Um dos fatores que separam os grandes diretores dos medíocres é que os grandes costumam preferir cortar o champanhe e caviar de sua dieta e vender a mansão em Beverly Hills para morar apenas na casa em Malibu a topar qualquer projeto chulé oferecido pelos estúdios. Este é o caso de John Milius, que fez grandes sucessos nos anos 80, além de roteirizar um dos maiores dramas de guerra de todos os tempos, Apocalypse Now. Onde um talento desses está?
John Frederick Milius nasceu em St. Louis, no estado do Missouri, em 1944. Milius sempre foi conhecido entre seus colegas como um conservador. Recusado pelo exército americano por ser asmático, voltou suas energias para o cinema ao se enamorar dos filmes de Howard Hawks, John Ford e Sam Peckinpah. Milius gosta de brincar que, como não pôde se tornar militar, voltou seu jeito enérgico para o cinema e controla seu set de filmagens como um general, tornando-se um diretor eficiente.
Depois de escrever roteiros para diversos filmes para a TV, Milius trabalhou dentro dos estúdios como script doctor (uma espécie de consultor contratado para "consertar" roteiros problemáticos) e sua grande chance veio quando fez alterações não creditadas em Perseguidor Implacável (1971), primeiro filme da franquia Dirty Harry, personagem imortalizado por Clint Eastwood. A famosa frase "Go ahead, make my day" foi criada por Milius, um ávido colecionador de armas e membro participante da NRA (Associação Nacional de Rifles). Ele retornou para a continuação Magnum 44 (1973) como roteirista principal, ao lado de Michael Cimino. O sucesso deu ao diretor a oportunidade de dirigir seu primeiro filme de estúdio: Dillinger - Inimigo Público Número 1 (1973). O filme não fez muito sucesso, mas foi elogiado pela crítica.
Logo após, Milius dirigiu O Vento e o Leão (1975), um drama de guerra com Sean Connery e Candice Bergen ambientado no Marrocos, e Big Wednesday (1978), uma comédia de surfistas na Califórnia. Nessa época, ele escreveu seu melhor roteiro: a adaptação do livro Heart of Darkness, que deu origem a Apocalypse Now (1979), de Francis Ford Coppola.
Seus filmes seguintes sem dúvida são os mais populares. Conan, O Bárbaro (1982) - que completou 30 anos de lançamento no último dia 14 de maio - catapultou Arnold Schwarzenegger para a fama. Na época, o diretor dizia que se Arnold não existisse na época, eles teriam que inventá-lo. Já Amanhecer Violento (1984) tinha um elenco de ilustres desconhecidos que se tornariam astros, como Patrick Swayze, Charlie Sheen, Lea Thompson e Jennifer Grey.
Depois de ter filmes ignorados como Farewell to the King (1989) e Intruder - Vôo Para o Inferno (1991), ignorados pela crítica e público, Milius continuou trabalhando como roteirista de grandes produções como Perigo Real e Imediato (1994) e Gerônimo - Uma Lenda Americana (1993). Seu último trabalho de destaque foi como diretor, produtor e roteirista da elogiada série Roma (2005-2007), produzida pela HBO. Já na refilmagem de Amanhecer Violento (que tem lançamento previsto para o fim de 2012, após anos em uma gaveta da MGM) ele não tem participação alguma, a não ser um crédito como roteirista do filme original.
Uma curiosidade: o maníaco personagem de John Goodman em O Grande Lebowski foi inspirado no diretor, que é grande amigo dos irmãos Coen. Pela foto acima, você pode ver que a semelhança é incrível.
Outra curiosidade: fora do cinema e da TV, Milius assinou no ano passado o roteiro do game de tiro Homefront, sobre um futuro próximo em que os Estados Unidos são ocupados por tropas das duas Coreias - basicamente, a mesma premissa de Amanhecer Violento.
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