Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
18/03/2011 | 01/01/1970 | 2 / 5 | / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
116 minuto(s) |
Dirigido por Jonathan Liebesman. Com: Aaron Eckhart, Michael Peña, Michelle Rodriguez, Cory Hardrict, Ramon Rodriguez, Gino Anthony Pesi, James Hiroyuki Liao, Noel Fisher, Adetokumboh M’Cormack, Bryce Cass, Ne-Yo, Bridget Moynahan.
Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles é um filme de macho – e se fosse espremido e engarrafado, resultaria num perfume batizado como Le Phallus. Já como ficção científica ou mesmo longa de ação, é uma obra medíocre que funciona mais como vídeo de recrutamento para o exército norte-americano do que como entretenimento minimamente inteligente.
Escrito (e aqui uso a palavra sem saber se é a melhor) por Christopher Bertolini, o filme já lança o espectador no meio da batalha-título em seu minuto inicial, quando vemos os personagens ansiosos afirmando que “não podemos perder Los Angeles!” – uma introdução que logo cede lugar a um flashback que revelará como a história chegou ali. Esta estrutura, aliás, não tem propósito narrativo algum a não ser o de dizer para o público: “Ei! Olhem que legal: vamos ter explosões e alienígenas! Bacana, né? Então agüentem um pouco enquanto gastamos alguns minutos de chatice para apresentar os personagens!”. Pena que a tal apresentação não passe de um amontoado de clichês como o do herói com um trauma obscuro no passado; o do coadjuvante cuja esposa está grávida; e o do rapaz que é enviado para a guerra ao encontrar-se prestes a se casar com a mulher de sua vida. Faltaram apenas as crianças em perigo.
Ops – o filme também conta com elas. E também com o sujeito prestes a se aposentar que é convocado para uma “última missão” e, claro, com o surgimento absurdo de um interesse romântico implausível em meio ao caos da batalha. Além disso, ao conceber seus diálogos, Bertolini surge como o anti-David Mamet, basicamente investindo em falas que se resumem a ordens ou avisos (“Disparem!”, “Cuidado!”, “Destruam este filme!” – perdão, esta última foi de minha autoria) ou então que evocam todos os lugares-comuns do gênero (“Eu não vou deixá-lo aqui!”). Como se não bastasse, o roteirista substitui a idéia de trama ou mesmo de atos por simples metas, estruturando a narrativa em torno de missões: inicialmente, os heróis devem resgatar civis antes que uma bomba seja jogada na cidade; posteriormente, devem chegar a determinado ponto antes que os helicópteros de resgate partam; mais tarde, devem manter um laser ativado até que mísseis cheguem e assim por diante. Enquanto tudo isto ocorre, a dinâmica do longa se resume a mostrá-los sendo atacados pelos alienígenas e se escondendo em algum edifício, saindo posteriormente apenas para serem novamente atacados e se refugiarem em outro prédio. Por quase duas horas.
Mas talvez seja uma benção que o roteiro de Bertolini seja tão ruim, já que ao menos não oferece a oportunidade ao diretor Jonathan Liebesman de estragar um texto bom – algo que ele certamente faria. Aparentemente determinado a estabelecer a urgência da situação e a confusão da batalha através da estratégia de jamais permitir que o espectador compreenda o que está vendo, o sujeito (eu ia usar a palavra “cineasta”, mas não tive coragem) move sua câmera como se sofresse de Parkinson avançado, enquanto o montador Christian Wagner, influenciado por suas parcerias com Tony Scott e Michael Bay, parece tentar bater o recorde mundial de cortes por segundo. Assim, quando um personagem é quase atingido por um projétil disparado por um alienígena e pergunta “de onde veio isso?”, não é difícil imaginar o próprio diretor sacudindo a cabeça e respondendo: “Não faço a menor idéia”.
Contando com os alienígenas mais sem graça de toda a galáxia – e que, graças ao design de som sem imaginação, emitem ruídos que oscilam entre o mecânico e o animalesco -, Invasão do Mundo ainda traz uma destas trilhas que parecem celebrar o machismo e o patriotismo de seus heróis descerebrados (e que deve ter sido composta por Brian Tyler enquanto este se masturbava enrolado na bandeira dos Estados Unidos). Da mesma maneira, todos os personagens parecem suar testosterona, desde Aaron Eckhart até Michelle Rodriguez, que a esta altura já deve saber que sua participação em projetos que a trazem como mulheres duronas virou uma espécie de piada interna destas produções. Ainda assim, minha figura favorita em Batalha de Los Angeles é aquela interpretada por Bridget Moynahan, que, ao ver o protagonista dissecando o cadáver de um alienígena para descobrir seu ponto fraco, afirma sem qualquer indício de ironia: “Talvez eu possa ajudar; sou veterinária” – algo que faz tanto sentido quanto dizer “Eu posso dirigir um filme; meu nome é Jonathan Liebesman” (que é, creio, como ele conseguiu o emprego neste projeto).
Seja como for, há algo de empolgante na estúpida virilidade de Invasão do Mundo; uma espécie de frescor que surge do fato de percebermos que ninguém ali faz a menor idéia de como se fazer um filme e que torna a experiência menos torturante do que poderíamos esperar.
E não ficarei espantado caso as mulheres que se arrisquem a ir conferir esta produção saiam do cinema grávidas; Batalha de Los Angeles é macho o bastante para fertilizá-las no grito.
18 de Março de 2011
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