Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
14/10/2005 | 12/08/2005 | 1 / 5 | / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
83 minuto(s) |
Dirigido por Mike Bigelow. Com: Rob Schneider, Eddie Griffin, Jeroen Krabbé, Hanna Verboom, Charles Keating, Norm Macdonald, Adam Sandler.
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O que posso dizer sobre Gigolô Europeu por Acidente? É realmente necessário que eu gaste as 800-900 palavras habituais para justificar por que este `filme` é um lixo, uma ofensa a todos aqueles que amam o Cinema? Olho para a tela do computador e fico pensando: já perdi 80 minutos da minha vida assistindo a esta porcaria; por que jogar fora outro tanto escrevendo sobre o que vi? E mais: quem vai ler esta análise? Se você costuma ler críticas de cinema, é suficientemente interessado nesta mídia para saber que, provavelmente, um longa estrelado-roteirizado por Rob Schneider não vale seu dinheiro – e, portanto, não irá assistir a esta continuação. Por outro lado, se você viu ou quer ver este filme... bom, provavelmente não está lendo isso – ou, se está, é possível que faça parte daquele interessante grupo que detesta críticos e acha que estes são absolutamente descartáveis, lendo este artigo apenas para poder reafirmar sua convicção sobre minha inutilidade.
O que nos leva de volta à pergunta: por que escrever sobre Gigolô Europeu por Acidente? O que posso dizer sobre um filme cuja primeira imagem é uma bunda em primeiro plano acompanhada pela legenda `Esta não é a bunda de Deuce Bigalow`? Excretado por Rob Schneider, David Garrett e Jason Ward (sim, três pessoas!), o roteiro parece acreditar que piadas envolvendo o tamanho do pênis dos orientais ainda são inovadoras ou mesmo engraçadas – e de fato são, caso você tenha 5 anos de idade e ainda se encante com a pergunta `Quer ouvir uma piada pesada e suja?`.
Aparentemente incapaz de compreender o conceito da comédia e da importância de se preservar a surpresa de uma gag a fim de pegar o espectador desprevenido, o diretor Mike Bigelow (será que ele foi escolhido pelo sobrenome?) consegue a proeza de telegrafar a conclusão já da primeira piada do filme, quando vemos alguns personagens dizendo `Obrigado pela noite passada`: o único membro da platéia (sem trocadilhos a là Schneider, por favor) que não perceberá de imediato a conclusão do `chiste` será aquele que ainda não conhece a resposta para a charada sobre `o que cai em pé e corre deitado`. E a incompetência de Bigelow se torna ainda mais evidente ao longo da projeção.
Machista e infantil (dois adjetivos que caminham juntos, diga-se de passagem), Gigolô Europeu por Acidente advoga a tese de que só há dois tipos de mulheres: as belas e as deformadas. As primeiras são inacessíveis ao `homem comum`, já que, aparentemente, só se interessam por homens ricos ou igualmente atraentes. Já as segundas são obrigadas a recorrer ao sexo pago, já que, no universo concebido por Schneider, só o que conta é a aparência; é inconcebível acreditar que alguém possa ser atraído por algo que não seja tangível como seios siliconados. Aliás, a única mulher bonita que parece estar ao alcance do protagonista é, obviamente, `deformada` psicologicamente, sofrendo de transtornos obsessivo-compulsivos – o que, no final das contas, explica seu interesse por Deuce.
Bancado pelo dinheiro do amigo Adam Sandler (que, somente por isso, já mereceria passar um tempo na cadeia), Rob Schneider é um daqueles sucessos inexplicáveis que Hollywood gera vez por outra (estou olhando para você, Martin Lawrence!): sem o menor talento, ele é considerado engraçado apenas porque está disposto a se sujeitar ao ridículo. Por incrível que pareça, nem mesmo caretas ele sabe fazer direito, como prova nesta porcaria que se atreve a chamar de `comédia`. Além disso, como roteirista, ele é excelente comediante (oh, Deus...): em certo momento, por exemplo, ele leva o personagem de Eddie Griffin a comer algumas batatas que haviam caído em um vaso sanitário. Ora, quando o policial bebia a garrafa de urina em Debi e Lóide, o humor residia no fato de que ele não sabia o que estava bebendo, mas o público (e os demais personagens), sim. Agora, onde está a graça em ver uma pessoa comendo algo nojento propositadamente se nem sequer há outros personagens em cena para reagir ao que está acontecendo? Devemos rir apenas porque estamos enojados?
Como se não bastasse, Schneider também demonstra ser mais um daqueles ianques babacas que têm orgulho do poderio bélico de seu país e que se julgam superiores a qualquer um que não tenha nascido sob a jurisdição de Tio Sam. Ao longo de Gigolô Europeu por Acidente, ele retrata os franceses (alvos favoritos dos republicanos e seus sectários) como imbecis pomposos, trata os canadenses como imbecis sem cultura e tenta criticar (sem sucesso) aqueles que não apóiam a política genocida de George W. Bush. Em outras palavras: além de não ter talento, Schneider é também um imbecil.
E acabei gastando as 800 palavras de costume para falar sobre esta bomba, embora soubesse o desperdício de tempo que o exercício significaria. Creio que isto não faz de mim exatamente um Einstein.
14 de Outubro de 2005
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