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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
13/05/2005 04/03/2005 1 / 5 3 / 5
Distribuidora
Duração do filme
95 minuto(s)

Operação Babá
The Pacifier

Dirigido por Adam Shankman. Com: Vin Diesel, Lauren Graham, Faith Ford, Brittany Snow, Max Thieriot, Chris Potter, Carol Kane, Morgan York, Tate Donovan, Brad Garrett.

Quando Arnold Schwarzenegger fez o engraçadinho Um Tira no Jardim de Infância, sua imagem de herói durão já havia sido estabelecida ao longo de anos e anos como protagonista de produções como Conan, Comando para Matar, O Exterminador do Futuro e O Sobrevivente, entre outros. Além disso, quando resolveu brincar com a própria persona cinematográfica, o astro pôde contar com um profissional competente da comédia: Ivan Reitman, que o reuniu com Danny DeVito em Irmãos Gêmeos e, mais tarde, o transformou em um policial disfarçado de professor de maternal no filme citado no início deste parágrafo.

Agora vejamos o caso de Vin Diesel, um dos vários `sucessores` de Schwarzenegger, que agora surge na comédia Operação Babá: em primeiro lugar, o sujeito ainda está longe de conseguir se estabelecer como um ícone, o que, conseqüentemente, o impede de brincar com a própria imagem (já que ela ainda está sendo construída). E se este equívoco não fosse o bastante para comprometer seus esforços, o que Vin Diesel faz? Une-se aos roteiristas de Taxi e ao diretor de A Casa Caiu para criar uma `comédia` que deve mais a Mr. Nanny – Uma Babá de Peso (estrelada por Hulk Hogan – lembram-se dele?) do que aos projetos realizados por Schwarzenegger e Reitman.

Estúpido a ponto de se tornar ofensivo, Operação Babá gira em torno (conte os clichês) de Shane Wolfe, `o melhor homem da Marinha`, cujo pai, `antigo companheiro de seu chefe`, foi um `dos mais respeitados oficiais norte-americanos durante a guerra do Vietnã`, morrendo `para salvar seus companheiros`. Frustrado por ter `fracassado pela primeira vez em uma missão`, Wolfe recebe a tarefa de cuidar dos filhos de um `cientista que inventou uma nova arma`, já que estes podem estar sob a vigilância de `grupos dispostos a tudo para colocarem as mãos na invenção`. `Inicialmente relutante`, o herói logo `se torna próximo das crianças`, ajudando-as a `resolver seus problemas` e descobrindo que, no fundo, `é um sujeito sensível`. Ah, sim: convenientemente, a diretora do colégio freqüentado pelos jovens ameaçados é `uma mulher bela e solteira`.

A partir desta premissa revolucionária, Operação Babá nos brinda com uma série de cenas nas quais Vin Diesel faz caretas ao trocar fraldas, é encharcado com vômito de criança e, é claro, é mordido por um pato (o que seria de uma comédia `para toda a família` sem um animalzinho engraçadinho?). O problema é que, também ao contrário de Schwarzenegger, que se revelou um comediante aceitável, Vin Diesel parece constrangido por participar do projeto: além da falta de energia ao desempenhar o papel, ele (assim como o péssimo diretor Adam Shankman) não possui o menor timing cômico, destacando-se apenas na cena em que utiliza vários brinquedos como armas para enfrentar dois `ninjas` (o filme foi inicialmente concebido como veículo para Jackie Chan, que, inteligentemente, desistiu do projeto).

E se Vin Diesel está fraquíssimo, o elenco juvenil escalado para ajudá-lo é absolutamente desastroso: a atriz adolescente (nem quero guardar seu nome) faz o tipo habitual, com vozinha irritante e trejeitos idem; o rapazinho (nem quero guardar seu nome) segue o estilo `peixe-fora-do-aquário` que sofre nas mãos dos colegas fortões até descobrir o próprio valor (e o filme realmente parece acreditar que ele canta bem!; e a garotinha sei-lá-das-quantas encarna a criança precoce que sempre tem algo espirituoso para dizer. A família protegida pelo herói ainda conta com duas outras criaturas: um garotinho que quer ouvir sempre a mesma música para dormir e um bebê que... bom, faz cocô e xixi, oferecendo as oportunidades para que Vin Diesel faça suas caretas.

O único ponto positivo do `roteiro` cometido por Thomas Lennon e Ben Garant reside na sua força de vontade ao não reciclar a velha gag do sujeito grandão que pedala uma bicicletinha rosa que... hum... não, não, estou errado: o filme tem uma cena dessas. Para ser sincero, se alguém me dissesse que este `roteiro` foi obra de um macaco em coma, eu acreditaria. Quer (mais) uma prova? Uma das subtramas de Operação Babá concentra-se em uma mulher que, para retirar um objeto deixado pelo marido em um banco, tem que dizer a senha cadastrada pelo sujeito. O que ela faz? Passa duas semanas dizendo tudo o que lhe vem à mente para o gerente do banco, que espera calmamente até que ela acerte a senha. É um alívio saber que nossas instituições financeiras contam com um sistema de segurança tão desenvolvido, não é mesmo? (Aliás, este sistema deve ter sido criado pela mesma empresa que fez a segurança do hospital de Visões, que estreou no Brasil na mesma semana que esta porcaria.)

Jamais pensei que diria algo assim, mas confesso que, pela primeira vez na vida, senti saudades de Hulk Hogan. Pelo menos ele tem um bigode engraçado.
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12 de Maio de 2005

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Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

 

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