Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
05/03/2004 | 30/05/2003 | 3 / 5 | 3 / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
84 minuto(s) |
Dirigido por Rob Schmidt. Com: Eliza Dushku, Desmond Harrington, Emmanuelle Chriqui, Jeremy Sisto, Kevin Zegers, Lindy Booth, Wayne Robson.
À primeira vista, Pânico na Floresta é exatamente aquilo que seu título brasileiro anuncia: uma versão do bem-sucedido Pânico que se passa no meio do mato: estrelado por mocinhas peitudas (que mal há nisso?) que são perseguidas por assassinos cruéis, o filme obviamente reserva um destino cruel para os personagens que se drogam e/ou fazem sexo. No entanto, ao contrário da maior parte das produções do gênero `terror adolescente` realizadas nos últimos anos, Pânico na Floresta acaba se revelando acima da média graças à boa direção de Rob Schmidt.
Escrito por Alan McElroy, este longa é uma clara mistura de O Massacre da Serra Elétrica e Amargo Pesadelo, já que é estrelado por um grupo de jovens que se aventuram em uma excursão pelo interior `caipira` dos Estados Unidos, passando a ser perseguidos por violentos habitantes da região. A diferença é que, em vez dos rednecks estupradores de Amargo Pesadelo, os heróis têm que enfrentar criaturas deformadas que se tornaram verdadeiras aberrações em função dos relacionamentos consangüíneos em sua família. Hein? Deixem-me repetir isto: `criaturas deformadas que se tornaram verdadeiras aberrações em função dos relacionamentos consangüíneos em sua família`. Enquanto vocês riem, devo acrescentar que os vilões também são imunes à dor, se comunicam através de grunhidos e tiveram seus `rostos` criados pelo veterano da maquiagem Stan Winston.
Aparentemente imortais (quem sabe a medicina não deveria estimular o casamento entre primos?), os tais monstros vêm matando todos os turistas que cometem o erro de passar por suas terras – o que leva um dos heróis a fazer a pergunta lógica: como os assassinos conseguiram agir ao longo de todos estes anos sem chamar a atenção de ninguém? Curiosamente, depois de propor a questão, o roteiro imediatamente a ignora, deixando o espectador sair do cinema sem resposta. E, afinal de contas, por que esta versão macabra da família Buscapé insiste em mutilar os cadáveres de suas vítimas, chegando a guardar pedaços dos corpos nas geladeiras? Ao que parece, McElroy também não conseguiu encontrar uma explicação plausível para este fato. Por outro lado, nenhuma destas dúvidas importa realmente: os três vilões são assim simplesmente porque o filme precisa que sejam. Em outras palavras: desde que cumpram sua função e persigam os heróis, a existência das criaturas está justificada.
Ao contrário do também terror Na Companhia do Medo, que chega aos cinemas brasileiros no mesmo dia que Pânico na Floresta, o cineasta Rob Schmidt não se deixa derrotar pelo fraco roteiro e investe seus esforços no clima de suspense, evitando o susto barato provocado pela trilha sonora (um clichê técnico ao qual o diretor francês Mathieu Kassovitz se entregou totalmente). Há momentos em que Schmidt assusta o público com sons, é verdade, mas estes geralmente encontram justificativa no contexto da cena: assim, em vez de pularmos com um acorde alto da trilha, somos surpreendidos pelo barulho de uma machadinha que se enterra em um tronco de árvore, por exemplo (ainda assim, o diretor não se furta à tentação de usar o velho clichê da mocinha que, andando de costas, acaba se assustando com alguém perfeitamente inocente).
Compreendendo a lição básica do gênero, Schmidt cria boas seqüências repletas de tensão que são realçadas pela boa montagem de Michael Ross: em certo momento, por exemplo, os quatro protagonistas investigam uma cabana abandonada e o diretor prolonga a cena por um bom tempo, permitindo que eles façam suas assustadoras descobertas gradualmente – o que deixa o espectador na beirada da poltrona. Da mesma forma, o filme é hábil ao estabelecer, em suas tomadas aéreas, a assustadora dimensão da floresta na qual os personagens se perdem, e Schmidt ainda faz uma (talvez) involuntária referência a Tarzan ao mergulhar sua câmera em meio aos galhos nos quais os jovens se escondem em certo instante da projeção.
Outro elemento surpreendente de Pânico na Floresta reside no carisma de seus heróis. Ao contrário do que normalmente ocorre em produções do gênero, os protagonistas da história conseguem estabelecer uma boa empatia com o público, que chega a lamentar a morte de determinado(a) personagem – algo raríssimo nos atuais filmes de terror, cujos elencos servem apenas como reservatório provisório do sangue que irá sujar os cenários. Eliza Dushku, por exemplo, está belíssima (algo fundamental para a produção) e consegue transmitir o pânico da figura que interpreta (embora acabe falhando em uma cena mais dramática, na qual chora ao falar daqueles que morreram). E se Desmond Harrington convence como herói e Jeremy Sisto exibe seu bom humor, Emmanuelle Chriqui torna-se a única integrante irritante do elenco, já que assume a ingrata função de interpretar a inevitável `garota histérica`.
Prejudicado por uma conclusão súbita e insatisfatória, Pânico na Floresta está longe de ser uma obra-prima do terror, é verdade; mas ao menos consegue prender o espectador com alguns bons momentos de suspense. E num período marcado por atrocidades como Olhos Famintos 2, Na Companhia do Medo e O Apanhador de Sonhos, isto já pode ser o bastante.
Observação: durante os créditos finais, há uma cena adicional.
5 de Março de 2004
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