Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
11/01/2008 | 24/08/2007 | 3 / 5 | / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
106 minuto(s) |
Dirigido por Shari Springer Berman, Robert Pulcini. Com: Scarlett Johansson, Laura Linney, Nicholas Art, Alicia Keys, Chris Evans, Nathan Corddry e Paul Giamatti.
Há momentos,
Ambientado na alta sociedade representada pelo Upper East Side, região abastada da já abastada Manhattan, o longa gira em torno da jovem Annie Braddock (Johansson), que, recém-saída da faculdade, não sabe exatamente o que fazer com sua vida (e não é uma coincidência, portanto, que ela divida o sobrenome com o personagem de Dustin Hoffman
Não é à toa, portanto, que a protagonista descreve suas experiências de maneira tão objetiva em uma narração em off que, embora ocasionalmente soe excessiva, serve como comentário bem-humorado sobre aquilo que estamos vendo. Aspirando tornar-se antropóloga, Annie encara a Sra. X (Linney) como um espécime a ser estudado – e a própria introdução do filme brilha por apresentar várias figuras daquela sociedade particular como bonecos em um inesperado diorama do Museu de História Natural, quando vemos as socialites em seu habitat natural: recebendo injeções de botox, massagens terapêuticas ou vomitando em um vaso sanitário para evitar ganho de peso. Porém, ainda mais genial é perceber a representação das babás comumente empregadas pelas “madames”: asiáticas, negras e latinas, elas são, em sua maioria, imigrantes que deixaram a família em seus países de origem a fim de tentarem “fazer a América”, tornando-se escravas modernas de famílias ricas que as empregam para criar seus filhos mimados.
Demonstrando uma criatividade similar à de Anti-Herói Americano, Berman e Pulcini buscam enriquecer a trama tradicional com pinceladas visuais que, além de interessantes, tornam a narrativa mais dinâmica – e um bom exemplo pode ser encontrado na cena em que um grupo de mães assiste a uma fita de vídeo contendo um monólogo de Annie: durante o protesto da garota, os cineastas criam uma fusão entre esta e as socialites, descartando a mídia intermediária (o aparelho de tevê) e ilustrando, com isso, o que está realmente acontecendo ali (um confronto que resulta num choque de realidade). Da mesma maneira, ao manterem o rosto de Paul Giamatti oculto em suas primeiras aparições, os diretores criam uma metáfora visual para o relacionamento que este mantém com o filho, que certamente o enxerga como uma figura distante e quase anônima. E, embora admita que a piada surge de forma gratuita, não posso deixar de reconhecer que me diverti a valer com a imagem de uma sósia de Condoleezza Rice carregando uma criança que, usando uma máscara de Bush Jr., chora desconsoladamente numa festa à fantasia (e isto nem é mais uma metáfora, mas um retrato quase literal da realidade).
Em contrapartida, aqui e ali eles acabam exagerando em seus delírios imaginativos, como ao incluírem uma seqüência fantasiosa na qual Annie sobrevoa Nova York enquanto segura uma sombrinha, numa referência redundante a Mary Poppins - especialmente se considerarmos que o filme ainda traz uma versão da canção “Chim-Chim-Cheree” em sua trilha e também como toque de celular da protagonista. Além disso, o recurso de empregar músicas para descrever o que está ocorrendo na tela (“Freedom”, “Why Can’t We Be Friends”) não faz jus ao talento dos diretores, que também tropeçam ao incluírem uma trilha tradicional tristonha na já citada cena do desabafo de Annie (que, feita para uma câmera de vídeo, não deveria ter acompanhamento musical). Como se não bastasse, o acréscimo de sons de animais em outra cena surge como um comentário exagerado e, portanto, pouco eficaz sobre costumes da “alta sociedade”.
Já as atuações são menos irregulares: como Annie, Scarlett Johansson investe numa mistura correta de ingenuidade e olhar crítico, estabelecendo uma boa relação com a personagem vivida por Laura Linney – algo que fica patente na cena em que esta praticamente pede, de forma quase inconsciente, que a garota minta ao dizer que uma peça de lingerie é sua, algo que é imediatamente compreendido (e atendido) pela moça. Linney, aliás, consegue a proeza de transformar a Sra. X numa figura digna de pena, evitando a antipatia que normalmente sentiríamos por alguém como aquela mulher. Sim, é fato que ela atende a inúmeros seminários sobre maternidade justamente para evitar passar mais tempo com o filho (uma ironia brilhante do roteiro), mas há algo de inegavelmente tocante na maneira com que ela conta a história de sua vida até chegar ao momento em que se casou com o Sr. X – quando, então, sua trajetória como ser pensante parece chegar ao fim. Da mesma forma, o relato de um incidente aparentemente trivial em seu passado (um presente que comprou para a mãe) contribui para que compreendamos sua visão de mundo, o que é importante para o filme. Dito isso, as eventuais mudanças sofridas pela personagem soam abruptas e inverossímeis, já que ninguém muda tanto assim, especialmente da noite para o dia.
O elenco masculino, por sua vez, conta com menos tempo de tela e, portanto, menores chances para construir personagens tridimensionais: o garotinho Nicholas Art, que interpreta Grayer, é bastante engraçadinho e inspira pena por sua solidão, mas nada muito complexo é exigido do menino, enquanto Chris Evans abandona o aborrecido Johnny Storm da série Quarteto Fantástico e volta a exibir o carisma revelado em Celular – Um Grito de Socorro (embora seu personagem aqui seja um playboy egoísta – algo que o filme incrivelmente parece ignorar). Fechando o elenco, Paul Giamatti confere ao Sr. X imensa antipatia, encarnando-o como um sujeito que usa o trabalho para evitar a convivência com a família.
Incluindo uma cena particularmente incômoda por retratar um exemplo repulsivo de humilhação coletiva (estou me referindo àquela envolvendo um grupo de babás e suas patroas), O Diário de uma Babá é suficientemente divertido e tocante para merecer uma recomendação – mesmo que reconheçamos claramente o maniqueísmo empregado para alcançar estes efeitos.
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