Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
18/11/2011 | 01/01/1970 | 5 / 5 | / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
95 minuto(s) |
Dirigido por Xavier Dolan. Com: Xavier Dolan, Niels Schneider, Monia Chokri, Anne Dorval, Louis Garrel.
Em novembro de 2009, ao escrever sobre Eu Matei Minha Mãe durante a Mostra de São Paulo, comentei que seu jovem diretor, Xavier Dolan, era digno de inveja, já que aos 24 anos havia estreado como cineasta em um filme que demonstrava não só um imenso talento, mas também seu carisma como ator – o que, somado ao fato de ser um rapaz inegavelmente bonito, parecia transformá-lo num pacote completo. Pois depois de assistir a este seu segundo longa, Amores Imaginários, sou obrigado a fazer uma correção: a inveja que devemos sentir de Dolan é ainda maior do que eu supus inicialmente, já que o canadense nasceu em 1989, tendo estreado como cineasta não aos 24 anos, mas aos 20 – e agora, aos 21, confirma a promessa daquele trabalho ao comandar mais um filme que exibe sua imensa e precoce segurança como realizador. Não me resta alternativa, portanto, a não ser repetir: canalha.
Mais uma vez partindo de seu próprio roteiro (sim, o moleque escreve também), Dolan se concentra nos amigos Marie (Chokri) e Francis (Dolan em mais uma função), que, certo dia, se encantam pelo belo Nicolas (Schneider). Determinados a conquistá-lo, eles desenvolvem uma rivalidade que cresce exponencialmente enquanto mantêm uma visão idealizada do rapaz – e eventualmente buscam até mesmo encarnar versões de astros que este parece admirar: Audrey Hepburn e Marlon Brando.
Brincando aqui com a possibilidade de se apresentar como uma espécie de Almodóvar Júnior, Xavier Dolan investe numa paleta de cores básicas e fortes, chegando a flertar com o kitsch, mas sem se entregar completamente a este. Da mesma forma, experimenta com formatos narrativos diferentes ao apostar em vinhetas que seguem uma estrutura de falso documentário ao trazerem “depoimentos” de pessoas que vivenciaram algum tipo de frustração amorosa (aliás, o único grande tropeço do jovem cineasta reside nos zooms artificiais que emprega nestas seqüências com o objetivo de ressaltar o caráter documental). Além disso, Dolan acerta em cheio ao criar uma divertida rima musical através da canção “Bang Bang (My Baby Shot Me Down)” e ao empregar elegantes planos em câmera lenta que ressaltam a atração do casal principal por Nicolas e os esforços que fazem para seduzi-lo.
Explorando com surpreendente maturidade a natureza idealizada (e idealizadora) da paixão, Dolan (que, lembro mais uma vez, tem apenas 21 anos de idade) ilustra esta característica praticamente inerente a este sentimento ao relatar, por exemplo, o contraste da visão de duas pessoas com relação ao mesmo encontro romântico: enquanto um dos envolvidos enxergava-o como sendo algo prosaico, o outro via pura mágica naquela noite. Isto, aliás, se reflete nos interlúdios sexuais retratados pelo diretor, que trazem Marie e Francis se entregando a outros parceiros enquanto tentam esquecer Nicolas – e mesmo que tratem seus companheiros de cama com frieza ou mesmo agressividade, logo voltam a se entregar às suas carícias, já que o contato físico oferecido por alguém falho mas real acaba se revelando uma opção nada ruim diante do sexo idealizado mas (por isso mesmo) imaginário.
Com um plano final que, apenas por sua ironia, vale todo o filme, Amores Imaginários parece ser a prova inquestionável de que Xavier Dolan é um nome que ainda trará muitas alegrias reais para os fãs do bom cinema.
Observação: esta crítica foi originalmente publicada como parte da cobertura do Festival do Rio 2010.
27 de Setembro de 2010
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