Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
09/11/2007 | 07/09/2007 | 3 / 5 | 1 / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
86 minuto(s) |
Dirigido por Michael Davis. Com: Clive Owen, Paul Giamatti, Monica Bellucci, Greg Bryk, Stephen McHattie, Daniel Pilon, Ramona Pringle, Julian Richings.
Mandando Bala é, em poucas palavras, uma versão idiota de Filhos da Esperança – porém, embora ambos tragam Clive Owen como um sujeito amargo que protege uma gestante (e, posteriormente, o bebê recém-nascido) de inúmeros perigos, apenas um dos filmes conta com cenas nas quais o ator parte o cordão umbilical da criança com um tiro e mata os inimigos com uma cenoura. Adivinhe qual?
Escrito e dirigido por Michael Davis (da pavorosa comédia romântica 100 Garotas), Mandando Bala não apenas conta com Owen como o taciturno Smith, que passa a ser perseguido por dezenas de matadores ao assumir a defesa de uma mulher prestes a dar à luz, como ainda traz a sempre bela Monica Bellucci no papel de uma garota de programa que, depois de perder um bebê (outro, ok?), passa a ser procurada por clientes interessados em sugar seus seios repletos de leite – em outras palavras, uma “prostituta lactante”, como descobri ao verificar as expressões de busca mais estranhas que trouxeram usuários ao Cinema em Cena durante o mês de outubro. Enquanto isso, Paul Giamatti tenta se divertir ao encarnar o cruel Hertz, encarregado de matar o casal e a criança – e seu motivo para desejar a morte de um recém-nascido é, sim, tão absurdo quanto você já imagina, mas isto não importa, já que se trata de uma mera desculpa para que Davis crie várias seqüências de ação igualmente inacreditáveis.
Interpretando Smith com a mesma seriedade com que viveu o triste Theo Faron da obra-prima Filhos da Esperança, Clive Owen não dá qualquer indício de perceber a piada por trás de Mandando Bala – algo obviamente proposital e que torna o filme mais divertido. Assim, depois de abrir a narrativa com um primeiríssimo plano da expressão fechada de Owen, o diretor faz a primeira quebra de tom ao abrir o quadro e mostrá-lo mastigando uma cenoura – e, no corte seguinte, escancara o engodo ao exibir o personagem sentado preguiçosamente num ponto de ônibus, finalmente indicando para o espectador suas verdadeiras intenções cômicas numa introdução inteligente justamente por sintetizar o propósito do longa (e é claro que não demora muito até que o roteiro faça uma referência a Pernalonga e ao seu velho perseguidor Hortelino Troca-Letras/Giamatti). Sempre de mau humor e com um aspecto cansado, Smith freqüentemente inicia suas frases com a pergunta “Sabe o que eu odeio?”, acompanhando-a de ações que, é claro, buscam punir aqueles que cometem o erro de irritá-lo.
Mas tudo isso é, como já apontei, apenas um aperitivo para a ação – geralmente, tiroteios coreografados de maneira atípica e, que, por este motivo, tornam-se eficazes mesmo em sua absoluta falta de lógica. Acompanhados por uma trilha metal e freqüentemente investindo na câmera lenta, eles trazem Smith (sempre carregando o bebê) em saltos mortais e corridas desesperadas, apostando também em conceitos amalucados como um orgasmo potencializado pelos disparos feitos pelo protagonista durante a transa e – meu favorito – a utilização da lei da inércia para que o herói possa invadir, pelo pára-brisa, uma van repleta de bandidos. Além disso, é claro que os capangas (num suprimento inesgotável de marginais, já que Hertz chega a aparecer “encomendando” mais atiradores, sempre vestidos de preto) têm uma péssima mira, sendo incapazes de acertar Smith mesmo quando este corre em linha reta à sua frente – e nem preciso dizer que, em contrapartida, Smith não erra um único tiro (a não ser, é óbvio, quando dispara contra o vilão principal).
Estúpido a ponto de tentar transmitir uma mensagem contra as armas ao mesmo tempo em que claramente as glorifica, Mandando Bala segue a mesma veia de histérica paródia de Adrenalina, revelando-se levemente inferior ao filme estrelado por Jason Statham por cometer o grave erro de, aqui e ali, levar-se a sério.
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