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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
03/09/2004 13/08/2004 3 / 5 3 / 5
Distribuidora
Duração do filme
101 minuto(s)

Alien vs. Predador
Alien vs. Predator

Dirigido por Paul W.S. Anderson. Com: Sanaa Lathan, Lance Henriksen, Raoul Bova, Ewen Bremmer, Colin Salmon, Tommy Flanagan, Agathe De La Boulaye.

Alien Vs. Predador é recheado de péssimos diálogos e cenas de ação confusas – e, ao contrário do que ocorria na série Alien, na qual o espectador jamais podia dizer com certeza quem iria morrer ou viver (até a heroína poderia ser mais uma vítima da criatura), aqui é claro, desde o início, o destino de cada um dos personagens: os antipáticos e `anônimos` morrerão primeiro; os simpáticos ficarão para o final, podendo até mesmo sobreviver. Na realidade, o filme tem tudo para ser péssimo e, por esta razão, é curioso que consiga se revelar relativamente satisfatório.

Escrito e dirigido por Paul W.S. Anderson (não confundir com o Paul Thomas Anderson de Boogie Nights e Magnolia), Alien Vs. Predador tem uma premissa interessante: vistos como deuses por povos da Antigüidade, os Predadores ensinavam seus adoradores a construir complexas pirâmides nas quais mantinham presos os perigosos Aliens. De cem em cem anos, alguns daqueles `caçadores` visitavam a Terra a fim de enfrentar estas criaturas, num verdadeiro `rito de passagem`. Assim, quando o milionário Charles Bishop Weyland é informado da descoberta de uma imensa pirâmide na Antártica, logo monta uma expedição para explorá-la, sem imaginar que ele e sua equipe se tornarão parte de um confronto milenar.

Procurando se manter em terreno seguro (leia-se: apostando nas convenções), Anderson demonstra sua falta de originalidade já na seqüência inicial do longa, quando retrata a formação do grupo de aventureiros de uma forma bastante similar à vista em O Parque dos Dinossauros. E, ainda que algumas de suas escolhas possam ser interpretadas como simples homenagens às duas séries que inspiraram este filme (como os traços que, surgindo aos poucos, formam o título), é impossível deixar de constatar que, na maior parte do tempo, ele está mesmo se entregando aos clichês: em certo momento, por exemplo, um personagem investiga uma construção abandonada e se assusta com um barulho que, logo descobre, foi provocado por um animal. O problema é que, como a trama se passa na Antártica, o diretor foi obrigado a substituir o bicho `padrão` (leia-se: um gato) por um desajeitado pingüim, o que não deixa de ser ridículo. Para piorar, até mesmo os efeitos visuais resvalam no lugar-comum: quando um daqueles facehuggers (aliens que se prendem no rosto de suas vítimas) salta em direção à sua presa, seu movimento é retratado através do recurso do bullet time, consagrado pelo primeiro Matrix e imitado à exaustão nos últimos cinco anos.

Mas o grande problema de Alien Vs. Predador é que Paul W.S. Anderson não compreende a importância de transformar os personagem humanos em figuras que estabeleçam uma certa identificação com o espectador. Funcionando apenas como iscas para os dois verdadeiros astros da produção (as criaturas-título, obviamente), os humanos são meras caricaturas de heróis como a tenente Ripley, o Major Dutch ou o tenente Harrigan dos capítulos anteriores. É claro que há uma tentativa de se estabelecer uma heroína; porém, desde sua primeira aparição (quando interrompe uma escalada para atender o celular), a tal Alexa Woods revela-se um pálido reflexo de seus antecessores – basta dizer que, depois de fazer um charme tremendo até aceitar liderar a expedição (supostamente `muito perigosa`), ela passa todo o trajeto conversando com seu interesse amoroso dentro de um caminhão, tornando inexplicável o motivo que levou Bishop a insistir para tê-la como `guia`.

E por falar em Bishop, o personagem interpretado por Lance Henriksen é o único elo entre esta produção e a série Alien, na qual o ator viveu o andróide homônimo (fica claro que o milionário visto em Alien Vs. Predador é o fundador da sombria `Companhia` que tanto persegue a corajosa Ripley). No entanto, embora seja divertido ver Henriksen brincando com uma faca (como em Aliens, o Resgate), o fato é que ele é desperdiçado pelo filme, limitando-se a tossir durante todo o filme. E, ainda que inclua Bishop, Anderson acaba por demonstrar sua falta de preocupação com a `mitologia` da série ao reduzir drasticamente o ciclo de reprodução das criaturas: pelo que pude perceber, da `contaminação` dos humanos até o `nascimento` e amadurecimento dos aliens, apenas poucas horas se passaram, o que é no mínimo absurdo.

Por outro lado, o longa se sai melhor ao retratar os Predadores: particularmente, confesso que nunca achei muita graça nestes caçadores espaciais, mas, aqui, eles demonstram possuir personalidade, tornando-se infinitamente mais interessantes do que seus inimigos. É curioso, por exemplo, ver um deles poupar um humano depois de constatar, com seus `raios X`, que sua vítima possui um câncer terminal. Além disso, é impossível não admirar a facilidade com que o líder dos Predadores elimina um jovem alien com apenas uma das mãos. Infelizmente, em função desta diferença no enfoque dado aos astros de Alien Vs. Predador, o filme praticamente nos obriga a torcer por este último, o que tira grande parte do charme que um confronto como este poderia possuir (um erro que não foi cometido em Freddy Vs. Jason, embora este também contasse com sua parcela de equívocos).

Introduzindo algumas idéias bastante curiosas e inventivas (como utilizar o exoesqueleto dos aliens como um verdadeiro `escudo` contra a acidez do sangue destes), Alien Vs. Predador se fortalece sempre que se concentra no duelo entre os personagens-título. E, ainda que falhe como exercício narrativo, acaba funcionando simplesmente por matar a curiosidade dos fãs com relação ao que aconteceria caso dois dos monstros mais populares do Cinema moderno viessem a se encontrar.
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03 de Setembro de 2004

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Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

 

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