Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
02/04/2010 | 01/01/1970 | 5 / 5 | / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
100 minuto(s) |
Dirigido por Sergei Dvortsevoy. Com: Ashkat Kuchencherekov, Ondasyn Besikbasov, Samal Esljamova, Bereke Turganbayev, Tulepbergen Baisakalov.
Tulpan, candidato do Cazaquistão ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2009, é uma obra absolutamente mágica: honrando a tradição iniciada por Nanook do Norte, de Robert J. Flaherty, em 1922, o longa reside num território não muito bem definido entre o documentário e a ficção ao acompanhar a história de Asa, que, sonhando em ser pastor de ovelhas nas vastas planícies de seu país, busca uma esposa, já que o casamento é um pré-requisito de seu patrão. Porém, quando a única jovem disponível na região (a Tulpan do título) alega que suas orelhas são grandes demais e o rejeita, Asa tenta encontrar outras maneiras de convencê-la a aceitá-lo.
Investindo em longos planos contemplativos que acompanham os personagens em seu cotidiano, o filme encanta justamente pelo carisma do elenco composto, em sua grande parte, por não-profissionais: a alegria de Asa ao apontar a “beleza” do mundo à sua volta (na realidade, uma região seca e sem vida), por exemplo, ilustra não só seu otimismo e sua natureza sonhadora como também sua falta de perspectivas – ao passo que seu cunhado Ondas, embora inicialmente visto como um sujeito bruto e antipático, eventualmente ganha contornos admiráveis à medida que percebemos sua dedicação ao bem-estar da família através do árduo trabalho que desempenha todo dia (algo salientado por seu desespero em tentar reviver um filhote morto).
Aliás, o mergulho do diretor Sergei Dvortsevoy no universo daquelas pessoas é notável, já que sua câmera parece sempre presente no lugar certo e na hora certa, como ao capturar um redemoinho de vento a alguns metros do lugar
É importante salientar, neste sentido, que Tulpan jamais nos deixa perceber onde termina a ficção e começa o documentário (e vice-versa): além dos atores interpretarem personagens com seus próprios nomes, a maneira com que se comportam em suas funções (como o já citado boca-a-boca feito por Ondas em um filhote) parecem indicar um realismo inquestionável – e, ainda assim, é inegável que a atriz Samal Esljamova derrama algumas lágrimas num momento precisamente marcado para permitir que a câmera capture sua angústia. Por outro lado, não haveria como o cineasta marcar os movimentos de uma tartaruga e de um carneiro nos instantes exatos em que estes acontecem, durante a projeção, o que indica um forte (e bem-vindo) componente de acaso na produção.
Trazendo um belíssimo plano
Na realidade, um dos melhores – se não o melhor - do ano.
22 de Outubro de 2008
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