Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
29/02/2008 | 01/01/1970 | 2 / 5 | / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
86 minuto(s) |
Dirigido por Lucia Puenzo. Com: Inês Efron, Ricardo Darín, Valeria Bertuccelli, Germán Palácios, Carolina Pelleritti, Martín Piroyansky, César Troncoso.
Representante argentino na corrida pelo Oscar de Filme Estrangeiro em 2008, XXY aborda um tema delicado e complexo ao girar em torno de Alex, um adolescente hermafrodita que, aos 15 anos de idade, ainda não se definiu como homem ou mulher, já que seus pais não permitiram que, ainda bebê, os médicos realizassem a cirurgia para a retirada do pênis e dos testículos. Condenada a tomar corticóides que inibam o crescimento de barba (e aqui uso o verbo no feminino por reconhecer que, ao menos aparentemente, Alex é mulher), ela vive afastada de todos, num estado de eterna fuga que começou quando seus pais (Darín e Bertuccelli) se mudaram para uma pequena cidade para evitar a atenção que a filha certamente despertaria em todos.
Biólogo marinho (numa ironia narrativa apropriada, ele é visto determinando o sexo de um animal logo no início da projeção), Kraken é vivido pelo excelente Ricardo Darín como um homem determinado a fazer o que é certo para que a filha seja feliz – mas que, ao mesmo tempo, não tem a menor idéia do que seria o “certo” nesta situação. Para complicar, Alex (interpretada pela ótima Inês Efron com a expressão sempre fechada e na defensiva) parece mais interessada em explorar os prazeres despertados por seu pênis, o que talvez indique que, apesar de criada como mulher, uma mudança talvez se torne necessária no futuro – e, mais uma vez, Kraken é obrigado a ajustar suas perspectivas de acordo.
Infelizmente, apesar do belo trabalho dos atores, XXY é uma obra decepcionante por seguir o exemplo de seus personagens ao se recusar a discutir a questão de uma forma mais aberta. É compreensível que Alex (até seu nome é ambíguo) não se sinta confortável ao debater o assunto e que seu pai tampouco insista na questão, mas, como narrativa, o longa se boicota ao apresentar um tema fascinante que é relegado ao silêncio de todos na tela. Aliás, até mesmo no raro momento
Enquanto isso, a diretora estreante Lucia Puenzo (sim, filha de Luis Puenzo) cria alguns bons momentos como ao enfocar Alex diante do espelho, nua e parcialmente coberta por uma sombra que engole justamente a origem de seus conflitos internos e externos. Por outro lado, o plano no qual a mãe da garota surge cortando de forma sugestiva uma cenoura é de um mau gosto tremendo, funcionando quase como uma piada sem graça.
Desperdiçando o rico tema, XXY parece terminar como começou: com os personagens negando-se a discutir o que quer que seja e mantendo Alex (ou, como ela escreve através do anagrama “Alex exala”, Alexa) numa indefinição completa de sua própria natureza. Um final em aberto que, ao invés de enriquecer a narrativa ao honrar sua complexidade, soa mais como uma incapacidade do próprio filme em encontrar algo relevante a dizer.
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