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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
10/03/2006 16/09/2005 2 / 5 / 5
Distribuidora
Duração do filme
90 minuto(s)

Cry Wolf - O Jogo da Mentira
Cry_Wolf

Dirigido por Jeff Wadlow. Com: Julian Morris, Lindy Booth, Jared Padalecki, Jon Bon Jovi, Sandra McCoy, Kristy Wu, Jesse Janzen, Paul James, Ethan Cohn, Anna Deavere Smith.

 

Um assassino mascarado que ataca uma série de jovens em um campus ou em uma pequena cidade. Quantos filmes você já viu que partiam exatamente desta premissa? Pois Cry Wolf – O Jogo da Mentira não é muito diferente de todos os Sexta-feira 13, A Hora do Pesadelo, A Noite das Brincadeiras Mortais, Pânico e Lenda Urbana que já renderam milhões de dólares aos seus produtores graças ao sacrifício de inúmeros adolescentes que jamais imaginaram que beber e fazer sexo representavam uma maneira infalível de atrair um serial killer. E isto é uma pena, já que o filme poderia ter se revelado um suspense relativamente interessante caso não se esforçasse tanto para se encaixar em um gênero surrado (o do terror adolescente) apenas por julgar que suas perspectivas comerciais se tornariam, com isso, mais promissoras.

 

Depois de uma introdução padrão na qual vemos uma mocinha correndo desesperada pela mata enquanto é perseguida pelo misterioso vilão, Cry Wolf nos apresenta ao grupo de estereótipos habitual: a bela mocinha; o mocinho de bom coração; o atleta burro; o sujeito agressivo que só pensa em sexo; uma garota peituda que aparecerá usando roupas mínimas; e assim por diante. Porém, em vez de envolvê-los de cara em um ambiente sinistro, o filme investe em uma trama curiosa: para pregar uma peça em toda a escola, o grupo espalha uma história falsa sobre o assassinato visto no início da projeção, alegando se tratar de um crime semelhante a outros ocorridos pelo país e que seria, na realidade, um indício de que há um serial killer no campus. No entanto, a mentira ganha contornos sombrios quando os personagens descobrem que o criminoso que inventaram parece existir de fato e estar determinado a matá-los.

 

A partir daí, Cry Wolf abandona qualquer ambição narrativa e mergulha nas velhas perseguições de sempre, sendo ainda mais prejudicado pelos diálogos pavorosamente ruins (“Isto é o segundo grau. Nada é real!”). Da mesma forma, o roteiro de Bean Bauman e Jeff Wadlow apela para subtramas simplistas com o objetivo de conferir maior dimensão ao casal de protagonistas, como ao retratar os esforços do mocinho para se comunicar com o pai ou ao incluir uma revelação idiota envolvendo um faxineiro do campus, cuja existência é ressaltada por vários planos nos quais o vemos encarando um ou outro personagem. Para piorar, Wadlow, que também assume o comando do projeto, demonstra não compreender a lógica da própria história, já que emprega uma montagem na qual vemos vários alunos contando para os colegas o que “descobriram” sobre o serial killer – algo inexplicável, já que todos os estudantes receberam o mesmo email (digo: spam) acerca do assassino.

 

Mas não é só: como se não bastasse a falta de criatividade que compromete o desenvolvimento da trama, a direção de Wadlow se encarrega de desperdiçar as poucas boas idéias contidas ali, como ao não explorar de forma mais eficiente, por exemplo, a cena que se passa em uma sala cujas lâmpadas são acionadas por movimento. Além disso, o cineasta chega a plagiar descaradamente um dos momentos mais apavorantes do terror japonês One Missed Call, quando uma foto enviada por celular revela, para a pessoa do outro lado da linha, a presença de uma figura ameaçadora atrás de seu interlocutor.

 

Aliás, a estratégia da imitação acaba se revelando certeira (embora nada ética), já que Cry Wolf só não resulta em um desastre absoluto porque, em seus instantes finais,  volta a plagiar (até mesmo na montagem!) outro longa bastante superior, Os Suspeitos – deixando, no espectador, a impressão de que assistiu a um filme mais inteligente do que é na realidade.
``

 

10 de Março de 2006

 

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Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

 

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