Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
18/11/2005 | 16/09/2005 | 4 / 5 | / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
106 minuto(s) |
Dirigido por Liev Schreiber. Com: Elijah Wood, Eugene Hutz, Boris Leskin, Laryssa Lauret, Tereza Veselkova, Lukas Kral, Stephen Samudovsky, Ljubomir Dezera, Jonathan Safran Foer.
Minha paixão por História surgiu já na primeira aula que tive da disciplina, na quinta série do primeiro grau (no longínquo ano da graça de 1986). Naquele dia, fui apresentado à definição clássica sobre a importância da matéria: `É preciso conhecer o passado para compreendermos o presente e, assim, fazermos um futuro melhor`. O que eu não tinha como perceber aos 11 anos de idade é que esta máxima se aplica também às nossas próprias vidas: apesar de movidos o tempo todo por nossas ações passadas, muitas vezes deixamos de perceber como aquelas experiências moldam nossas percepções presentes e influenciam nosso futuro – algo explorado de forma interessante por filmes como Marcas da Violência, Oldboy, A Confissão e 21 Gramas, entre outros – inclusive por este Uma Vida Iluminada.
Escrito e dirigido por Liev Schreiber a partir do livro de Jonathan Safran Foer, o longa traz Elijah Wood como... Jonathan Safran Foer, um sujeito introspectivo que tem, como hobby, colecionar todo tipo de item que julgue interessante: a dentadura da avó, fotos antigas, areia, flores, etc. Depois de ser presenteado com uma foto que mostra seu avô, ainda jovem, ao lado de uma bela garota ucraniana, Jonathan conclui que aquela mulher foi a responsável pela fuga de seu antepassado daquele país, durante a ocupação nazista – e decide encontrá-la. Para isso, contrata os serviços de uma pequena empresa familiar da Ucrânia dedicada justamente a conduzir turistas à procura de parentes desaparecidos durante a Segunda Guerra, partindo numa viagem ao lado do tradutor Alex (Hutz) e do avô deste (Leskin).
Dividido em `capítulos` (assim como os recentes Os Excêntricos Tenenbaums, Dogville, Manderlay e Café da Manhã em Plutão), Uma Vida Iluminada logo assume uma estrutura de road movie, explorando ao máximo as locações e pontuando a narrativa com uma trilha sonora atípica e envolvente. Conferindo um leve ar de nostalgia à jornada de Jonathan, o diretor de fotografia Matthew Libatique opta por uma leve dessaturação nas cores do filme, que ainda assim revela-se belíssimo, quase vibrante, em seu visual (há um plano particularmente admirável no qual vemos uma plantação de girassóis em volta de um pequeno terreno em que várias peças de tecido branco surgem secando ao sol).
Estabelecendo um arco narrativo que se inicia na comédia (com direito a citações a Os Embalos de Sábado à Noite) e termina no drama, o longa se concentra basicamente nas relações entre seus personagens, utilizando os diálogos entre estes para discutir o anti-semitismo, a globalização, a chatice do politicamente correto e, principalmente, a influência que o passado de cada um exerce em nossas interações. Não é à toa que o colar que Jonathan carrega durante toda a viagem sustenta, em sua extremidade, um pedaço de âmbar em cujo interior se encontra uma mosca – de certa forma, este é o símbolo de toda a jornada do rapaz, que busca o resgate e, conseqüentemente, a preservação de seu próprio passado (algo que também procura alcançar através de seu curioso hobby). Porém, é importante salientar que Jonathan, apesar de ser o protagonista da história, não é aquele que mais aprenderá com a mesma; há um outro personagem que atravessa sua própria crise existencial e encontra, justamente no passado, a `redenção` que procura – embora esta redenção tenha conotações mais trágicas do que o esperado.
Sensível e divertido, a estréia de Schreiber na direção é tematicamente ambiciosa e merece aplausos. Por trás de seu ritmo cuidadoso, o filme traz em sua narrativa e em seu título original (`tudo é iluminado`) uma mensagem poética, mas com grande relevância prática: somos sempre iluminados por nosso passado – e apagá-lo é se condenar a caminhar por uma estrada escura que certamente nos levará a um futuro perigosamente incerto.
21 de Novembro de 2005
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