Mel Gibson está em cartaz nos cinemas com Plano de Fuga - momento mais do que apropriado para um Clube dos Cinco dedicado a filmes de prisão... e fuga! Confira a nossa seleção e deixe a sua contribuição.
Fugindo do Inferno (The Great Escape, 1963), por Heitor Valadão
Não poderíamos falar sobre filmes de fuga de prisão sem citar o que talvez seja seu mais nobre e clássico exemplo: Fugindo do Inferno, de John Sturges. Durante a Segunda Guerra Mundial, um grupo de prisioneiros de guerra liderado por ninguém menos que Steve McQueen precisa fugir de uma prisão nazista. McQueen é acompanhado por grandes nomes como James Garner, Richard Attenborough, Charles Bronson, Donald Pleasance e James Coburn, todos atores que você deve estar acostumado a ver em papéis de velhinhos em filmes mais recentes. Infelizmente, alguns deles já se foram.
O filme ainda é dono de uma das maiores sequências de motocicleta da história do cinema, especialmente porque McQueen era um aficcionado por motos, carros e tudo que ele pudesse pilotar em alta velocidade. Em um mundo onde não havia efeitos de computador e fios facilmente "apagáveis", o ator salta sobre uma cerca de arame farpado em uma moto. Na verdade, é um dublê, o que sempre deixou o ator revoltado, já que McQueen acreditava piamente que poderia ter ele mesmo feito a cena. Mas, com medo de que o astro se machucasse, o estúdio não permitiu.
Fuga de Alcatraz (Escape from Alcatraz, 1979), por Tullio Dias
Alcatraz era o presídio mais temido pelos criminosos dos Estados Unidos. Fundada em 1934, a penitenciária funcionou durante quase 30 anos, e se não fosse pela fuga de Frank Morris e outros dois comparsas, nenhum prisioneiro jamais teria sido capaz de escapar das grades da Rocha. A única fuga da prisão foi retratada no filme Fuga de Alcatraz, estrelado por Clint Eastwood e com direção de Don Siegel. O longa foi lançado no final da década de 70, poucos anos depois da prisão ser reaberta como ponto turístico.
Não precisamos explicar do que se trata a trama, mas vale ressaltar que é um dos principais filmes do gênero e que apresenta personagens curiosos em uma fuga complexa, tensa e muito angustiante, apesar de ser do conhecimento de todo mundo que o plano acaba bem sucedido.
Michael Bay lançou A Rocha em 1996 e colocou Sean Connery interpretando um personagem que pode muito bem ter sido inspirado em Morris, mas as semelhanças ficam apenas no fato de ambos terem conseguido fugir de Alcatraz.
De qualquer forma, em 2005, a série de TV Prison Break usou (e abusou) descaradamente de alguns elementos presentes no filme de Spiegel e transformou a (fictícia) penitenciária de Fox River em uma versão moderna de Alcatraz, e Michael Scofield (Wentworth Miller) poderia muito bem ter os genes de Morris. Pelo menos a série conseguiu puxar o que havia de melhor no filme e deixar com muito mais adrenalina, embora com um resultado bem inferior ao trabalho realizado por Siegel e Eastwood.
Fuga de Nova York (Escape from New York, 1981), por Heitor Valadão
Uma prisão não precisa ser um grande prédio cercado. Um barco pode ser uma prisão e o oceano seus muros. A mesma coisa pode ser dita de um acampamento na selva. Mas em Fuga de Nova York, John Carpenter teve uma grande ideia: toda a ilha de Manhattan poderia servir como uma prisão, desde que suas pontes e túneis sejam bloqueados. Os guardas seriam a própria escória que ali vive após um grande terremoto. Mas quando o presidente cai com seu avião sobre a ilha e torna-se refém dos vilões, apenas um homem tão perigoso quanto os sequestradores poderia resgatá-lo: Snake Plissken, imortalizado por Kurt Russell.
Com a ajuda de Harry Dean Stanton, Adrienne Barbeau e um simpático taxista vivido por Ernest Borgnine, Plissken tem que enfrentar a gangue liderada por Isaac Hayes (mais conhecido como cantor e como a voz do Chef da série animada South Park), tirar o presidente da ilha e voltar antes de ser vítima de um veneno que lhe é injetado pelo exército americano para garantir sua volta à civilização.
