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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
19/01/2007 01/01/1970 2 / 5 / 5
Distribuidora
Duração do filme
93 minuto(s)

Alex Rider Contra o Tempo
Stormbreaker

Dirigido por Geoffrey Sax. Com: Alex Pettyfer, Bill Nighy, Mickey Rourke, Alicia Silverstone, Sophie Okonedo, Sarah Bolger, Andy Serkis, Robbie Coltrane, Stephen Fry, Damian Lewis, Missi Pyle, Ewan McGregor.

Aceitar uma criança ou um adolescente como uma versão juvenil de James Bond não é algo fácil para nenhum espectador – e, ainda que tenham seus altos e baixos, as séries Pequenos Espiões e O Agente Teen revelaram-se eficazes neste sentido graças às piadas envolvendo os dilemas enfrentados por seus agentes-mirins, que eram obrigados a adequar as responsabilidades como espiões às suas obrigações adolescentes (a primeira fez isto com bem mais sucesso do que a segunda, é preciso observar). Infelizmente, Alex Rider Contra o Tempo jamais parece reconhecer a pouca idade de seu herói, que age como adulto (e como espião experiente) na maior parte do tempo, o que, além de tornar tudo implausível, ainda resulta num filme aborrecidamente convencional.

Não que seja impossível criar narrativas sérias de espionagem centradas em jovens protagonistas: na década de 80, por exemplo, Henry Thomas protagonizou o tenso Os Heróis Não Têm Idade, que, apesar de um ou outro momento mais divertido, levava o público a temer pela segurança de seu pequeno herói. Já Alex Rider Contra o Tempo busca claramente a comédia, como discutirei mais adiante, e é por esta razão que se torna inexplicável sua insistência em apresentar o personagem-título como um indivíduo tão mal-humorado: sobrinho de um espião morto antes dos créditos iniciais (Ewan McGregor), o rapaz é convocado por uma agência secreta para assumir o lugar do tio, que sutilmente o treinara para a função ao longo dos anos, levando-o a praticar artes marciais e alpinismo, entre outras atividades arriscadas. Enviado para investigar o milionário Darrius Sayle (Rourke), que pretende presentear todas as escolas britânicas com um misterioso computador que auxiliará os alunos em seus estudos, Alex logo descobre que a iniciativa do sujeito não é tão nobre quanto parece e que o vilão tem um objetivo assustador em mente.

Escrito por Anthony Horowitz a partir de seu próprio livro, o roteiro até tenta incluir algumas referências bem-humoradas à juventude do herói, como o creme para espinhas que, na realidade, é capaz de corroer metal e o minigame que pode detectar escutas e soltar fumaça para despistar inimigos, mas, de modo geral, estas brincadeiras são raras e pouco inspiradas. Para piorar, o ator Alex Pettyfer parece levar seu personagem realmente a sério, encarnando-o com uma falta de humor incompatível com o projeto – e sua sisudez torna-se ainda mais inadequada quando comparada às composições do restante do elenco, desde a maquiagem carregada de Andy Serkis às caretas da sempre exagerada (e irritante) Missi Pyle, passando pelos trejeitos divertidos de Bill Nighy e a canalhice costumeira de Mickey Rourke (o palitinho na boca é um toque típico do ator, mas deveria ter sido limado pela direção por ser simplesmente bobo). De modo geral, aliás, o projeto peca por empregar atores formidáveis em pontas sem importância (a exceção fica por conta de Alicia Silverstone, já que, para ser “desperdiçada”, ela primeiro deveria demonstrar ter algum talento).

Dirigido com a incompetência esperada por Geoffrey Sax (responsável pelo fraco Vozes do Além), Alex Rider Contra o Tempo até busca tornar-se relevante através da sátira ao gênero espionagem, incluindo o perigoso animal de estimação do vilão (no caso, uma água-viva gigante) e as mocinhas com nomes sugestivos (uma adolescente chamada Sabina Pleasure), mas as piadas são sempre óbvias – principalmente se considerarmos que a série 007 já vem sendo satirizada há mais de 40 anos. Sem saber o que fazer com o péssimo material que tem em mãos, o medíocre Sax até tenta buscar a comédia através de outros meios, mas sua falta de talento o leva a investir em gags visuais terrivelmente desgastadas, como aquela que se resume a enfocar a vilã de Pyle diante de um par de chifres pendurados em uma parede. Da mesma forma, a cena que intercala uma luta entre duas personagens e imagens de diferentes programas de tevê chega a ser constrangedora em função da montagem patética e sem graça. Como se não bastasse, até mesmo as seqüências de ação surgem frouxas e desinteressantes.

Em certo momento, ao ser levado ao quartel-general da agência que pretende empregá-lo, Alex Rider pergunta ironicamente se está em Hogwarts – uma péssima referência feita pelo roteirista, que, com isto, leva o público a perceber, por contraste, a falta de imaginação e inteligência do filme ao qual está assistindo.

18 de Janeiro de 2007

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Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

 

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