American Pie: O Reencontro reúne, após 13 anos, toda aquela turma que só queria saber de perder a virgindade antes da formatura. Motivo mais do que apropriado para relembrarmos não apenas outros filmes sobre reencontros, mas outros casos em que atores e diretores estiveram juntos mais uma vez com seus personagens e, claro, com seus fãs.
O Reencontro e Para o Resto de Nossas Vidas (por Heitor Valadão)
Reencontros nem sempre acontecem devido a ocasiões felizes e descomplicadas. No filme de Lawrence Kasdan que apropriadamente chama-se O Reencontro, antigos amigos de faculdade se reencontram em uma pequena cidade da Carolina do Sul devido ao suicídio de um antigo colega que estava hospedado na casa de um dos casais do filme, formado por Kevin Kline e Glenn Close. Acompanhados de um grande elenco formado por Tom Berenger, JoBeth Williams, Mary Kay Place, Meg Tilly, Jeff Goldblum e William Hurt, não poderia haver personalidades mais diferentes, falhas, interessantes e, principalmente, humanas. Para quem não viu, pense em Gente Grande, mas com um cérebro.
Para o Resto de Nossas Vidas tem uma história bastante semelhante. Antigos colegas que, além de estudarem juntos faziam parte de um grupo teatral, se reúnem em um fim de semana na casa de campo de um deles, Peter, vivido por Stephen Fry. Dirigido por Kenneth Branagh, que também está no elenco ao lado de Emma Thompson (sua esposa na época) e Hugh Laurie - para quem só o conhecia como o Dr. House. Aqui também há um motivo sombrio para a reunião, mas nem é tal motivo que mostra que muitas pessoas só precisam de um pequeno empurrão para mostrar sua verdadeira personalidade.
Richard Linklater, Julie Delpy, Ethan Hawke & Jesse e Celine em Antes do Pôr-do-Sol (por Larissa Padron)
Em 1995, o jovem diretor Richard Linklater, dois anos após lançar seu primeiro sucesso, Jovens, Loucos e Rebeldes, resolveu fazer o pequeno romance de baixo orçamento Antes do Amanhecer, trazendo o então jovenzinho de Sociedade dos Poetas Mortos, Ethan Hawke, e a adorável atriz francesa Julie Delpy.
O filme acompanha um americano e uma francesa, Jesse e Celine, que se conhecem em um trem e decidem passar o dia todo juntos, até o amanhecer, quando cada um voltará para seu país. Nesse tempo, um se apaixona pelo outro e nós nos apaixonamos por eles. O longa foi um sucesso, arrecadando mais de dez vezes o valor que custou, além de ter conseguido bons comentários da crítica. O casal deu tão certo que os atores fizeram uma pequena ponta em outro filme de Linklater, Waking Life, em 2001.
Nove anos depois, Delpy e Hawke (dessa vez também como roteiristas) não apenas se reencontraram com Linklater para fazer um filme, como fizeram uma continuação de Antes do Amanhecer, que falava sobre o quê? O reencontro de Jesse e Celine, claro. Antes do Pôr-do-Sol traz os personagens já adultos, com Jesse casado e lançando um livro sobre o encontro dele com Celine, nove anos atrás. E mais uma vez eles passam um dia juntos, em Paris, deixando-nos com gostinho de “quero mais”.
Segundo Hawke, em entrevista recente, o trio pensa em se reunir para mais um reencontro, novamente nove anos depois do último - o que seria já no ano que vem. Vamos torcer!
Sam Raimi e os filmes de horror (por Tullio Dias)
Embora seu maior sucesso comercial tenha sido com a trilogia do Homem-Aranha, entre 2002 a 2007, o gênero que revelou Sam Raimi foi o horror. No começo da década de 80, chegou aos cinemas Uma Noite Alucinante, produção estrelada por Bruce Campbell e que ganhou outras duas sequências.
