Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
25/02/2005 | 27/01/2005 | 2 / 5 | 3 / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
101 minuto(s) |
Dirigido por John Polson. Com: Robert De Niro, Dakota Fanning, Famke Janssen, Elisabeth Shue, Amy Irving, Dylan Baker, Melissa Leo, Robert John Burke.
Carta a Robert De Niro:
Bobby, Bobby, Bobby... Por que está fazendo isso com seus fãs? Por que, depois de uma carreira magnífica, você passou a demonstrar uma atração irresistível por projetos que se limitam a fazer graça de sua persona cinematográfica? Sim, Entrando Numa Fria é muito engraçado (ao contrário da continuação) e A Cartada Final foi um bom exemplar do gênero `o golpe perfeito`, mas, além destes dois longas, o que você fez de memorável nos últimos anos? O Enviado? A Máfia Volta ao Divã? Showtime? O Último Suspeito? O Espanta Tubarões? Se considerarmos apenas aqueles filmes nos quais você desempenhou papéis maiores, teremos que voltar dez anos no tempo para encontrar títulos dignos de seu talento: Fogo Contra Fogo e Cassino.
Infelizmente, 2005 não parece ser o ano da virada: afinal, por que diabos você aceitou protagonizar este O Amigo Oculto, mais um daqueles filmes de terror nos quais janelas parecem se abrir sozinhas, vultos se movimentam nas sombras e banheiras repletas de água são sempre um mau sinal? À primeira vista, pode ter soado interessante interpretar um psiquiatra cuja esposa cometeu suicídio e que agora tem que lidar com os próprios traumas e com a dor da filha pequena, mas você deveria ter notado que algo estava errado quando, para ajudar a criança a superar a perda, seu personagem decide levá-la para morar em um casarão sombrio situado no meio do nada. Ou você não acha que um profissional de saúde mental tomaria uma atitude mais sensata do que isolar a garota, afastando-a de todos os amigos? E por que não manifestou seu descontentamento quando o diretor John Polson revelou que iria apresentar a viagem dos dois através de uma mais do que batida seqüência de planos aéreos?
Ok, talvez você tenha chegado à conclusão de que o doutor David, seu personagem, segue métodos pouco convencionais e que, assim, a mudança poderia ser plausível. Mas... hum... não lhe pareceu no mínimo estranho que, ao suspeitar que a filha tenha feito algo horrível, o psiquiatra não encontrasse modo melhor de lidar com a situação do que bater a porta na cara da menina, trancando-a em seu quarto e recusando-se a conversar até a manhã seguinte? Ou que ele não percebesse que imitar as brincadeiras da esposa suicida pudesse trazer más lembranças?
`Detalhes!`, você pode dizer. Porém, como ator veterano, sei que já se debruçou sobre inúmeros personagens, trabalhando em detalhes na composição de cada um deles. Assim sendo, por que não questionou a forma com que o roteirista Ari Schlossberg desenvolveu a pequena Emily, vivida por Dakota Fanning? Ora, você certamente percebeu que a menina apresenta oscilações inexplicáveis de comportamento durante toda a projeção: em algumas ocasiões, surge calma e com atitude condizente com a idade; em outras, age fria e cruelmente; ou, ainda, como uma figura distante, em estado de quase catatonia. Tá, eu sei que ela tem um `amigo imaginário` que está realizando atos terríveis, mas em nenhum momento sugere-se que ela esteja `possuída` ou algo no gênero – portanto, como justificar seus olhares fixos e sombrios que a fazem parecer uma espécie de Wednesday, a filha dos Adams?
Aliás, não sei se escalar a jovem Dakota Fanning foi algo sensato: é verdade que ela é uma atriz talentosa e expressiva, mas temo que os critérios da garota ao escolher projetos não sejam muito melhores do que os que você vem demonstrando na última década (Doce Lar? Uma Lição de Amor? Chamas da Vingança? Encurralada?). E como vocês convenceram Famke Janssen, recém-saída do bem-sucedido X-Men 2, a: 1) viver uma personagem insignificante em um projeto medíocre; e 2) a dizer aquela frase absolutamente ridícula na caverna? Eu também poderia questionar a participação de Elisabeth Shue, mas o fato é que a atriz provavelmente aceitou o papel apenas para poder lembrar outros diretores de que ainda existe. Quanto à sua performance, Bobby... como já seria de se esperar, você se sai muito bem ao retratar a confusão e o medo do pobre doutor David – isto é, até o terceiro ato, quando, confesso, fiquei embaraçado ao testemunhar o desastre em que se transforma sua atuação. Honestamente? Acho que seria bom se preparar para uma indicação ao Framboesa de Ouro, em 2006.
E já que estamos sendo sinceros um com o outro (O quê? Você também acha que fui rigoroso demais ao analisar Entrando Numa Fria Maior Ainda???), me responda uma coisa: quem teve a `brilhante` idéia de incluir aquela... errr... `reviravolta` no filme? Porque, além de estúpida, ela é tão manjada que dificilmente poderia ser classificada como surpreendente. (Alguns projetos conseguem utilizá-la de forma interessante, mas não este.) E será que ninguém o avisou de que, em retrospecto, ela não faz o menor sentido? Ora, qualquer um que queira assista a O Amigo Oculto duas vezes vai perceber a falta de lógica e...
Ah. Entendi. Não há este risco.
25 de Fevereiro de 2005
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