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Cinco viagens alucinógenas Clube dos Cinco

Pegando carona no podcast Viciados e Viciosos, o Clube dos Cinco relembra algumas das melhores cenas de "viagens" em filmes com personagens que ingerem algum tipo de droga. Vamos lá?

A cena da banheira, MEDO E DELÍRIO (1998), por Larissa Padron

É difícil escolher apenas uma cena de um filme que é por inteiro uma longa “viagem”. Medo e Delírio é adaptado do livro Fear and Loathing in Las Vegas: A Savage Journey to the Heart of the American Dream, no qual, baseado em suas próprias memórias, o escritor Hunter S. Thompson narra a viagem do jornalista Raoul Duke e seu advogado Dr. Gonzo à Las Vegas, regada a muito consumo de drogas.

Dirigido por Terry Gilliam (diretor que não é conhecido por fazer filmes muito “sóbrios”), o longa traz Johnny Depp no papel Raoul Duke, uma espécie de alter-ego de Thompson. Foi o próprio escritor quem escolheu Depp para o papel e lhe emprestou suas roupas e carro para que o ator entrasse no personagem.

Mas a cena escolhida se tornou tão emblemática graças a Benício Del Toro, que interpreta o Dr. Gonzo. Durante uma “bad trip”, Gonzo pede que Duke jogue o toca-fitas na banheira, para que ele seja eletrocutado ao som da música “White Rabbit”, da banda Jefferson Airplane. Confira o trecho, infelizmente, sem legendas:

A música por si só já é outra “viagem”. Sendo uma das bandas de rock mais psicodélicas que já existiu, a Jefferson Airplane descreve essa canção como uma visão meio entorpecente de Alice no País das Maravilhas Alice Através do Espelho, de Lewis Carroll. Neste vídeo, você pode ver muitos outros trechos do filme ao som de White Rabbit, na íntegra desta vez:

 

The Dude nocauteado, O GRANDE LEBOWSKI (1998), por Heitor Valadão

Sejamos francos: em sua grande maioria, cenas de "viagem" não têm muita utilidade narrativa. Alguns diretores usam para fazer piada. Outros, para fugir do formato e estilo visual do filme e ter um pouco de liberdade. E por mais que isso possa deixar alguns fãs furiosos, é nessa categoria em que se encaixa os sonhos de Jeff Bridges em O Grande Lebowski, de Ethan e Joel Coen. Não que isso desqualifique o filme, muito pelo contrário. Um roteiro esperto e bem amarrado unido à direção sempre precisa dos irmãos Coen torna o filme um grande prazer. Mas o show é Jeff Bridges, que dá vida a um personagem complicado.

Levando em conta que Jeff "The Dude" Lebowski fuma boas quantidades de maconha durante o filme, é surpreendente ver que suas verdadeiras viagens se dão quando ele é nocauteado por alguém, e não pelo uso de drogas. E não uma, mas duas vezes. Abaixo, você vê a segunda, que é mais longa e elaborada. E até mais erótica.

A primeira trata-se do Dude voando sobre Los Angeles agarrado à sua bola de boliche, tentando alcançar uma mulher (Julianne Moore) sentada em um tapete voador. Tapete este que Lebowski rouba do outro Lebowski e que está sendo levado de volta pela própria Julianne Moore. Parece confuso? Só para quem ainda não viu o filme. E se você ainda não viu, é hora de corrigir esta falha na sua cultura cinematográfica.

A Fada Verde, MOULIN ROUGE (2002), por Larissa Padron

É espantoso que em Moulin Rouge – Amor em Vermelho, o grande musical de Baz Luhrmann que retrata uma das épocas mais permissivas de Paris, não há uma cena sequer de consumo de drogas. Mas, talvez, o visual mais lúdico e ingênuo do filme não combinaria com aquela Paris.

No entanto, o filme não ficou devendo em cenas de “viagem”. Assim que chega à capital francesa, o escritor Christian, vivido por Ewan McGregor, conhece os boêmios frequentadores do Moulin Rouge, encabeçados pelo artista Toulouse-Lautrec, interpretado por John Leguizamo. Ao escrever a sua tão esperada peça de teatro, encomendada pela cortesã Satine (Nicole Kidman), por quem ele está apaixonado, Christian é apresentado a sua primeira dose de absinto.

