Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
17/02/1999 | 18/12/1998 | 2 / 5 | / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
119 minuto(s) |
Dirigido por Nora Ephron. Com: Tom Hanks, Meg Ryan, Parker Posey, Greg Kinnear, Steve Zahn, Jean Stapleton, Dabney Coleman e John Randolph.
Sintonia de Amor é, em minha opinião, um dos filmes mais leves da década de 90. Com um roteiro espirituoso, bem-intencionado e repleto de charme, o filme contava ainda com atuações simpáticas de Tom Hanks e Meg Ryan e uma direção despretensiosa, porém eficiente, de Nora Ephron. Infelizmente, este Mens@gem para Você fica muito a dever à colaboração original deste trio.
Esta refilmagem de A Loja da Esquina, de 1940, traz Hanks e Ryan como um casal que se corresponde através da Internet sem ter conhecimento da verdadeira identidade um do outro: enquanto Kathleen Kelly (Ryan) é dona de uma livraria especializada em livros infantis chamada `A Loja Depois da Esquina` (uma referência ao título original da versão de 40), Joe Fox (Hanks) é o herdeiro de uma poderosa rede de livrarias que está prestes a obrigar a lojinha da garota a fechar suas portas. Concorrentes nos negócios, eles trocam e-mails apaixonados sem sequer desconfiarem de que já se conhecem e se odeiam.
Apesar da atualização inteligente (na versão original, James Stewart trocava cartas anônimas com sua colega de trabalho Margareth Sullivan), o roteiro escrito pelas irmãs Nora e Delia Ephron não cumpre o prometido: depois de um início objetivo e engraçado, passa a resvalar no óbvio e se desvia do assunto principal. Ao invés de se concentrar no romance `virtual` dos protagonistas, a história dá ênfase à disputa entre as duas livrarias e às manobras dos personagens para atingirem seus objetivos comerciais.
Além disso, a narrativa é repleta de personagens absolutamente desnecessários e - o que é pior - ainda perde um tempo precioso com eles. Um exemplo claro pode ser encontrado em Birdie, personagem interpretada por Jean Stapleton, que protagoniza duas cenas embaraçosamente dispensáveis: a seqüência em que `conversa` com um retrato da mãe de Kathleen e aquela em que revela uma antiga paixão pelo General Franco (que não pôde se casar com ela por ter que governar a Espanha). O que estas cenas acrescentam à história? Absolutamente nada, além de não serem nada engraçadas - o que talvez justificasse sua inclusão. Outro exemplo é o avô do personagem de Tom Hanks, um tal Schuyler Fox (John Randolph). Sua única função neste filme é dizer que conheceu a mãe de Kathleen e, é claro, ter uma filha de 8 anos de idade a fim de permitir que Hanks apresente a garota como sua `tia` (o que é engraçadinho, mas igualmente dispensável).
E mais: as soluções encontradas pelas irmãs Ephron em seu roteiro são forçadas, inverossímeis. Para se ter uma idéia, a saída encontrada pela história a fim de permitir que Hanks perceba o quanto sua vida está mal-direcionada é colocá-lo dentro de um elevador enguiçado e fazer com que ele ouça os demais passageiros dizendo o que farão `se algum dia saírem dali`. Para piorar, a direção de Nora Ephron é lenta e pouco inteligente. Em um filme cujo ritmo oscila perigosamente, ela se dá ao luxo de acrescentar uma cena em que a personagem de Meg Ryan tem uma visão de sua mãe `rodopiando` com ela enquanto ainda era criança, numa pobre tentativa de emocionar a platéia - e que só serve para tornar a narrativa ainda mais arrastada.
Enquanto isso, as atuações de Tom Hanks e Meg Ryan são, mais uma vez, o principal atrativo. Os personagens criados pelos dois são tão simpáticos e adoráveis que o espectador fica verdadeiramente ansioso para que eles fiquem juntos. Destaca-se, também, o trabalho de Greg Kinnear como o erudito namorado de Ryan: na realidade, um sujeito narcisista e sedento de elogios.
Mens@gem para Você é, em suma, um filme carente de atrativos como os que fizeram de Sintonia de Amor uma pequena obra-prima entre as comédias românticas. Se Sintonia... exalava charme e graça naturais, aqui Nora Ephron é obrigada a filmar Meg Ryan fazendo gracinhas para a câmera (na verdade, coreografias engraçadinhas de lutas de boxe). É a diferença entre o `tentar` e o `ser`.
17 de Fevereiro de 1999