Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
30/05/2002 | 15/03/2002 | 3 / 5 | / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
95 minuto(s) |
Dirigido por Tom Dey. Com: Eddie Murphy, Robert De Niro, Rene Russo, Pedro Damián, Frankie Faison, T.J. Cross, Drena De Niro, Nestor Serrano e William Shatner.
Showtime é uma comédia policial que começa de forma bastante promissora: logo em suas primeiras cenas, o detetive interpretado por Robert De Niro diz que `nunca teve que saltar de um telhado para outro ou escolher entre o fio azul e o vermelho`, referindo-se a dois dos maiores clichês do gênero. Momentos depois, é a vez de Eddie Murphy citar, em sua primeira participação na história, praticamente todas as demais convenções utilizadas por Hollywood, como `a morte de um policial prestes a se aposentar`, `o detetive que é obrigado a entregar sua arma e seu distintivo` e `o policial que destrói a cidade durante uma perseguição`. É uma pena que, mais tarde, o próprio filme abandone o tom de paródia e passe a utilizar os mesmos clichês que havia satirizado. E o que é pior: aparentemente, sem se dar conta do fato.
Não acredita? E se eu disser que De Niro interpreta Mitch, o `melhor detetive do departamento`, e que, eventualmente, ele é `afastado do caso por seu superior` depois de `destruir a cidade em uma perseguição`? Na realidade, Mitch já havia provocado a ira do comissário (é sempre este ou o prefeito, não?) por ter atirado em uma câmera de tevê e, por isso, acaba sendo obrigado a participar de um reality show produzido por esta mesma emissora. O programa mostra o cotidiano de um policial e, desta forma, o pobre sujeito é seguido por um cameraman durante todo o dia, além de ganhar um novo parceiro: o incompetente Trey Sellars (Murphy), que ainda não passou na prova para se tornar detetive e que quer alavancar sua carreira no show business. Ou seja: o filme é um cruzamento entre EdTV e 48 Horas.
O mais lamentável é que Showtime poderia ter feito por este gênero o que Pânico fez pelos filmes de terror, parodiando-o com competência ao mesmo tempo em que seguia suas regras. Em vez disso, os roteiristas Keith Sharon, Alfred Gough e Miles Millar acabam levando a trama policial muito a sério, impedindo que os clichês funcionem como recurso cômico. E, como se não bastasse, a tal trama é repleta de furos, apelando para `revelações finais` que não fazem o menor sentido (sem estragar a `surpresa`, faço apenas a seguinte pergunta: por que o personagem X fornece espontaneamente certa informação, em determinado momento da história, se isto poderia lhe comprometer?). Além disso, os vilões são simplesmente ridículos, seguindo o velho estereótipo do `chefão frio e bem-vestido` que já vimos aos montes em filmes como Máquina Mortífera; Um Tira da Pesada; A Hora do Rush; e Missão: Impossível 2, entre outros.
Por outro lado, a química entre os dois protagonistas é inegável, o que torna Showtime mais divertido do que deveria ser - embora De Niro apenas recicle o tipo sério e ameaçador que se torna engraçado em função de seu nervosismo (ver Entrando Numa Fria e Máfia no Divã), e Murphy mais uma vez se limite a dizer seu texto de forma histriônica e, muitas vezes, recheada de ironia. Estas composições de personagem funcionam bem, como já seria de se esperar, mas nada têm de inovadoras quando comparadas aos trabalhos anteriores da dupla. Enquanto isso, Rene Russo apenas desfila pela tela, deixando a única surpresa do elenco por conta de William Shatner - o velho e bom Capitão Kirk -, que aqui interpreta a si mesmo (na década de 80, ele protagonizou um seriado policial e, assim, é `convidado` para dar assessoria aos produtores do programa visto em Showtime). Com seu humor auto-depreciativo, Shatner protagoniza os melhores momentos do filme e, portanto, é uma pena que apareça tão pouco.
Dirigido por Tom Dey, que confere grande energia às seqüências de ação da história, Showtime é um passatempo descompromissado que arranca algumas poucas risadas, mas nos deixa com a impressão de que já vimos aquilo antes. E, na verdade, já vimos mesmo – centenas de vezes.
28 de Maio de 2002