Love Story - Uma História de Amor (1970), de Arthur Hiller, levou milhares de românticos às filas e arrancou tantos suspiros e lágrimas (e lucros consideráveis) que o roteirista Erich Segal adaptou o drama para um romance bestseller homônimo. Relembre agora a carreira dos atores Ryan O’Neal e Ali MacGraw, que interpretam no filme o casal apaixonado mesmo com as diferenças econômicas e a resistência familiar.
Ryan O’Neal
Depois de fazer pequenas pontas ou até protagonizar séries enlatadas americanas como Os Intocáveis (1960), a breve Império (1962-1963) e A Caldeira do Diabo (1964-1969), Ryan O’Neal começou uma bem sucedida temporada, desta vez nos cinemas, em Cartada para o Inferno (1969). Após ser reconhecido em 1970 com o filme de Hiller, ele estrelou ao lado de Barbra Streisand na comédia Essa Pequena é uma Parada (1972), de Peter Bogdanovich, em que a fala mais lembrada de Love Story (“Amar é nunca ter que dizer eu sinto muito”) é dita por Streisand e rebatida pelo personagem de O’Neal (“Essa é a coisa mais estúpida que eu já ouvi”). Antes disso, o ator fez o faroeste de Blake Edwards, Os Dois Indomáveis (1971).
O’Neal apresentou ao mundo sua filha Tatum O’Neal, de seu primeiro casamento, em Lua de papel (1973), filmado em preto e branco por Bogdanovich, de quem também fez No Mundo do Cinema (1976) depois de estrelar um dos clássicos de Kubrick, Barry Lyndon (1975). O ator, então em sua melhor fase, despediu-se por alguns anos dos sucessos de bilheteria com o bélico Uma Ponte Longe Demais (1977) e Caçador de Morte (1978), sem repetir a mesma glória em A História de Oliver (1978) - sequência de Love Story - e em The Main Event (1979), de novo com Streisand.
A parceria de O’Neal com a pantera Farrah Fawcett teve mais sucesso na vida real do que nas telas. Enquanto conceberam desastres como Small Sacrifices (1989), a série Good Sports (1991), cancelada após nove episódios, e mais tarde O Homem da Casa (1995), eles namoraram, entre alguns rompimentos, desde 1979 até a morte dela em 2009.
A chegada dos anos oitenta foi o início da queda na carreira de O’Neal, que se envolveu, entre outros projetos, na aventura Inferno Verde (1981), no dramalhão Círculo de Dois Amantes (1981), em comédias como o constrangedor Amor na Medida Certa (1981), o policial Partners (1982), com John Hurt, Diferenças Irreconciliáveis (1984), um dos primeiros papéis de Drew Barrymore, além de Fever Pitch (1985), último filme e fracasso-mor do diretor Richard Brooks.
A decadência se estendeu à década seguinte, em que ele ao menos esteve acompanhado por grandes nomes como Isabella Rossellini, em A Marca do Passado (1987), Cybill Shepherd, em O Céu se Enganou (1989), Cher, em Fiel, Mas Nem Tanto (1996), Eric Idle, em Hollywood - Muito Além das Câmeras (1997) - comédia do mesmo diretor de Love Story -, Bill Pullman, em Efeito Zero (1998), e Al Pacino, em O Articulador (2002).
A situação só melhorou quando O’Neal aos poucos finalmente voltou para a TV nos seriados Miss Match (2003), com Alicia Silverstone, e Desperate Housewives (2005), até encontrar um lugar seguro em Bones (2006-2014). O ator está creditado no próximo filme de Terrence Malick, Knight of Cups (2015).
Ali MacGraw
Quando a novaiorquina Ali MacGraw tornou-se atriz, quase na casa dos 30, já tinha sido garçonete, decoradora, fotógrafa e modelo. Depois de um papel pequeno em Entre o Desejo e a Morte (1968), com Kirk Douglas, ela ganhou o Globo de Ouro de atriz novata mais promissora por Paixão de Primavera (1969). Mas o auge viria em Love Story, filme que garantiu a ela o Globo de Ouro de Melhor Atriz, além da nomeação ao Oscar na mesma categoria.
Durante as gravações de Os Implacáveis (1972), de Sam Peckinpah, MacGraw se divorciou de Robert Evans para casar com o colega de elenco Steve McQueen. Por conta dessa paixão ela perdeu dois significativos papéis principais que o ex-marido produtor havia pensado para ela: Evelyn, em Chinatown (1974), e Daisy, em O Grande Gatsby (1974). Seis anos depois, enquanto rodava Comboio (1978), outro filme de ação de Sam Peckinpah, MacGraw e McQueen se divorciaram. O astro morreu de câncer em 1980.
Após o esportivo Amor em Jogo (1979), de Anthony Harvey, e Diga-me o que Você Quer (1980), de Sidney Lumet, as participações cinematográficas de MacGraw se restringiram ao suspense Murder Elite (1985), um papel pequeno em Natural Causes (1994) e Glam - Roteiro de uma Obsessão (1997), dirigido por seu filho Josh Evans. A atriz também realizou alguns trabalhos na TV como The Winds of War (1983), com Robert Mitchum, e Dinastia (1985).
No início dos anos 90, MacGraw publicou sua autobiografia Adeus Love Story, em que relata seus problemas com álcool e outras dependências. Nessa época, devota à prática de yoga, ela produziu o vídeo Ali MacGraw: Yoga Mind & Body (1994). Sempre desafiando as convenções de idade, em 2006, Ali estrelou sua primeira peça da Broadway, Festen. No final do ano passado, aos 75 anos, em uma de suas conversas no programa da Oprah, ela assumiu sem pudores o passar dos anos em seus cabelos brancos.
Menções honrosas
Ele não está nada sumido, mas é bom lembrar que Love Story foi o primeiro filme de Tommy Lee Jones. O elenco do romance traz ainda Ray Milland, vencedor do Oscar pela memorável atuação em Farrapo Humano (1945), de Billy Wilder, e presença marcante em grandes filmes como Levanta-te, Meu Amor! (1940), com Claudette Colbert, e Disque M para Matar (1954), de Hitchcock. Milland faleceu de câncer em 1986.
Love Letters
Mais de quatro décadas se passaram desde Love Story, e agora Ryan O’Neal e Ali MacGraw serão unidos novamente pelo amor no espetáculo teatral Love Letters, previsto para julho deste ano, nos Estados Unidos.