Com o sucesso, Raimi virou referência no gênero e também lançou Darkman – A Vingança Sem Rosto, no começo dos anos 90. Depois disso, ele flertou com outros gêneros, como faroeste, em Rápida e Mortal; o thriller, em Um Plano Simples; um romance esportista, em Por Amor; e ensaiou um retorno tímido para o suspense em O Dom da Premonição. Logo na sequência, passou a se dedicar à produção de Homem-Aranha e se ocupou com a aventura do amigo favorito da vizinhança por quase dez anos.
O grande reencontro de Raimi com o horror aconteceu em grande estilo, relembrando tudo de mais trash que fez os fãs se apaixonarem pela trilogia Uma Noite Alucinante. Em Arrasta-me Para o Inferno, de 2009, sobra espaço até mesmo para uma infame bigorna que surge no meio de um barracão, além de vômitos, sangramentos e todo tipo de coisa dispensável para aqueles que têm estômagos fracos.
Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal e Pânico 4 (por Renato Silveira e Tullio Dias)
O plano final de Indiana Jones e a Última Cruzada ficou marcado na memória dos cinéfilos como uma despedida de personagens que durante todos os anos 80 povoaram a imaginação do público, dividindo o mesmo espaço em nossa memória afetiva com Luke Skywalker e Darth Vader, de Star Wars, e Marty McFly e Doc Brown, de De Volta Para o Futuro. Foi também a despedida de todo um modo de fazer filmes.
Dezenove anos depois daquela cavalgada ao pôr-do-sol, Steven Spielberg, George Lucas e Harrison Ford finalmente decidiram tirar o projeto de um quarto filme do Indiana Jones do papel. Os fãs que passaram quase duas décadas lendo boatos na internet mal puderam acreditar quando viram as primeiras evidências de que Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal realmente estava sendo feito. Os vídeos divulgados no site oficial da franquia durante a produção mostravam que o clima nos sets era realmente o de um reencontro de turma de escola, com direito a champanhe e tapinhas nas costas.
O filme pode não ter agradado a maior parte do público e da crítica, mas não há dúvidas de que diversão não faltou a Spielberg, Lucas, Ford e, claro, Karen Allen – que voltou para interpretar Marion Ravenwood, a namorada de Indy em Caçadores da Arca Perdida.
Hello, Sidney...
Sidney (Neve Campbell) nunca teve sorte no amor ou amizades que durassem por mais de um ano escolar. Se a época da escola já é complicada o suficiente por si só, imagine quando você vira o alvo predileto de assassinos maníacos? A repórter Gale Weathers (Courteney Cox) e o policial Dewey (David Arquette) são os únicos que conseguiram sobreviver ao lado de Sidney, formando um peculiar elo por conta da tragédia em Woodsboro.
Muita coisa mudou durante os 11 anos que separam a trilogia do quarto exemplar da série, lançado em 2011, onde temos o reencontro de Sidney, Gale e Dewey, além, claro, do serial killer Ghostface. Os personagens amadureceram, seguiram em frente com suas vidas e lidaram da melhor forma possível com seus traumas. Mas como todo reencontro que se preze, não seria a mesma coisa se um monte de assassinatos misteriosos não começassem a aterrorizar a cidade e a vida do trio mais uma vez.
Os Spocks em Star Trek (por Renato Silveira)
J.J. Abrams foi jogado para o alto pelos fãs de Jornada nas Estrelas quando revitalizou a franquia, em 2009, com Star Trek. A repaginada que ele deu na ficção-científica – que ganhou mais ação, mais cores, mais efeitos especiais e até mais sensualidade – ficou marcada por não ignorar o legado construído desde os anos 60 e, ao mesmo tempo, abrir possibilidades para que novas aventuras fossem criadas para a tripulação da Enterprise.
Além deste grande reencontro de Star Trek com o sucesso, já que os últimos filmes da Nova Geração não foram bem aceitos, o filme de J.J. Abrams ainda promove um curioso e icônico reencontro: Leonard Nimoy, o intérprete original do Sr. Spock, faz uma participação mais do que especial em uma cena em que ele encontra sua versão jovem, interpretada por Zachary Quinto – um momento chave para a continuidade da série. Nimoy, portanto, aos 79 anos na época, pôde reencontrar não apenas o universo de Star Trek, como também sua própria juventude, já que é um papel que ele interpreta desde 1966.
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