Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
29/10/2004 | 20/08/2004 | 3 / 5 | 3 / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
114 minuto(s) |
Dirigido por Rawson Marshall Thurber. Com: Vince Vaughn, Ben Stiller, Stephen Root, Christine Taylor, Justin Long, Alan Tudyk, Rip Torn, Hank Azaria, Gary Coleman, Jason Bateman.
Seguindo a fórmula adotada pela maioria dos `filmes de esporte`, Com a Bola Toda apresenta para o público um grupo de personagens simpáticos e inseguros que precisa superar diversos obstáculos a fim de vencer um determinado torneio. É claro que o time é considerado como `azarão` pelos especialistas e pela torcida – e também é óbvio que, com o transcorrer da competição, a garra demonstrada pelos improváveis atletas irá conquistar a admiração e o respeito de todos.
A diferença, aqui, é que o roteirista-diretor estreante Rawson Marshall Thurber sabe que está seguindo convenções mais do que batidas e explora este fato para fazer graça. Ah, sim: e o esporte escolhido para impulsionar a história é... a queimada. Sim, aquela brincadeira popular entre crianças que consiste em atingir os integrantes do time adversário com uma bola. Caso a `vítima` consiga segurar a pelota, o jogador que a arremessou está fora do jogo; do contrário, é o atingido quem abandona a partida. Portanto, se você acha graça em ver pessoas recebendo boladas no rosto e em outras partes igualmente sensíveis do corpo, pode se preparar para rir bastante, pois o filme oferece dezenas de cenas em que isto acontece.
Mas é claro que eu jamais poderia recomendar um longa (e, sim, estou recomendando esta comédia) apenas a partir de um critério como este – afinal, qualquer videocassetada cumpriria função semelhante. Porém, Com a Bola Toda conta com um atrativo adicional: seus protagonistas. Encaixando-se perfeitamente na descrição de `losers`, os heróis do filme são tão caricaturais que jamais poderiam ser confundidos com pessoas de carne-e-osso; a motivação e o objetivo dos personagens são um só: fazer rir através do absurdo. Assim, temos o ex-craque de queimada que, agora paralítico, se oferece para treinar o time liderado por (o nome já diz tudo) Peter La Fleur; o indivíduo amalucado que acredita ser um pirata; o jovem tímido que faz de tudo para conquistar uma colega de colégio; e, é claro, o patético e adorável Milton Waddams, de Como Enlouquecer Seu Chefe (bom, a rigor, o ator Stephen Root está vivendo Gordon, um indivíduo diferente daquele que interpretou em Como Enlouquecer..., mas a verdade é que é impossível deixar de pensar que se trata da mesma criatura, tamanha a semelhança na composição dos personagens).
Porém, apesar de carismáticas, estas figuras não são realmente engraçadas, servindo apenas para despertar a simpatia do espectador para sua `causa`. Os risos, por outro lado, ficam a cargo do vilão narcisista White Goodman, interpretado por um Ben Stiller disposto a tudo para provocar a gargalhada do público. Adicionando mais um tipo hilário à sua já rica galeria de personagens (algo que eu já havia mencionado em meu artigo sobre Zoolander), o ator capricha nos trejeitos e na caracterização de Goodman, do cabelo à voz rouca (um indício sutil dos anabolizantes utilizados pelo sujeito), passando pelas roupas apertadas e pela impressionante estupidez deste fascinante canalha (a mocinha interpretada por Christine Taylor – esposa de Stiller na vida real – tem tanto asco de Goodman que chega a ter ânsia de vômito ao ouvir uma cantada). Além disso, a relação de amor e ódio que o vilão tem com a comida é algo tão bizarro que acaba gerando outra boa parcela de risos (basta ver o que ele faz com uma fatia de pizza...).
Fechando o elenco, vem Vince Vaughn, que, demonstrando inteligência (e coragem), decidiu interpretar o herói Peter La Fleur da maneira mais séria possível – a melhor escolha que poderia fazer, já que não haveria como competir com a bizarrice da composição de Stiller. Assim, ao converter La Fleur em um indivíduo real cercado por caricaturas, Vaughn estabelece uma maior identificação com o espectador e se torna engraçado não em função das ações do protagonista, mas sim de suas reações aos absurdos que presencia.
Infelizmente, Com a Bola Toda acaba perdendo um pouco do fôlego a partir da segunda metade da projeção graças a um erro estratégico: ao estabelecer regras demasiadamente simples para o torneio de queimada, o roteiro de Thurber tira qualquer graça que o jogo em si poderia ter, dando origem a partidas que não parecer durar mais do que cinco minutos e durante as quais poucos lances memoráveis acontecem. Assim, o que deveria ser o clímax do filme torna-se apenas um detalhe pouco interessante.
Trazendo o ciclista Lance Armstrong em uma ponta fabulosa que prova que a participação de atletas reais em longas-metragens pode gerar bons resultados (desde que haja um motivo orgânico à história para que isto aconteça), Com a Bola Toda é um filme correto que provavelmente já terá sido esquecido daqui a um ano. O que não quer dizer que não funcione como um passatempo divertido e descompromissado enquanto dura a projeção.
Observação: há uma boa cena adicional depois dos créditos finais.
24 de Outubro de 2004
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