Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
06/03/1998 | 25/12/1997 | 4 / 5 | 4 / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
139 minuto(s) |
Dirigido por James L. Brooks. Com Jack Nicholson, Helen Hunt, Greg Kinnear, Cuba Gooding Jr., Skeet Ulrich, Shirley Knight, Yeardley Smith e Harold Ramis.
Melvin Udall é um homem insuportável. Ele tem preconceito com relação a homossexuais, negros e mulheres. Ele é um obsessivo-compulsivo. Ele não pensa duas vezes antes de ofender alguém. Ele é capaz de atirar um cachorrinho na lixeira de um prédio. Resumindo: é o típico personagem fácil de se odiar... se não fosse interpretado por Jack Nicholson.
Nas mãos de Nicholson, no entanto, ele se torna adorável e, por incrível que pareça, as coisas terríveis que ele faz (como chamar uma garçonete gordinha de `Mulher-Elefante`) acabam tornando-o ainda mais simpático aos nossos olhos. E, à medida em que o filme se desenvolve, o espectador vai esperando com prazer antecipado o momento em que o sujeito vai soltar outra de suas tiradas.
Melvin escreve sobre o universo feminino. Ele passa grande parte de seu dia em casa, escrevendo, saindo apenas para almoçar na mesma lanchonete todos os dias (tomando o devido cuidado para não pisar nas rachaduras da calçada). Lá, ele é sempre atendido pela mesma garçonete, Carol (Hunt), cujo filho de nove anos sofre de asma intensa. Curiosamente, Carol parece não se importar muito com as ofensas que dirige a todos (a não ser que envolva seu filho, claro), e até mesmo o defende para que o dono da lanchonete não o expulse dali. Além disso, Melvin tem que lidar com seu vizinho Simon (Kinnear), um pintor gay que possui um cachorrinho insuportável para seus padrões de higiene.
A partir destes três personagens, o roteiro de Mark Andrus e James L. Brooks cria uma série de situações que mesclam momentos absolutamente cômicos com outros que se aproveitam do potencial sensível que a história oferece (principalmente aqueles envolvendo Carol e a doença do filho e a relação entre Simon e seus pais). Mas Melhor É Impossível é muito mais do que um roteiro bem-escrito. Este é um filme que se apóia totalmente nas interpretações de seus atores principais.
Primeiro, Nicholson. Ele é, sem dúvida, a alma do filme. Nas mãos de qualquer outro ator, Melvin teria se tornado um ser insuportável. Mas James L. Brooks foi sábio ao escalar seu velho parceiro para o papel. Jack Nicholson não é apenas um bom ator. Mais importante do que isso: ao longo dos anos todos os fãs de cinema foram se habituando a ver este ator como um louco divertido. Assim sendo, não é preciso grande esforço para se estabelecer o ponto mais importante do filme: a doença de Melvin é divertida para o espectador, que se delicia com cada um dos detalhes de sua obsessão. No entanto, para o próprio Melvin sua `loucura` é o centro da própria doença. Ele não consegue aceitar o fato de que não tem controle sobre os próprios atos.
Quanto à Helen Hunt... bem, confesso que não estava esperando muita coisa. Apesar de gostar de Hunt no seriado Mad About You (e em um pequeno papel em Mr. Saturday Night), eu não achava que sua interpretação neste filme poderia ser digna do Globo de Ouro que ela havia ganho pelo papel (a verdade é que eu odiei Twister e todas as `interpretações` daquele filme). Porém, seu trabalho em Melhor É Impossível me surpreendeu. Hunt é capaz de comover com a mesma facilidade com que nos faz rir. Ela é adorável, frágil... para falar a verdade, eu tive vontade de protegê-la. E me simpatizei com sua Carol de tal forma que as únicas cenas em que fiquei `irritado` com Nicholson foram aquelas nas quais ele dizia algo grosseiro para a moça. Um ótimo trabalho que mereceu o reconhecimento (e o Globo de Ouro) que obteve, sem dúvida.
Greg Kinnear também merece reconhecimento. Seu personagem oferece oportunidade para o ator trabalhar outras nuanças que não existiam no personagem de Rupert Everett de O Casamento do Meu Melhor Amigo (com quem Kinnear foi muito comparado).
No entanto, Melhor É Impossível também comete seus pecadilhos: Brooks não inova muito em cima deste material riquíssimo oferecido pela história de Mark Andrus. O caminho da `transformação` de Melvin é totalmente previsível: primeiro o filme mostra que ele odeia animais. Depois, homossexuais. Depois negros e, por fim, mulheres. Sua `recuperação` segue quase o mesmo caminho: ele passa a aceitar cães, depois passa a se entender com o marchand vivido por Cuba Gooding Jr., em seguida homossexuais e, por fim, mulheres. É quase como se o diretor quisesse nos convencer de que o caminho a ser seguido por Melvin dependesse de uma ordem `pré-estabelecida`.
Há um momento em que Nicholson canta Alway Look to the Bright Side of Life, de A Vida de Brian. Eu, pessoalmente, gostaria que James L. Brooks tivesse seguido um pouco mais o espírito inovador e anárquico do Monty Phyton para fazer Melhor É Impossível. Este filme é `certinho` demais.
25 de Fevereiro de 1998