Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
22/10/2004 | 17/09/2004 | 4 / 5 | / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
98 minuto(s) |
Dirigido por Richard Loncraine. Com: Paul Bettany, Kirsten Dunst, Sam Neill, Bernard Hill, Eleanor Bron, James McAvoy, Jon Favreau.
Uma comédia romântica ambientada no universo do tênis profissional? A primeira reação que esta descrição simplista pode provocar no espectador é a de que Wimbledon tem tudo para ser um filme aborrecido, sem graça e previsível. Bom, previsível ele certamente é – e qualquer um que já tenha assistido aos trabalhos do roteirista Richard Curtis provavelmente antecipará todas as principais reviravoltas presentes no longa. No entanto, como o próprio Curtis (que nada tem a ver com este projeto, por incrível que pareça) já se encarregou de provar, nem sempre apostar nos clichês e nas convenções do gênero é sinônimo de fracasso: Quatro Casamentos e um Funeral, Um Lugar Chamado Notting Hill e Simplesmente Amor dificilmente poderiam ser considerados como trabalhos revolucionários, mas são inquestionavelmente eficientes e repletos de charme.
Escrito por Adam Brooks, Jennifer Flackett e Mark Levin, Wimbledon – O Jogo do Amor (sim, o subtítulo brasileiro é ridículo) traz Paul Bettany como Peter Colt, um tenista britânico cuja melhor colocação no ranking internacional ocorreu há oito anos, quando ele ficou `em 11º lugar durante boa parte do ano`. Percebendo que já está ficando velho para o jogo, ele decide se aposentar logo após encerrar sua participação no torneio de Wimbledon, do qual, acredita, será logo eliminado. Porém, depois de conhecer e se envolver com a polêmica jogadora americana Lizzie Bradbury (Kirsten Dunst), Colt ganha uma nova determinação e passa a se sair bem melhor do que o esperado em seus jogos, enquanto a garota, sempre assessorada por seu técnico (e pai), parece experimentar o efeito oposto, perdendo temporariamente a concentração em suas partidas.
Assumindo os papéis que em outras circunstâncias certamente seriam oferecidos a Hugh Grant e Renée Zellweger, Bettany e Dunst estabelecem uma forte química entre seus personagens – algo fundamental para qualquer produção do gênero. Enquanto a atriz consegue retratar o temperamento forte e a relativa frieza de Lizzie sem que, com isso, a moça se torne uma figura antipática (uma verdadeira proeza), Bettany investe na insegurança de Peter, que mal consegue acreditar que uma jovem em ascensão como a namorada possa realmente se interessar por um `velho` com uma carreira medíocre como a dele. E, apesar de falhar ao não incluir mais seqüências em que vemos Lizzie jogando (o que seria importante para que compreendêssemos por que ela é considerada tão brilhante e problemática), o cineasta Richard Loncraine faz um ace (não resisti) ao ilustrar o nervosismo de Paul durante as partidas, quando este esforça-se para manter a concentração a todo custo.
Por outro lado, os personagens secundários jamais se revelam tão interessantes como aqueles vistos nos filmes de Richard Curtis: o irmão de Peter, por exemplo, ocupa um tempo precioso da projeção sem que mereça tal distinção, já que não é engraçado nem excêntrico o bastante (talvez um ator mais audacioso que o inexpressivo James McAvoy se saísse melhor. Rhys Ifans, por exemplo?). Enquanto isso, os pais do protagonista, que surgem em uma subtrama bobinha, só se salvam graças às atuações competentes de Bernard Hill e Eleanor Brom (do primeiro, particularmente). Em contrapartida, Jon Favreau transforma o agente de Peter em uma figura caricata e relativamente irritante, destoando da forma centrada com que os demais integrantes do elenco assumem seus papéis. Na realidade, entre os coadjuvantes o único que se destaca é Sam Neill, que evita transformar o pai de Lizzie em um mero vilão e consegue revelar ao espectador um lado mais justo e humano do técnico-pai-empresário da garota.
Além disso, o roteiro de Wimbledon marca mais pontos (de novo: não resisti) ao provar que há um motivo para que a história seja ambientada durante um grand slam, além de uma simples tentativa de fazer algo diferente: os personagens vistos no filme vivem para o jogo. Através de Peter, conseguimos compreender por que um profissional que se encontra na 99ª ou na 157ª posição do ranking insiste em se manter ativo. É claro que estes atletas poderiam se aposentar sem que o mundo sequer se desse conta, mas é a esperança de conseguir um destaque em um grande torneio que os mantém atuando. Aliás, outro momento inspirado do longa é aquele em que os locutores da partida discutem o que pode levar um jogador brilhante a perder para outro tecnicamente inferior: da superstição ao acaso, tudo pode pesar durante uma partida.
Confesso que, a princípio, a escolha de Richard Loncraine para dirigir uma comédia romântica tradicional - no melhor sentido da palavra - como esta me pareceu duvidosa: afinal, seus créditos anteriores incluíam os infinitamente mais densos Ricardo III e Encontro com a Verdade. Felizmente, minhas preocupações eram infundadas: além de manter a leveza da narrativa, o cineasta se destaca principalmente nas enérgicas seqüências em que vemos o protagonista disputando suas partidas, conferindo emoção e dinamismo aos jogos (algo que, por exemplo, não ocorreu em Com a Bola Toda, que estreou nos cinemas brasileiros no mesmo dia que Wimbledon).
Como já disse antes, este não é um filme inovador, é verdade. Porém, é competente o bastante para fazer com que eu me importe com o destino do casal principal sem ficar entediado durante o processo. E saibam que nem sou muito fã de tênis...
23 de Outubro de 2004
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