Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
24/11/2006 | 01/01/1970 | 5 / 5 | 5 / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
87 minuto(s) |
Trabalhando a partir de um roteiro que escreveu ao lado de Warren Coleman, John Collee (Mestre dos Mares) e Judy Morris (sua parceira
Retratados
Tecnicamente brilhante, o longa demonstra imenso cuidado na concepção visual e na animação de seus personagens, que se mostram incrivelmente expressivos - reparem, por exemplo, na riqueza de significados no olhar de Memphis, pai do protagonista, quando se coloca ao lado daqueles que condenam a dança de seu filho: visivelmente inseguro acerca do que acaba de fazer, o pingüim parece tentar esconder a vergonha que sente de si mesmo por trás de uma fachada de falsa convicção, o que é espantoso se considerarmos que aquela “atuação” foi construída
Mas o destaque fica mesmo por conta de Mano, que encanta a partir do segundo em que sai do ovo: absurdamente engraçadinho, o pingüinzinho mal consegue manter seus pés imóveis, caminhando numa dança desajeitada que gradualmente se transforma num alegre sapateado (e a manchinha em seu peito, que remete a uma gravata-borboleta, é um detalhe inspirado) – e sua simpatia permanece intacta depois que ele se torna um jovem adulto, já que seu olhar mantém um ar de inocência contagiante. Enquanto isso, os pingüins “latinos” que se unem a Mano depois de algum tempo acabam se transformando na principal fonte de humor do filme com sua espontaneidade e irreverência.
Compreendendo perfeitamente a liberdade proporcionada pela animação digital, George Miller exibe uma inventividade em seus movimentos de “câmera” que ultrapassa até mesmo o virtuosismo de Robert Zemeckis e Gil Kenan
Esta alteração na atmosfera do filme, aliás, representa uma escolha característica de George Miller – o que não significa que agradará a todos. Ao contrário: é bastante provável que algumas pessoas estranhem o rumo sombrio tomado pela narrativa, o que é uma pena, já que, tematicamente, este é necessário para a lógica da trama, posto que o surgimento dos humanos deve representar, para Mano, uma experiência assustadora. Aliás, descritos como “alienígenas” por vários animais, os humanos são retratados pelo cineasta como se de fato o fossem: parcialmente ocultos por sombras ou desfocados pela presença de paredes de vidro, os homens, mulheres e crianças vistos pelo protagonista são realmente figuras inquietantes – e quando os pingüins usam a dança numa tentativa de comunicação, confesso que me lembrei da utilização de notas musicais como intermediárias em um diálogo entre extraterrestres e terráqueos,
Abordando uma série de temas que podem servir como base para várias conversas entre pais e filhos após a projeção, Happy Feet discute, de maneira alegórica (e, às vezes, quase literal), questões como o fundamentalismo religioso, o preconceito contra minorias (e contra o que é diferente, de modo geral) e até mesmo o constante conflito de gerações (e a proibição da dança pelos anciões funciona como referência curiosa a Footlose). Até mesmo a mensagem ecológica, que peca por ser carregada e óbvia demais, pode ser servir como base para debates mais cuidadosos com as crianças, o que é louvável.
Embora traga uma resolução artificial demais para um filme tão bem realizado, Happy Feet jamais deixa de ser encantador e divertido – e, ao lado de A Casa Monstro e Carros, é certamente uma das melhores animações de 2006.
23 de Novembro de 2006
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