Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
22/02/2013 | 01/01/1970 | 2 / 5 | / 5 |
Distribuidora | |||
Paris Filmes | |||
Duração do filme | |||
94 minuto(s) |
Dirigido por Stephen Frears. Com: Rebecca Hall, Bruce Willis, Catherine Zeta-Jones, Joshua Jackson, Vince Vaughn, Laura Prepon, Joel Murray, Frank Grillo, John Carroll Lynch.
Stephen Frears é um diretor competente demais para dirigir uma bobagem como este O Dobro Ou Nada. Como é possível que o responsável por obras complexas como Os Imorais, Ligações Perigosas e Coisas Belas e Sujas e também por comédias e estudos de personagem eficazes como Alta Fidelidade, A Rainha e Sra. Henderson Apresenta subitamente decida realizar um longa que, apaixonado por sua galeria de personagens, jamais parece perceber que não há uma história ou mesmo um tema que justifique o tempo investido nestes?
Inspirado na autobiografia de Beth Raymer, o primeiro roteiro de D.V. DeVincentis parece indicar que o sujeito representou um peso morto para seus colegas co-roteiristas de Matador em Conflito e Alta Fidelidade, já que não se mostra capaz nem mesmo de conceber uma estrutura básica ou mesmo um conflito que mova a história. (Aliás, é difícil enxergar até mesmo os atos da trama.) Assim, depois de apresentar rapidamente a protagonista (Hall), uma stripper que se encontra cansada de seu cotidiano arriscado, O Dobro Ou Nada a transporta até Las Vegas, onde a moça pretende construir uma carreira como garçonete nos cassinos. Lá, contudo, ela conhece o apostador profissional Dink (Willis), que ganha dinheiro fazendo dezenas de apostas simultâneas em todo tipo de jogo, manipulando as probabilidades das casas de apostas espalhadas por todo o mundo. Por alguma razão, ele decide que Beth será uma adição útil ao seu negócio, o que inspira ciúmes em sua esposa Tulip (Zeta-Jones). Eventualmente envolvendo-se com o jornalista Jeremy (Jackson), a garota decide trabalhar para o irresponsável Rosie (Vaughn), o que talvez a coloque sob a mira do FBI.
Resumida a trama, o fato é que O Dobro Ou Nada não tem ideia do tipo de filme que pretende ser: a ideia é retratar o mundo das apostas profissionais? Ou é a de estabelecer a evolução de Beth como pessoa, saltando de uma profissão que considera degradante a outra na qual tem controle absoluto sobre tudo? E onde a relação entre Dink e Tulip entraria nesta equação? Ou mesmo a relação entre Beth e Jeremy, que parece surgir de um mero interesse sexual e pouco convence como algo mais do que isso, mesmo que as palavras certas saiam da boca da moça?
Falhando até mesmo em explicar por que Beth é vista com tanto interesse por Dink (“Eu sou boa com números” parece ser a única justificativa, embora jamais a vejamos realmente operando-os de maneira significativa), o longa demonstra falta de coesão até mesmo no tom das atuações: enquanto Joshua Jackson e Bruce Willis apostam em abordagens contidas, tendendo ao realismo, Catherine Zeta-Jones e Vince Vaughn partem para a caricatura descarada, ao passo que Rebecca Hall se posiciona entre os dois extremos, oferecendo uma bela atuação mesmo que sua personagem jamais se torne complexa ou envolvente como o filme pretende.
Sem oferecer conflitos reais que movam a trama e sem parecer ter ideia do gênero no qual deseja investir, O Dobro Ou Nada se apresenta no máximo como um passatempo tolo e esquecível. Algo que não poderíamos esperar de seu experiente diretor.
10 de Outubro de 2012
Crítica originalmente publicada como parte da cobertura do Festival do Rio 2012.