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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
18/04/2003 21/03/2003 3 / 5 / 5
Distribuidora
Duração do filme
75 minuto(s)

Leitão - O Filme
Piglet`s Big Movie

Dirigido por Francis Glebas. Com as vozes (no original) de John Fiedler, Jim Cummings, Peter Cullen, Ken Samson, Tom Wheatley, Nikita Hopkins e Kath Soucie.

Responda rápido: quais são os personagens mais lucrativos do grupo Walt Disney? Mickey? Pato Donald? Branca de Neve (e os Sete Anões)? A Pequena Sereia? Não. Por incrível que pareça, o ursinho Pooh (quando deixou de ser Puff?) e sua turma respondem, sozinhos, por mais de 1/3 do faturamento anual da Disney. Aliás, o grande apelo destes personagens junto ao público é a explicação mais compreensível para que Leitão – O Filme tenha sido lançado nos cinemas, em vez de ser produzido diretamente para distribuição em vídeo e DVD.

Não que este longa-metragem seja ruim – ao contrário: contando uma historinha ingênua e bem-intencionada, o filme cativa por sua simplicidade. No entanto, Leitão – O Filme está longe de ser uma animação com o `padrão Disney de qualidade`: seu aspecto gráfico é limitado (os cenários chegam a se repetir várias vezes; as seqüências de ação praticamente inexistem; e os números musicais nada têm de grandiosos. Composto por várias histórias contadas em flashback (e que poderiam ter originado diversos curtas para exibição na televisão), o roteiro escrito por Brian Hohlfeld tenta amarrar as diferentes narrativas através de um livro de memórias pertencente ao pequeno Leitão, cujo `desaparecimento` leva seus amigos a uma missão de resgate repleta de nostalgia – e, no processo, são obrigados a visitar praticamente todos os demais habitantes do Bosque dos Cem Acres, como Corujão, Can (e o pequeno Guru) e o garoto Christopher Robin. (E isso certamente não prejudicará as vendas dos bonecos e outros produtos relacionados a Pooh, vale lembrar...)

O fato, porém, é que estes personagens são mesmo adoráveis: é impossível não se encantar com Pooh e sua obsessão por guloseimas; Coelho e seu mau humor; Ió e sua melancolia; ou com o elétrico Tigrão, que, com sua língua presa, insiste em criar palavras como `tigrificante` e possui um talento inato para descrever o óbvio, como no momento em que batiza uma criatura que supõe ser desconhecida como `Troço-peludo-esquisitão`. Além disso, as crianças certamente vão se identificar com o dilema de Leitão, que se ressente por ser pequeno demais para poder ajudar os amigos em suas trapalhadas.

Aliás, Leitão – O Filme é uma animação claramente voltada para as crianças menores (com, no máximo, 7 ou 8 anos de idade): seus protagonistas falam lentamente, repetem as mesmas informações várias vezes e as piadas praticamente se limitam a tropeços, escorregões e quedas (algo que os pequenos adoram). Com isso, é possível que os pais (e os pré-adolescentes) se sintam um pouco entediados durante a projeção, já que o filme não se preocupa em divertir o público mais `maduro`.

Tendo isto em mente, posso dizer que Leitão – O Filme é um passatempo agradável e – o que nunca é ruim – que se preocupa em abordar temas como amizade, lealdade e coragem. E se as músicas (compostas por Carly Simon e cantadas em português por Ester Elias) não possuem melodias contagiantes, ao menos trazem letras cativantes – como na cena em que a Mamãe-Canguru canta:

`A intuição materna
Jamais vai se perder
A mãe conhece o filho
Antes mesmo dele nascer
.`

Dirigido por Francis Glebas, que demonstra conhecer o ritmo de seu público-alvo, Leitão – O Filme é a prova definitiva de que a Disney pretende explorar cada vez mais os personagens criados pelo britânico A.A. Milne. Assim, depois de Tigrão e Leitão ganharem seus próprios longas-metragens, não me espantarei se, num futuro próximo, vier a escrever sobre Ió – O Filme.

Na verdade, vou adorar a tarefa.
``

19 de Abril de 2003

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

 

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