Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
12/08/2005 | 13/08/2005 | 1 / 5 | 2 / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
101 minuto(s) |
Dirigido por Robert Luketic. Com: Jennifer Lopez, Jane Fonda, Michael Vartan, Wanda Sykes, Adam Scott, Annie Parisse, Monet Mazur, Elaine Stritch, Stephen Dunham.
A roteirista estreante Anya Kochoff é um talento nato – e a maior prova de sua criatividade inigualável reside na cena em que Charlotte, personagem vivida por Jennifer Lopez neste A Sogra, entra em um quarto e surpreende seu noivo sendo beijado (à força) por uma ex-namorada. A situação, jamais vista em toda a História do Cinema, resulta em uma fala que impressiona pela originalidade: `Isto não é o que parece!`. Creio que acabamos de testemunhar o surgimento de um novo Shakespeare.
É claro que A Sogra também tem suas pequenas falhas: depois de brindar o espectador com 90 minutos de piadas inspiradíssimas (é sempre engraçado ver dois cachorros transando ou alguém dormindo com o rosto dentro de um prato de comida!), o filme comete alguns equívocos em seus dez minutos finais – mas até estes erros são perdoáveis; afinal, não há nada que me comova mais do que um bom melodrama e mudanças inexplicáveis no caráter dos personagens principais: é recompensador ver uma figura que se comportou de forma desprezível durante toda a vida subitamente tornar-se generosa. Isto me faz acreditar na bondade essencial dos seres humanos – e, afinal de contas, esta é a função de Hollywood: elevar nossos espíritos.
Ao retratar os duelos constantes entre Charlotte e sua sogra Viola (Fonda), o longa de Robert Luketic quase mata o público de tanto rir graças às terríveis maldades perpetradas pela personagem-título: vocês acreditam que, entre outras crueldades, Viola não deixa Charlotte dormir? Que mente sádica seria capaz de conceber tamanha perversidade? Pior do que isso, só se ela presenteasse a garota com uma jóia de péssimo gosto e... ei, esperem! Ela também faz isso! Só falta dizer que a diabólica mulher também obriga a mocinha a vestir uma roupa apertad... Sim, obriga. Deus, como Viola é má!
E o mais chocante é que Charlotte não merecia ser tratada desta maneira: afinal, é uma jovem tão inocente e manipulável que, quando uma completa desconhecida lhe informa que o homem com quem acabara de flertar é gay, ela acredita piamente – e quando o rapaz volta a paquerá-la, a moça chega a dizer: `Eu não sei por que me telefonou. Eu sou mulher!`. Hahahahahahaha! Esta Charlotte é mesmo uma gracinha (principalmente com a vozinha infantil empregada pela atriz Jennifer Lopez!). Aliás, a garota é tão ingênua que logo se encarrega de listar para a sogra todos os alimentos aos quais é alérgica – e confesso que, mais tarde, quando ela come um destes produtos e sofre uma reação, fui pego completamente de surpresa. Quem poderia imaginar que isto aconteceria?! É importante dizer também que o noivo de Charlotte é igualmente puro: afinal, apesar de ser um médico bem sucedido, ele chega a ser enganado por um ator-garçom que se passa por psiquiatra. Está para surgir outro casal que se mereça mais do que o formado por Charlotte e Kevin!
E como é gratificante ver Jane Fonda de volta depois de 15 anos afastada das telas! Ela não poderia ter escolhido projeto melhor! Aliás, estou tão excitado com o fato que não consigo parar de usar exclamações! E acho que Jennifer Lopez também se sentiu honrada em contracenar com Fonda, já que está mais apagada do que de costume neste projeto (muitos podem acusá-la de não ter timing cômico, mas acredito que ela foge da comicidade de propósito, para evitar roubar a cena de sua veterana companheira de cena. Que alma generosa!).
Cheio de surpresas, A Sogra ainda inclui um personagem secundário pedófilo – e, embora alguns possam julgá-lo ofensivo e sem a menor graça, peço licença para discordar: há algo mais hilário do que ver um homem adulto tentando seduzir adolescentes? Não é à toa que o `tio da Sukita` fez tanto sucesso! (Passei a tomar aquele refrigerante justamente em função dos comerciais!) E mais: graças a esta obra-prima da comédia contemporânea, descobri um fato fascinante: um garçom sempre terá impulsos incontroláveis de servir as pessoas, mesmo quando for apenas um convidado em uma festa. Jamais imaginei isso! Esses garçons são uns malucos...
Aproveito, também, para aplaudir o cineasta Robert Luketic: criar seqüências em que as personagens imaginam atos de violência contra suas inimigas é uma idéia genial! E toda vez que eu constatava que o que acabara de ocorrer na tela era apenas fantasia de uma das protagonistas, saltava em minha poltrona, tamanha a excitação que sentia com a surpresa fenomenal que acabara de experimentar!
Quando escrevi sobre A Sociedade do Anel, falei que `às vezes, cinco estrelas não são o bastante`. Felizmente, embora nosso sistema de cotação não permita que eu confira seis estrelas a esta obra-prima, encontrei uma forma de enganar o sistema: darei uma estrelinha para a produção, como se já estivéssemos na segunda volta de uma corrida – ou seja: A Sogra ganhou as cinco estrelas mais uma.
É, eu sei, genial. A inteligência do filme me inspirou.
12 de Agosto de 2005
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