Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
23/06/2011 | 01/01/1970 | 2 / 5 | / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
79 minuto(s) |
Dirigido por Gustavo Hernández. Com: Florencia Colucci, Gustavo Alonso, Abel Tripaldi, María Salazar.
Uma espécie de mistura entre A Bruxa de Blair e Arca Russa, este longa uruguaio acompanha cerca de 80 minutos da vida de uma jovem (Colucci) que, ao lado do pai, vai passar a noite em uma casa abandonada no meio do nada e acaba testemunhando ocorrências assustadoras. Divulgado como tendo sido rodado em um único plano-seqüência, o filme na realidade se divide em pelo menos dois: um de 56 e outro de 22 minutos, o que não torna o feito menos admirável.
Por outro lado, o que depõe, sim, contra o projeto é seu péssimo roteiro. Supostamente baseado em fatos reais (algo que a própria narrativa se encarrega de expor como – no mínimo – um exagero), La Casa Muda cria personagens que tomam atitudes inexplicáveis e que, apesar de contar com poucos diálogos, se torna constrangedor a cada pavorosa fala dita por alguém. Arrastando-se em diversos momentos, o filme parece acreditar que seu feito técnico é o suficiente para justificar sua existência, o que, claro, está longe de ser verdade.
Ainda assim, é preciso admirar o impecável trabalho de câmera do também diretor de fotografia Pedro Luque: desde o princípio da projeção, ele se preocupa em conceber quadros elegantes mesmo sem poder jamais estacionar o equipamento – e um bom exemplo pode ser observado quando a protagonista surge no canto esquerdo do plano enquanto a câmera enfoca uma coluna e uma lâmpada à direita, estabelecendo um bem-vindo equilíbrio. Da mesma maneira, a mise-en-scène se mostra cuidadosa com os detalhes, como no instante em que Laura (Colucci) entra em um carro e outros dois personagens surgem de forma natural no espelho retrovisor. Para completar, Luque exibe competência técnica suficiente para executar até mesmo alguns rack focus em vários instantes, o que, considerando o já imenso número de movimentos que foi obrigado a preparar, é algo digno de nota.
Sem jamais perder a qualidade da imagem apesar da pouca iluminação (o que, aliás, comprova o avanço do digital), o filme ainda traz um ótimo trabalho de design de som – algo fundamental para construir a tensão de maneira orgânica, embora, de modo geral, o projeto peque por exagerar na utilização da trilha sonora clichê, que, como se não bastasse, ainda arruína vários sustos por antecipá-los através de deixas óbvias na orquestração. Além disso, La Casa Muda se equivoca também ao dar início aos acontecimentos “sobrenaturais” de forma excessivamente rápida, jamais se preocupando em estabelecer um clima sombrio antes de mergulhar na história.
Arruinando-se de vez em seu ato final, que escancara de vez as trapaças narrativas do projeto (deixando ilógico, além de tudo), o filme até consegue criar um ou outro momento memorável, mas, de modo geral, é tristemente medíocre, jamais fazendo jus ao preciosismo técnico com que foi concebido.
Observação: a companhia produtora do longa foi batizada de “Elle Drive”, o nome da personagem de Daryl Hannah em Kill Bill.
Observação: esta crítica foi originalmente publicada como parte da cobertura do Festival do Rio 2010.
02 de Outubro de 2010
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