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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
25/12/2003 13/02/2003 4 / 5 4 / 5
Distribuidora
Duração do filme
121 minuto(s)

Direção

Wolfgang Becker

Elenco

Daniel Brühl , Katrin Sass , Chulpan Khamatova , Maria Simon , Florian Lukas , Alexander Beyer

Roteiro

Bernd Lichtenberg

Produção

Stefan Arndt

Fotografia

Martin Kukula

Música

Yann Tiersen

Montagem

Peter R. Adam

Design de Produção

Lothar Holler

Figurino

Aenne Plaumann

Direção de Arte

Matthias Klemme

Adeus, Lenin!
Good bye, Lenin!

Dirigido por Wolfgang Becker. Com: Daniel Brühl, Katrin Sass, Chulpan Khamatova, Maria Simon, Florian Lukas, Alexander Beyer.

Além de terem sido produzidos em 2003 e de utilizarem o drama de seus personagens como forma de analisar questões políticas e sociais de seus países de origem, As Invasões Bárbaras (Canadá) e Adeus, Lênin! (Alemanha) possuem uma outra interessante característica em comum: ambos giram em torno de filhos que, diante da doença dos pais, se mostram capazes de tudo para criar um ambiente que minimize o sofrimento destes, mesmo que isto envolva mentiras e subornos. Ao que parece, a estratégia de utilizar dramas intimistas como ponto de partida para comentários sobre a sociedade funcionou; afinal, as duas produções foram indicadas por seus países para concorrerem a uma vaga na categoria Melhor Filme Estrangeiro, no Oscar 2004.

Escrito por Bernd Lichtenberg, Adeus, Lênin! tem início em 1989, quando a Sra. Christiane Kerner, fervorosa defensora do regime comunista da República Democrática Alemã, sofre um ataque cardíaco e fica oito meses em coma, deixando de presenciar a queda do muro de Berlim. Depois que ela desperta, seu filho Alex, temendo que a nova realidade possa levá-la à morte, decide impedir que ela descubra o que ocorreu e, para isso, recria a Alemanha Oriental no quarto da mãe, chegando a produzir falsos noticiários de televisão e a substituir as embalagens dos produtos que compra por outras que deixaram de existir nos últimos meses. Cada vez mais obcecado pelas mentiras, Alex começa a entrar em pânico quando a Senhora Kerner, já mais saudável, decide sair do quarto pela primeira vez...

Conduzindo a história com leveza, o cineasta Wolfgang Becker ilustra, para o público, a velocidade das mudanças ocorridas na Alemanha Oriental depois de sua reunificação com a Ocidental - que resultou na absoluta dissolução da filosofia comunista e na propagação do capitalismo entre os habitantes da extinta RDA (algo apropriadamente representado pelo imenso banner da Coca-Cola que logo cobre um edifício vizinho ao prédio de Alex - o que, é claro, lhe traz problemas). Aliás, Adeus, Lênin! retrata, também, as dificuldades enfrentadas por todos os alemães durante a reunificação, comentando, inclusive, a importância da Copa do Mundo de 90 na consolidação do processo.

Enquanto isso, o jovem ator Daniel Brühl é hábil ao retratar as graduais mudanças de seu personagem: a princípio, Alex é um rapaz imaturo que não se importa muito com a realidade de seu país. Quando participa de uma passeata, por exemplo, ele pode ser visto comendo uma maçã despreocupadamente ao mesmo tempo em que paquera as garotas ao seu lado. Para Alex, a passeata não é um evento político, mas social (no seu sentido de lazer, bem entendido). Porém, aos poucos ele vai sendo forçado a reconhecer a relevância das mudanças vividas pelas Alemanhas, tornando-se um homem mais maduro e, de certa forma, engajado (embora jamais deixe de se preocupar com o mundo anacrônico que criou para a mãe).

Aliás, há algo de extremamente fascinante nesta viagem no tempo proposta pelo filme, que é eficiente ao (re)apresentar para o espectador a realidade da Alemanha Oriental e ao (re)submetê-la ao processo de unificação. E, além de explorar o potencial humorístico do roteiro com talento, Wolfgang Becker ainda brinda o público com uma tomada que, confesso, me tirou o fôlego: aquela em que vemos uma imensa estátua de Lênin ser carregada por um helicóptero - uma imagem que certamente condensa toda a mensagem da produção.

Divertido e comovente, Adeus, Lênin! é um filme bastante simpático e surpreendentemente didático. E pode até não provocar gargalhadas, mas certamente manterá o espectador sorrindo durante e depois da projeção.

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28 de Outubro de 2003

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

 

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