullio Dias
Se analisarmos a cena do jazz mundial, encontraremos vários casos de gênios problemáticos. Miles Davis talvez seja o principal, e o mais conhecido deles. Tanto que as filmagens de sua cinebiografia parecem finalmente estar prestes a começar. Então falemos sobre outro instrumentista de jazz, o lendário baixista Jaco Pastorius.
Dono de uma técnica invejável, o músico revolucionou o baixo elétrico ao retirar os trastes de seu instrumento e "inventar" o fretless, que deixa o baixo com uma sonoridade mais próxima do Gigante (também conhecido como baixo acústico). Fez sucesso na década de 70, mas nos anos 80 começou a sofrer devido a problemas psicológicos e alcoolismo. Sua carreira foi por água abaixo, com o baixista chegando até mesmo a morar na rua durante um período.
Em 1987, Pastorius acabou expulso de uma apresentação do guitarrista Carlos Santana ao tentar subir no palco. Horas depois, o baixista se envolveu em mais uma confusão, desta vez fatal. Espancado brutalmente por um segurança, Pastorius faleceu após ficar em coma por nove dias. Seu lendário baixo Fender Jazz Bass 62, que ficou abandonado em um parque, permaneceu perdido até 2008 quando foi encontrado em uma loja de instrumentos usados em Nova York. Conhecido entre os fãs como "Bass of Doom", não seria este um bom nome para o filme?
E para você? Qual músico merecia a história imortalizada pelo cinema? Deixe suas sugestões nos comentários abaixo.
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