Quinze anos depois, o filme ganhou uma refilmagem disfarçada de continuação, chamada Fuga de Los Angeles, com direção do próprio Carpenter, e quase ganhou uma refilmagem de verdade dirigida por Len Wiseman e com Gerard Butler no papel principal. Felizmente, depois de muitas dificuldades, o projeto foi abandonado pelo estúdio.
Um Sonho de Liberdade (The Shawshank Redemption, 1994), por Renato Silveira
Stephen King já teve várias e várias de suas histórias adaptadas para o cinema, atravessando diversos gêneros ao longo das décadas. Duas delas se passam em prisões e ambas foram levadas às telas por Frank Darabont. Embora À Espera de um Milagre (2002) tenha emocionado muitas pessoas, é praticamente inquestionável que Um Sonho de Liberdade é superior não apenas no quesito “comoção”, mas como filme mesmo.
Shawshank é o nome da prisão fictícia criada por King para servir como cenário da história da amizade entre Andy Dufresne (Tim Robbins), condenado à prisão perpétua pelo assassinato da esposa e seu amante, e Ellis "Red" Redding (Morgan Freeman), um dos “chefes” entre os detentos.
Um Sonho de Liberdade é um filme de prisão mais pessoal que fala sobre preservar a integridade e o caráter independente das circunstâncias - o que seria o verdadeiro sentido da liberdade. Hoje praticamente uma unanimidade (no ranking de melhores filmes de todos os tempos do site IMDb, com votos dos usuários, ele sempre reveza o primeiro lugar com O Poderoso Chefão), o longa não fez grande sucesso de bilheteria em seu lançamento. Foi indicado a sete Oscars em 1995 e não ganhou um sequer, já que a Academia preferiu Forrest Gump nas categorias em que os dois filmes concorriam.
O Golpista do Ano (I Love You Phillip Morris, 2009), por Larissa Padron
Em I Love You Phillip Morris, pessimamente traduzido no Brasil como O Golpista do Ano, Jim Carrey interpreta o personagem real Steven Jay Russell (autor da biografia que originou o filme), que descobre que ser gay é muito caro. Então, ele decide aplicar vários golpes para manter a sua boa vida com o namorado, interpretado por Rodrigo Santoro. Ao ir para a prisão pela primeira vez, Russell se apaixona por Phillip Morris (Ewan McGregor), e após Morris ser solto, Russell decide fugir da prisão.
Dirigido pela dupla Glenn Ficarra e John Requa (também responsáveis por Amor a Toda Prova), o filme é um retrato nada politicamente correto da vida de Russell, além de ser um belo tapa nos homofóbicos, e mostra de maneira hilária as quatro vezes em que o golpista conseguiu fugir da cadeia, tudo em nome de seu amor por Morris.
O Russell da vida real hoje tem 54 anos e está em uma prisão no Texas, de onde, somando as sentenças de todos os seus crimes, não deve sair vivo. Isso, é claro, se ele não se apaixonar por mais ninguém e der um jeito de fugir.
MENÇÃO HONROSA
Condenação Brutal (Lock Up, 1989), por Renato Silveira
Bandidos são vilões na maioria dos filmes, mas em Condenação Brutal você não só torce por eles como tem piedade depois de ver o que eles passam sob o regime do diretor prisional Drumgoole (Donald Sutherland). E convenhamos: se Sylvester Stallone é o protagonista, não tem como não ficar do lado dele.
Sly interpreta Frank Leone, mecânico que, beneficiado por denunciar o mau tratamento a que Drumgoole submetia os presos, está perto de terminar sua sentença em uma prisão comum. No entanto, sem aviso, ele é transferido para um presídio de segurança máxima. Usando a experiência adquirida na cadeia, Leone logo se enturma com outros detentos (entre eles, Tom Sizemore, Frank McRae e Larry Romano) para enfrentar não apenas outros presos mais perigosos, mas também, e principalmente, os cruéis agentes penitenciários (liderados pelo Capitão Meisnner, interpretado por John Amos) sob o comando de Drumgoole.
Dirigido por John Flynn (A Outra Face da Violência, A Marca da Corrupção), Condenação Brutal pode passar por produto típico da “era Stallone” dos anos 80. Não deixa de ser verdade, mas é um filme que merece ser revisitado.
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