Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
06/04/2012 | 01/01/1970 | 4 / 5 | / 5 |
Distribuidora | |||
Filmes do Estação | |||
Duração do filme | |||
84 minuto(s) |
Dirigido por Matías Bize. Com: Santiago Cabrera, Blanca Lewin, Antonia Zegers, Victor Montero, Sebastián Layseca, María Gracia Omegna.
Embora jamais parem de nadar, os peixes aprisionados em um aquário tampouco chegam a algum lugar por mais que movam suas barbatanas. Isto descreve perfeitamente a vida de Andrés (Cabrera), que, dedicando sua vida a escrever guias de viagens, é obrigado a pensar sempre como turista, mantendo-se em movimento constante e jamais se fixando em algum ponto que possa chamar de lar.
Ausente de sua cidade natal por dez anos, ele finalmente retorna para finalizar a venda dos imóveis herdados dos pais, aproveitando a viagem para rever os velhos amigos de infância. Prestes a embarcar de volta à Europa, ele dá uma passada na casa de um destes companheiros, que está comemorando aniversário, e acaba reencontrando uma antiga namorada da juventude, que, agora mãe de gêmeas, permanece sendo o único amor que experimentou na vida.
Mais uma vez construindo sua narrativa a partir de eventos concentrados em um curto espaço de tempo, o cineasta chileno Matías Bize transforma A Vida dos Peixes em um curioso exemplar do gênero road movie, já que a estrada percorrida por Andrés encontra-se, de certa maneira, toda localizada no interior de uma casa – e cada aposento percorrido leva o sujeito a encontrar alguém de seu passado e a mergulhar em memórias e traumas antigos. Melancólico do início ao fim, o filme é beneficiado por uma trilha incidental evocativa e também pelos diálogos adultos que refletem com propriedade as discussões e dúvidas de pessoas que já atingiram certo nível de maturidade.
E se digo “certo nível” é porque a exceção fica, em parte, por conta do protagonista, que – como bem apontado por sua ex-namorada – parece não perceber que seus velhos conhecidos levaram suas vidas adiante enquanto ele, por permanecer sempre em movimento, paradoxalmente estacionou em um determinado ponto de sua existência, prendendo-se a um passado que nem sempre se preocupa em considerar as consequências de decisões impulsivas.
Estudo de personagem sensível e até mesmo doce em certos instantes, A Vida dos Peixes é um longa que comprova a maturidade crescente de seu ainda jovem diretor, o que é sempre algo prazeroso de se constatar. .
Observação: esta crítica foi originalmente publicada como parte da cobertura do Festival do Rio de 2010 – daí seu tamanho reduzido.
27 de Setembro de 2010