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O Som do Oscar 2012 - parte 5: O HOMEM QUE MUDOU O JOGO Frame Sonoro

Divulgação

Ron Bochar, supervisor de som e mixador deste O Homem que Mudou o Jogo (Moneyball)  é um veterano que começou a se envolver com edição de som na década de 80. Já trabalhou com gente do porte de Martin Scorsese, Jonathan Demme e Milos Forman.

Confesso que a sua indicação ao último Oscar na área de som foi uma surpresa. Moneyball é muito focado em diálogos e é de um diretor que só tem três longas no currículo (além deste, Capote e o documentário The Cruise). Mas analisando detalhadamente, são vários os pontos de destaque em relação ao trabalho de pós-produção de som deste filme sobre os bastidores de um time de baseball.

As ambiências: ricas, vivas e muito bem trabalhadas. Um exemplo: uma cena simples, um diálogo entre o gerente do time (vivido por Brad Pitt) e o seu empregador. Um corriqueiro plano e contraplano, ambientado numa sala de escritório comum. Nesta simples cena, nós podemos ouvir toda uma cidade que existe fora do escritório: buzinas, tráfego e até ambulâncias. Tudo muito sutil e discreto, mas que enriquece sobremaneira a cena e nos dá indicação que a equipe de som se preocupa com detalhes. E é isso que faz toda a diferença nos filmes que tem uma boa concepção sonora.

Há uma sequência em particular onde foi feita uma transição de ambiência bastante interessante: Billy Beane está conversando com Peter Brand (personagem de Jonah Hill) numa garagem subterrânea. A ambiência é alta, grave, com sons dos carros estacionando e saindo. Esse som ambiente "invade" o primeiro plano da próxima cena, um superclose num papel datilografado com estatísticas de jogos, e vai se fundir com a música já da cena posterior, que na verdade é um flashback. Esse tipo de transição sonora é bastante rara de se ver.

Mas na área das ambiências o grande destaque são os sons das torcidas durante as partidas. Criam uma energia que complementa as vibrantes cenas dos jogos. Os sons dos alto falantes dos estádios com seus locutores também merecem destaque pela texturização e utilização de reverberação.

Na área de efeitos sonoros, o ponto alto é, sem dúvida nenhuma, o som das rebatidas dos tacos. É um som alto, seco mas adicionado de um efeito reverb que o torna único e passa toda a sensação do que é uma tacada forte numa bola de baseball.

A mixagem é muito criativa, alternando momentos de puro silêncio com o barulho ensurdecedor dos jogos. Em alguns momentos saem todos os sons (ambiências, foley e efeitos) e só fica a música. Este efeito cria uma dramaticidade ímpar à cena.

A música de Mychael Danna  é a minha preferida dos candidatos ao Oscar deste ano: sutil, bonita e muito emocional. Entra e sai nos momentos certos e não é narrativa.

E, é claro, a limpeza e qualidade dos diálogos. Em um filme fortemente baseado neles não poderia ser diferente. Até as dublagens estão muito bem "coladas" ao que foi gravado no set. 

Não deixa de ser uma grata surpresa a indicação deste filme (juntamente com Drive) nas categorias de som do Oscar deste ano. Moneyball não é necessariamente uma produção independente ou de baixo orçamento, mas o seu perfil está bem distante de blockbusters épicos-catastróficos-super-heróicos barulhentos que geralmente lideram as indicações.
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LEIA TAMBÉM sobre os demais indicados ao Oscar 2012 nas categorias de som: A Invenção de Hugo CabretDrive, Millennium: Os Homens que Não Amavam as Mulheres, Transformers: O Lado Oculto da Lua e Cavalo de Guerra.

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