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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
30/05/2003 04/10/2002 3 / 5 / 5
Distribuidora
Duração do filme
95 minuto(s)

Direção

Marc Evans

Elenco

Sean Cw Johnson , Jennifer Sky , Kris Lemche , Stephen O’Reilly , Laura Regan , Bradley Cooper , Nick Mennell

Roteiro

David Hilton

Produção

David Hilton

Fotografia

Hubert Taczanowski

Música

Bias

Montagem

Mags Arnold

Design de Produção

Crispian Sallis

Figurino

Kate Rose

Direção de Arte

Laura MacNutt

O Olho Que Tudo Vê
My Little Eye

Dirigido por Marc Evans. Com: Sean Cw Johnson, Jennifer Sky, Kris Lemche, Stephen O’Reilly, Laura Regan, Bradley Cooper, Nick Mennell.

Imaginem o que aconteceria se, na nova versão do programa Casa dos Artistas, os participantes começassem a ser assassinados um a um. Agora avalie como a tensão se tornaria ainda maior caso o programa fosse gravado em um casarão assustador localizado no meio do nada. E se tudo estivesse cercado por neve? É claro que não desejo a morte de ninguém (por mais imbecis que estas quase-celebridades sejam), mas o fato é que esta é a premissa do suspense O Olho Que Tudo Vê – uma combinação entre A Bruxa de Blair e reality shows como Big Brother.

Escrito por David Hilton e James Watkins, o filme conta a história de cinco jovens que se inscrevem em um programa que deverá ser transmitido pela Internet: aprisionados em uma casa situada em local desconhecido, os três rapazes e as duas garotas deverão passar seis meses em isolamento absoluto, sendo filmados durante todo o tempo por inúmeras câmeras espalhadas por toda a propriedade. Porém, ao contrário dos reality shows habituais, as regras não prevêem a saída gradual dos participantes; ao contrário: se um dos jovens abandonar a casa, todos perderão o prêmio (nada menos do que 1 milhão de dólares). Faltando apenas uma semana para o término do prazo, no entanto, coisas estranhas começam a ocorrer: certa noite, por exemplo, uma das garotas acorda assustada ao descobrir que o travesseiro ao seu lado está coberto de sangue; e, como se não bastasse, as caixas com suprimentos (enviados pela misteriosa companhia que produz a atração) passam a vir com estranhos conteúdos, como tijolos e até mesmo um revólver.

Afinal de contas, o que está acontecendo? Será que há mais alguém no casarão? (Uma das garotas teme que um antigo conhecido de infância, que matou os pais a golpes de martelo, possa querer se vingar de uma brincadeira feita no passado.) Ou tudo não passa de um artifício empregado pelos produtores do programa a fim de tornar a atração mais interessante para o público? Há, ainda, a possibilidade de que os criadores do reality show simplesmente queiram provocar a desistência de algum participante a fim de que não precisem pagar o vultoso prêmio.

Para conferir um tom mais realista à história, o diretor Marc Evans usa o interessante recurso de utilizar apenas enquadramentos que simulam o posicionamento das câmeras que um programa como este normalmente tem: assim, são constantes as tomadas realizadas de ângulos superiores e, em vários momentos, os personagens saem de foco à medida em que o equipamento se movimenta para acompanhá-los. Além disso, muitas das cenas mais tensas se passam em escuridão total, sendo captadas através dos sensores de raios infravermelhos das câmeras (o que confere um clima sobrenatural ao filme graças aos olhos `brilhantes` dos atores sob a iluminação especial). Sem praticamente utilizar a trilha sonora para provocar sustos artificiais no público (algo que merece nosso respeito), Evans coloca o espectador na posição de voyeur, como se estivéssemos assistindo a tudo pela Internet.

Infelizmente, o ótimo esforço do cineasta acaba sendo frustrado pelo roteiro, que, depois de levar um bom tempo para colocar a trama em andamento, perde-se de vez a partir do instante em que os estranhos acontecimentos são explicados (não se preocupe, não pretendo entregar o `segredo`) – uma revelação que, além de decepcionante, expõe buracos colossais na história: por que, por exemplo, o filme tem início quando o grupo já está há quase seis meses na casa? Qual era a necessidade de se esperar tanto tempo para que `tudo` começasse? E o que dizer sobre os parentes dos participantes? Será que eles não estranhariam nada?

Contando com atuações razoáveis por parte de seu pequeno elenco, O Olho Que Tudo Vê poderia ter alcançado um sucesso artístico (e, quem sabe, comercial) semelhante ao de A Bruxa de Blair caso o bom clima de tensão estabelecido durante a primeira hora de projeção fosse complementado por uma justificativa razoável para o que ocorre. Seja como for, o filme merece créditos, no mínimo, pela cena em que Rex (o personagem mais interessante da história) olha diretamente para a câmera – e, conseqüentemente, para o espectador de reality shows – e dispara: `Eu estou aqui pelo dinheiro. Qual é a sua desculpa? Não tem vida própria, não a acha suficientemente real, não tem família? Tenho pena de você, seu fodido deprimente`. Uma declaração que merece ser analisada com carinho.
``

25 de Maio de 2003

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

 

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