Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
29/05/2014 | 01/01/1970 | 3 / 5 | / 5 |
Distribuidora | |||
Esfera e Vitrine Filmes | |||
Duração do filme | |||
127 minuto(s) |
Dirigido por Andrzej Wajda. Com: Robert Wieckiewicz, Agnieszka Grochowska, Zhigniew Zamachowski, Cezary Kosinski, Maria Rosaria Omaggio.
Terceira parte da trilogia cujos dois primeiros capítulos foram realizados pelo cineasta Andrzej Wajda ainda na década de 80 e narravam a trajetória do Solidariedade, movimento encabeçado por Lech Walesa desde a década anterior e que resultaria na sua surpreendente eleição para a presidência da Polônia (além de seu reconhecimento através do Prêmio Nobel da Paz), Walesa é uma cinebiografia abrangente que consegue a proeza de acompanhar quase vinte anos da vida de seu personagem-título sem, com isso, soar episódico ou confuso. Não é tampouco um filme particularmente envolvente ou dramaticamente intenso (embora tente sê-lo), mas cumpre bem o papel de retratar a vida de uma das figuras mais importantes da política internacional do final do século passado.
Mais uma vez trazendo a figura de um jornalista como âncora da narrativa (embora, aqui, o longa evite a reflexão metalinguística de seus antecessores), o roteiro de Janusz Glowacki usa, como base de sua estrutura, a entrevista feita por Oriana Fallaci (vivida por Omaggio) com Walesa, utilizando a conversa como âncora para os saltos temporais na história do político. Assim, de líder trabalhista envolvido na trágica greve de 1970 até suas prisões por um governo ditado pelos interesses soviéticos, o filme acompanha sua ascensão e também seu relacionamento com a esposa Danuta (Grochowska), com quem teria nada menos do que oito filhos.
Católicos fervorosos (e, claro, orgulhosos por verem um papa polonês no Vaticano), os Walesa surgem aqui como pessoas humildes e calorosas – e Lech, em particular, parece dever mais de sua popularidade como líder ao seu carisma do que ao seu preparo para a posição ou mesmo às suas ambições políticas. Interpretado com competência por Robert Wieckiewicz, ele é estabelecido pelo longa como um homem bem-humorado e afetuoso com a família – mas é notável que Wajda jamais tente realizar uma hagiografia, retratando as fraquezas do personagem e também os pontos menos nobres de sua vida (como o fato de ter assinado, sob pressão e ameaça de tortura, um papel concordando em se tornar informante da polícia ao ser preso em 1970, algo que se tornaria fonte de embaraço constante).
Empregando imagens de arquivos que são combinadas com outras, filmadas para o longa em uma fotografia preto-e-branca e granulada para simular registros da época, Walesa traz uma curiosa trilha incidental cujas letras de temática óbvia (sobre liberdade, coragem, etc) se estabelecem quase como interlúdios improváveis – mais ainda assim eficazes – que ajudam a montagem a realizar de maneira mais fluida os saltos cronológicos.
Por outro lado, os episódios retratados ao longo da projeção acabam se tornando repetitivos de certa maneira e, para piorar, as sequências envolvendo a entrevista se tornam aborrecidas e artificiais. Com isso, o filme acaba se revelando uma aulinha de História burocrática, mesmo que seu protagonista se mostre tão importante.
2 de Outubro de 2013
Observação: texto originalmente publicado como parte da cobertura do Festival do Rio de 2013 – daí sua relativa brevidade.