A bebida era famosa entre os artistas da época (inclusive para o verdadeiro Toulouse-Lautrec) e era conhecida como “Fada Verde” devido a sua coloração e seus efeitos alucinógenos. E é claro que, embalados por uma das bebidas mais fortes do mundo (seu teor alcoólico já chegou a atingir os 85%), o que não faltou foram alucinações com uma verdadeira Fada Verde (interpretada pela cantora Kylie Minogue) e com muita cantoria, como em todo musical. Confira:

Renton dá um mergulho, TRAINSPOTTING (1996), por Tullio Dias

Ewan McGregor é o protagonista de Trainspotting, de Danny Boyle, adaptação do polêmico romance de Irvine Welsh sobre o mundo das drogas. Seu personagem, Renton, é um jovem escocês que se sente revoltado por ter de um país de babacas e que foi colonizado por um outro país de babacas. Quando não está reclamando da vida, Renton se encontra com seus amigos para tomar suas doses diárias de heroína. Os personagens alegam que a sensação é melhor do que qualquer orgasmo, e o vício é impiedoso e monta em cima de cada um. 

Decidido a mudar de vida, Renton toma seu último pico ("só mais uma dose") e investe na sua própria decisão de abandonar as drogas. O problema é que ele não queria que as coisas fossem muito complicadas e não hesitou em comprar supositórios para tentar lidar melhor com a eventual crise de abstinência. Com os comprimidos devidamente posicionados, Renton tem a infelicidade de ter uma pesada dor de barriga e é obrigado a parar no banheiro mais sujo da Escócia. Toda a sequência que se segue não é indicada para aqueles com estômagos sensíveis. 

Mais tarde, Renton reflete sobre sua situação: "Existe a última dose e existem as últimas doses, qual terá sido?" Um filme marcante e obrigatório para qualquer discussão sobre o tema.

Uma visita ao cemitério, EASY RIDER – SEM DESTINO (1969), por Renato Silveira

Depois de visitarem a festa carnavelesca de Mardi Gras, em Nova Orleans, Wyatt (Peter Fonda) e Billy (Dennis Hopper) levam duas garotas para um cemitério, onde o grupo ingere LSD e tem uma verdadeira bad trip. O som da música da festa se confunde aos poucos com o barulho repetitivo das máquinas industriais que trabalham ao lado do cemitério. E basta alguns segundos para que a imprevisível montagem deste clássico da contracultura transforme esta sequência na mais perturbadora “viagem” com drogas da nossa lista.

Vale notar que o efeito é obtido por Hopper (que assina a direção) apenas a partir da montagem de Donn Cambern, sem o uso de efeitos especiais de pós-produção ou CGI, que na época nem existia. 

Menção honrosa: “Hey you”, UM PARTO DE VIAGEM (2010), por Tullio Dias

Imagine Thelma e Louise, de Ridley Scott, em versão comédia e você chegará mais ou menos próximo da atmosfera hilária criada por Todd Phillips (Se Beber, Não Case!) em Um Parto de Viagem. A única diferença é que, ao contrário do filme estrelado por Susan Sarandon e Geena Davis, os dois personagens não são amigos e passam o filme inteiro se desentendendo. Pelo menos até o Pink Floyd e o remédio para glaucoma do personagem de Zach Galifianakis entrarem em cena e resultarem na melhor piada do road-movie estrelado por Robert Downey Jr.

A canção "Hey You", assim como boa parte do repertório do Pink Floyd, é lisérgica o suficiente para fazer o ouvinte "viajar" nos seus acordes, mas isso não foi o suficiente para os roteiristas da comédia, que não pensaram duas vezes e incluiram uma pequena “onda” causada pelo baseado (ou medicação) dos personagens. Sobra até para o pobre coitado do bulldogue francês que acompanha a dupla, que começa a enxergar como se estivesse na velocidade da luz da Millennium Falcon em Star Wars. Exageros a parte, a cena vale especialmente pela brincadeira básica com o legado da banda liderada por David Gilmour e Roger Waters. 

Assista aqui.

Quer relembrar mais alguma cena legal de "viagem"? Deixe seu comentário e participe da discussão!

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