Atualmente em cartaz nos cinemas, Os Infiéis é uma coletânea de histórias sobre traição, algumas cômicas, outras mais dramáticas. O ato de "pular a cerca" é dos mais antigos da história da humanidade e o cinema já o retratou de inúmeras formas. Neste Clube dos Cinco, nossa redação selecionou algumas dessas traições cinematográficas, especialmente as que deram muito errado.
Atenção: o texto e os vídeos a seguir contém spoilers.
Dan e Anna, Closer – Perto Demais (2004) – por Larissa Padron
Impossível falar de Closer – Perto Demais, de 2004, e não falar de traição, já que o longa é centrado em dois casais... que viram dois casais diferentes ao longo do filme.
Para explicar melhor, Dan (Jude Law) namora a ex-stripper Alice (Natalie Portman), mas ele se apaixona por Anna (Julia Roberts), uma fotógrafa que se casa com Larry (Clive Owen). Depois de algum tempo, Anna e Dan deixam seus respectivos para iniciarem um relacionamento. Alice volta a ser stripper e em uma noite decide afogar as mágoas de Larry.
E quando todos os quatro personagens do filme se descobrem traídos de alguma forma (e o espectador acompanha tudo através de diálogos brilhantes), é claro que as coisas não dão muito certo, principalmente para os mais românticos Dan e Anna.
Rozat “Rusty” Sabich, Acima de Qualquer Suspeita (1990) – por Heitor Valadão
Harrison Ford é um ambicioso e competente promotor público, cujo casamento com Bonnie Bedelia vai de mal a pior. Ao investigar o assassinato de uma promotora que costumava ser sua amante até ela trocá-lo por um colega mais influente, ele acaba descobrindo uma rede de influências e acaba acusado do crime que não cometeu.
Depois de uma longa batalha judicial que acaba lhe custando a carreira, pelo menos pode-se dizer que o evento aproximou o ex-promotor de sua esposa. Até encontrar um martelo ensanguentado no porão de sua casa.
Dr. William Harford, De Olhos Bem Fechados (1999) – por Tullio Dias
Stanley Kubrick soube como ninguém retratar o pesadelo de um homem casado na adaptação literária De Olhos Bem Fechados, estrelada por Tom Cruise e Nicole Kidman (casados na época). O drama do médico vivido por Cruise começa depois que ele descobre que a esposa o havia traído "mentalmente" com um marinheiro.
William é o retrato de boa parte dos homens dos dias de hoje, pessoas que acreditam ter o direito de desejarem e serem desejadas (ainda que seja apenas uma questão de ego), mas que são incapazes de conseguir lidar com a situação quando a pimenta arde nos seus próprios olhos. O medo de William em ser traído é apresentado de maneira fragmentada, exatamente como acontece na cabeça de quem passa por uma situação parecida, e avança com o passar do tempo.
Tudo isso acaba motivando o médico a procurar se vingar traindo de verdade a mulher. Ele descobre um perigoso bacanal secreto e quase paga com a própria vida pela sua tentativa de cometer adultério.
Chris Wilton, Ponto Final – Match Point (2005) – por Larissa Padron
Traição é algo recorrente na filmografia de Woody Allen. Adúlteros estão constantemente presentes em suas obras, de Manhattan a Para Roma, Com Amor, como personagens simpáticos que você não julga de maneira negativa. No entanto, quando a traição é o centro da trama, o diretor costuma ser um pouco mais pessimista.
Talvez por isso a semelhança de dois de seus filmes com o livro Crime e Castigo, aquela história nada feliz. É o caso de Crimes e Pecados, de 1989, uma mistura de drama e comédia, onde a personagem de Angelica Huston começa a chantagear seu amante (Martin Landau), um médico sério, bom e respeitável, a largar sua família para ficar com ela. Landau, em uma atuação brilhante, começa então a planejar tirar a vida da moça.
No entanto, as semelhanças com o livro de Dostoéivski ficam ainda mais evidentes em Ponto Final - Match Point, de 2005. No longa, o ambicioso personagem de Jonathan Rhys Meyers começa a subir na vida graças a seu casamento com uma afortunada. É então que ele se apaixona por sua cunhada (Scarlett Johansson) e eles começam um caso extraconjugal. A chantagem da amante também surge neste filme e vamos apenas dizer que a solução fica mais drástica desta vez.
Dan Gallagher, Atração Fatal (1987) – por Heitor Valadão
Por mais que os pais preocupados e os protetores da moral e dos bons costumes afirmem, Hollywood não é uma Babilônia, mas, sim, uma fábrica de moral. Mesmo os filmes recheados de mulheres nuas, cenas de sexo ou violência sempre têm uma "luz no fim do túnel", uma mensagem moral. E em quase todos os casos, o adultério sempre acaba em tragédia. Com Atração Fatal, não poderia ser diferente.
Michael Douglas vive um casamento feliz com sua esposa (Anne Archer) e a filha. Eis que aparece a personagem de Glenn Close, com quem Douglas começa um tórrido caso enquanto a mulher está fora da cidade. Com sua volta e uma pitada de peso na consciência, Douglas, o Adúltero, tenta terminar o affair com a amante que, de Close, a Fogosa, revela-se Close, a Psicopata Fervedora de Coelhos.
MENÇÃO HONROSA
Lester Burnham, Beleza Americana (1999) – por Tullio Dias
Lester (Kevin Spacey) é um homem cujo ponto alto do dia é a masturbação matinal. Sua vida se transforma depois que começa a desenvolver uma paixão platônica por uma colega de escola de sua filha. O que deveria ficar guardado apenas para as fantasias debaixo do chuveiro acaba fugindo do controle de Lester, que pensa na ninfeta loira o tempo inteiro.
O curioso é que o personagem de Spacey até tem a oportunidade de uma abordagem real na garota, mas então ele descobre que a menina é pura conversa fiada e ainda é virgem, o que acaba fazendo seus sonhos escorrerem ralo abaixo. Mas não pense que ele escapou ileso de nossa lista.
O pobre Lester ainda teve participação em outras duas traições ao longo de Beleza Americana. Como se não bastasse flagrar sua esposa com o amante, ele ainda virou amante involuntário do personagem de Chris Cooper, que também é casado. Com três casos de infidelidade ao longo do filme, claro que as coisas não poderiam acabar bem.
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