Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
05/12/2008 | 01/01/1970 | 2 / 5 | / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
108 minuto(s) |
Dirigido por Marcel Langenegger. Com: Ewan McGregor, Hugh Jackman, Michelle Williams, Natasha Henstridge, Maggie Q, Lisa Gay Hamilton, Charlotte Rampling.
Jonathan McQuarry (McGregor) é um auditor metódico e certinho (duas vantagens em sua profissão) que, certa noite, ao trabalhar em uma grande empresa, conhece Wyatt Bose (Jackman), um executivo arrogante e confiante (duas vantagens em sua profissão) que, depois de puxar papo descompromissadamente, divide um baseado com o rapaz enquanto trocam confidências, tornando-se amigos. Porém, quando trocam seus celulares por engano, Jonathan passa a receber ligações de um clube secreto através do qual altos executivos sem tempo para relacionamentos sérios marcam encontros para sexo sem complicação. Apaixonando-se por uma garota que conhece através deste esquema, o auditor se apavora ao descobrir que ela desapareceu – o que o envolve numa trama de traições, sedução e...
... parei. Se a frase anterior parece ter saído de um thriller softcore barato, é porque A Lista é exatamente isso: um sub-Jade (e quem se lembra daquele longa dirigido por William Friedkin sabe o que ser um “sub-Jade” significa) que teria sido lançado diretamente no Cine Privê da Band caso não contasse com um elenco tão célebre. Aliás, somente um desejo trash de aparecer num filme que poderia ser chamado de Executivos do Sexo seria capaz de explicar o envolvimento de figuras como Jackman, McGregor, Williams e Rampling (já Natasha Henstridge nasceu para isso, estreando no Cinema justamente
Escrito por Mark Bomback (seu sobrenome, vejam, já inclui a descrição do filme – uma piada óbvia que também usei ao escrever sobre seu O Enviado, provando que falta de originalidade é algo contagioso) e dirigido pelo estreante Marcel Langenegger, A Lista é previsível do início ao fim: já de cara, o espectador é levado a se perguntar por que um sujeito sofisticado e bem sucedido como Wyatt demonstraria tamanho interesse por uma criatura entediante como Jonathan – e a única resposta possível é, também, o centro da trama (e para se assegurar de que o público desvendaria o filme já em seus primeiros minutos, o roteirista ainda o batizou, no original, de Trapaça. Aliás, eu não me surpreenderia caso os outros títulos descartados incluíssem O Executivo que se Fingiu de Amigo, A Falsa Mocinha e Uau, Todos Mentiram pra Mim!).
Interpretando um personagem cuja estupidez é fundamental para que o filme aconteça, Ewan McGregor reage com surpresa diante de todas as óbvias revelações que surgem em seu caminho, sempre permitindo que o espectador se mantenha duzentos quilômetros à sua frente – algo nada promissor para um suspense. Imbecil a ponto de confessar aos seus superiores, sem qualquer motivo para fazê-lo, ter fumado maconha na sala de reuniões do cliente, Jonathan exibe um Q.I. inferior a 50 na maior parte da projeção, revelando-se o irmão mais burro de Forrest Gump – e mesmo quando finalmente parece agir com alguma inteligência, no terceiro ato do filme, logo volta à imbecilidade habitual ao se colocar novamente à mercê de seus inimigos. Enquanto isso, o maior acerto na composição de Hugh Jackman diz respeito à sua estatura, já que, bem mais alto que McGregor, ele se impõe fisicamente, estabelecendo facilmente seu domínio sobre o outro (Oscar de Melhores Genes para o ator, portanto). Em contrapartida, tudo o que diz respeito às suas escolhas revela-se errado, já que ele oscila de forma caricatural entre a composição de simpático bon vivant e a vilania absoluta.
Já o elenco feminino se vê relegado à condição de enfeitar o longa: Michelle Williams, atriz que vem crescendo visivelmente, pouco pode fazer com sua personagem mal construída, ao passo que Charlotte Rampling, numa curta participação, confere classe ao projeto e volta a nos lembrar de sua eterna disponibilidade em aparecer com pouca roupa em cena (o que é admirável não só por sua coragem, mas também por sua beleza madura aos 62 anos de idade). Porém, é claro que, sendo uma produção hollywoodiana, o grau de nudez das atrizes é inversamente proporcional ao cachê recebido – e, assim, as menos famosas são as que surgem mais expostas, o que não é exatamente uma surpresa.
Tecnicamente competente (mas não excepcional), A Lista traz o veterano diretor de fotografia italiano Dante Spinotti investindo em uma paleta dessaturada e fria, quase monocromática, que ressalta o sentimento de solidão e isolamento do protagonista – cujas roupas tristes e repetitivas também retratam com eficiência sua personalidade. Enquanto isso, o diretor de arte John Kasarda exagera na decadência do apartamento de Jonathan (mesmo que a goteira seja importante para a trama), ao passo que a dupla de montadores cria algumas boas transições (especialmente aquela envolvendo a já citada goteira), embora não consiga conferir coerência à história.
Com um final que consegue ser ainda pior do que tudo o que o precede, A Lista (que, no Brasil, ganhou o subtítulo cafona Você Está Livre Hoje?) é o tipo de longa que faria um ótimo programa duplo com uma produção trash de kung fu chamada Os Dragões Voadores Contra os Ninjas Zen. Ou, pensando bem, nem tanto, já que, ao fugir de cenas de sexo mais gráficas, o filme não consegue nem mesmo fazer jus à sua natureza barata.
05 de Dezembro de 2008
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