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Críticas por Pablo Villaça

Datas de Estreia: Nota:
Brasil Exterior Crítico Usuários
30/11/1994 30/11/1994 3 / 5 / 5
Distribuidora
Duração do filme
96 minuto(s)

Memórias do Mal
La Machine

Dirigido por François Duperyon. Com: Gérard Depardieu, Nathalie Baye, Didier Bourdon, Natalia Woerner, Erwan Baynaud.

Memórias do Mal é um filme tenso. Parte de uma premissa totalmente absurda, mas consegue superar este fato. Tem atuações fortes, uma direção segura e uma edição interessante, onde o início do filme é, exatamente, seu clímax.

Gérard Depardieu interpreta o médico Marc Lacroix, um homem obcecado por mentes doentias. Ele não apenas trata de seus pacientes - todos psicopatas -, mas também os estuda. O Dr. Lacroix inventou uma máquina capaz de transferir `segmentos` da mente humana de um cérebro para outro. Com isso, ele pretende poder `curar` psicopatas, ao mesmo tempo que passa a entender melhor como eles pensam.

Sua vida pessoal, diferentemente da profissional, é um caos. Ele está à beira do divórcio, e seu filho é uma criança retraída. Sua esposa sabe que ele tem uma amante, e ele não parece se importar. É quando conhece o assassino Michel Zyto no sanatório onde trabalha, e decide testar sua máquina naquele homem. No entanto, a experiência dá errado e as mentes do médico e do psicopata acabam trocando de corpo.

Vários filmes onde duas pessoas têm suas personalidades trocadas já foram feitos: Vice-Versa, Tal Pai, Tal Filho, entre outros. São filmes leves, geralmente comédias. Não é fácil pensar que uma troca dessas poderia se encaixar em um filme mais `sério`. Mas se encaixa, e bem. O espectador fica verdadeiramente tenso quando o perigoso Zyto, com o rosto do médico, vai morar com a família deste. E é desesperadora a situação em que o pobre Dr. Lacroix fica, ao ser internado no lugar do assassino.

Depardieu confere, mais uma vez, uma poderosa atuação a seu personagem. Ou, melhor dizendo, a seus personagens, já que passa por várias mudanças durante o transcorrer da história. E todas suas diferentes `facetas` são bem construídas. A cena em que ele (com a personalidade do assassino) conversa com o Dr. Lacroix através das grades de um parque é soberba. Seu olhar tímido, inseguro, sua incapacidade de olhar diretamente nos olhos do médico... Apesar de sua periculosidade, ele teme o julgamento do outro. Ele tem medo.

O roteiro explora bem a tensão da situação, colocando os dois personagens principais em conflito constante. E o mais interessante é que boa parte da `ação` do filme se passa nos combates verbais entre eles. O diretor Duperyon prova, aqui, que o corre-corre desenfreado dos `filmões` americanos não é necessário para se fazer um bom filme de ação.

A `máquina`, propriamente dita, não é nenhuma maravilha. Apesar de dar nome ao filme (no original, La Machine), ela é apenas uma coadjuvante esquecida. Não tem importância quase nenhuma no filme, a não ser pelo fato que cria a situação na qual o filme se sustenta. Esta produção não se preocupa com os `efeitos visuais`.

Nem o espectador, que está muito ocupado se preocupando com os personagens.
``

9 de Fevereiro de 1998

Pablo Villaça, 18 de setembro de 1974, é um crítico cinematográfico brasileiro. É editor do site Cinema em Cena, que criou em 1997, o mais antigo site de cinema no Brasil. Trabalha analisando filmes desde 1994 e colaborou em periódicos nacionais como MovieStar, Sci-Fi News, Sci-Fi Cinema, Replicante e SET. Também é professor de Linguagem e Crítica Cinematográficas.

 

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