Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
30/03/2012 | 01/01/1970 | 2 / 5 | / 5 |
Distribuidora | |||
Vinny Filmes | |||
Duração do filme | |||
104 minuto(s) |
Dirigido por Julia Leigh. Com: Emily Browning, Rachael Blake, Ewen Leslie, Peter Carroll, Chris Haywood.
Emily Browning é linda – e se a atriz já havia se apresentado como uma pequena tentação em Sucker Punch, no qual surgia de lingerie e como encarnação de diversas fantasias eróticas do diretor Zack Snyder, aqui ela não deixa nada entregue à nossa imaginação e surge completamente nua em praticamente toda a projeção. No entanto, se por um lado agradeço à diretora estreante Julia Leigh por me proporcionar esta bela visão, por outro confesso que a nudez gratuita não é algo que me satisfaça totalmente, embora seja exatamente isto que o filme tem a oferecer.
Com roteiro também escrito por Leigh, Beleza Adormecida nos apresenta a Lucy (Browning), uma jovem que não vê problema em se entregar a um homem baseado no resultado de um jogo de cara ou coroa e que, sempre precisando de dinheiro, é obrigada até mesmo a usar de pequenas artimanhas para entrar de graça no metrô. É então que conhece Clara (Blake), uma mulher elegante que lhe propõe um trabalho curioso: atuar como garçonete em jantares da alta sociedade usando apenas lingerie – e não demora muito até que a moça seja “promovida” e ganhe a chance de lucrar pequenas fortunas ao aceitar ser drogada para que homens ricos possam usar seu corpo inerte para suas fantasias particulares.
No entanto, seria um engano julgar que Lucy aceita todas aquelas propostas em função de alguma necessidade financeira: embora devendo o aluguel, a garota não é miserável e conta com amigos que poderiam ajudá-la. O que a move, portanto, é um sutil (ou nem tanto) desejo de autodestruição, já que ela não hesita em se entregar a atividades potencialmente perigosas e chega mesmo a queimar parte do dinheiro que recebe apenas para ver a nota em chamas – uma ação de sabotagem voltada contra si mesma e que representa apenas uma entre tantas outras atitudes similares.
Porém, a questão é: por que Lucy age desta maneira? O que a move? Aliás, quem é esta garota? Aparentemente se divertindo ao manter a protagonista como um enigma completo, o filme reflete este interesse até mesmo na atuação de Emily Browning, que surge inexpressiva (propositalmente, suponho, já que aqui e ali, quando necessário, exibe alguma emoção) e distante até mesmo em função dos quadros sempre abertos da diretora. Da mesma forma, os homens que pagam para usá-la (mas sem penetração, como exige Clara) parecem movidos por desejos e frustrações particulares que ganham expressão através de ações absurdas ou monólogos não muito esclarecedores – o que indica que a diretora/roteirista tem um desinteresse crônico a respeito dos próprios personagens.
Surgindo no máximo como uma metáfora juvenil para uma insatisfação persistente diante das convenções da sociedade, Beleza Adormecida é um filme tolo, pretensioso e vazio que só não merece ser descartado por completo em função da beleza inexpressiva de sua protagonista.
Observação: esta crítica foi originalmente publicada como parte da cobertura do Festival do Rio de 2011.
15 de Outubro de 2011