Amigos do Cinema em Cena,
mais uma semana se passou e, embora não tenha visto tantos filmes quanto gostaria, comento brevemente sobre cada um deles logo abaixo. Em breve, abriremos um espaço para comentários logo abaixo destes posts para que possamos interagir melhor. :)
Oh Boy (Oh Boy ou A Coffee in Berlin, Alemanha, 2012)
Equilibrando-se com formidável segurança entre tons que ora remetem a Jarmusch ora a Woody Allen, o filme é um estudo de personagem que, curiosamente, desenvolve seu protagonista mais através de suas reações ao que o cerca do que propriamente através de suas ações, o que é um feito memorável. 5/5
O Silêncio (Das letzte Schweigen, Alemanha, 2010)
Claramente inspirado por Memórias de um Assassino, uma das maiores obras-primas do cinema sul-coreano, o longa desenvolve uma narrativa complexa que acompanha o impacto da tragédia central nas vidas de vários personagens, funcionando como um thriller, mas também como um drama tocante e sensível. E, com isso, impressiona por fazer jus ao trabalho que o motivou. 5/5
Entre Segredos e Mentiras (All Good Things, EUA, 2010)
Ainda mais relevante agora que Jarecki acabou fazendo uma espécie de continuação com a série documental The Jinx, esta ficcionalização da vida de Robert Durst é forte principalmente ao retratar a leveza e o carisma da primeira esposa do sujeito, vivida aqui de forma belíssima por Kirsten Dunst. Já Ryan Gosling, embora um bom ator, se prejudica relativamente ao tentar criar um personagem novo ao mesmo tempo em que busca recriar a voz e os maneirismos de Durst. De modo geral, porém, o filme merece aplausos por evitar transformar Durst em um vilão unidimensional, intrigando justamente em função do comportamento bizarro deste. 4/5
O Grande Hotel Budapeste (The Grand Budapest Hotel, EUA, 2014)
Há crítica aqui no site; só pesquisar na barra de busca logo acima. (Mas acrescento apenas que revi este filme no lindíssimo Cine São Luiz, em Pernambuco.) ;) 4/5
Last Days Here (Idem, EUA, 2011)
É preciso reconhecer a sorte que os diretores tiveram ao passarem a companhar Bob Liebling justamente no início de um período de imensas mudanças – ou talvez tenham sido eles os responsáveis por ela. Seja como for, o documentário acaba apresentando um arco dramático surpreendentemente bem estruturado para um filme que se limita a acompanhar um ex-músico quase à beira da morte em função de décadas de consumo de drogas, tornando a experiência bem mais interessante do que poderíamos julgar a princípio. 4/5
A 36ª. Câmara de Shaolin (Shao Lin san shi liu fang, Hong Kong, 1978)
Um clássico cult do cinema de Hong Kong da década de 70, é beneficiado por valores de produção incrivelmente altos para um título do gênero, revelando uma ambição que se reflete não só no bom roteiro, mas na maneira calculada com que a narrativa é desenvolvida. Pecando apenas por um clímax que soa abrupto demais em um filme que até então não demonstrara qualquer pressa em construir a história, o projeto acaba por conceber um herói ao mesmo tempo humano e de dimensões mitológicas. 4/5
A História da Eternidade (Idem, Brasil, 2015)
Misto de alegoria, drama com narrativas múltiplas e um comentário político-social construído a partir de um microcosmos fascinante, o filme conta com personagens ricos, uma fotografia belíssima, um design de produção soberbo e com momentos tão mágicos quanto duros em seu realismo – além de trazer ao menos duas cenas absolutamente inesquecíveis (ambas protagonizadas por um Irandhir Santos cada vez melhor). 4/5
Um grande abraço e bons filmes!