Datas de Estreia: | Nota: | ||
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Brasil | Exterior | Crítico | Usuários |
29/05/1998 | 25/12/1997 | 2 / 5 | / 5 |
Distribuidora | |||
Duração do filme | |||
105 minuto(s) |
Dirigido por Anthony Waller. Com: Tom Everett Scott, Julie Delpy, Vince Vieluf, Phil Buckman, Julie Bowen, Pierre Cosso, Tom Novembre e Maria Machado.
O início de Um Lobisomem Americano em Paris é extremamente promissor. Por cerca de meia hora, temos a impressão de estar assistindo a um filme de terror vindo diretamente dos anos 80, com aquele humor debochado, leve, mas que não permite jamais que a tensão da história seja dissipada.
A premissa do filme é rapidamente apresentada: conhecemos três jovens americanos que estão indo curtir em Paris. Os três se escondem na Torre Eiffel, depois que esta é fechada, e a `escalam`, numa das seqüências melhor fotografadas de todo o filme (e este filme tem uma fotografia muito boa). Lá, um deles, Andy, se prepara para se atirar do alto da Torre, com um elástico preso em seus pés: ele é adepto do bungee-jumping. É quando uma bela garota (Delpy) surge do nada, pronta para também se atirar. No entanto, ela quer mesmo é cometer o suicídio. É claro que Andy pula atrás dela e a salva. A partir daí, surge a revelação de que ela é um lobisomem (ora, você esperava o quê com esse título?) e que Andy logo também se tornará um.
Esta introdução à história é realmente bem-feita: o clima `fantasmagórico` do filme é apresentado corretamente (a lua cheia sobre a Torre Eiffel, as sombras no alto da Torre) e a partir daí ficamos preparados para o que der e vier. Quando Andy e seus dois amigos são `atraídos` para uma festa na qual são, obviamente, a refeição, o suspense é mantido e quando finalmente vemos um lobisomem, o monstro é realmente assustador.
Porém, o filme acaba aí. Logo em seguida, o roteiro nos acerta com uma série de piadinhas envolvendo um morto-vivo em estado de decomposição e a história se perde. É claro que um filme desses tem que ter um pouco de humor (um dos pontos fortes de Um Lobisomem Americano em Londres, aliás), mas espere aí... tudo tem limite. Um filme como esses é rico naquele humor adolescente bobo, irônico e ingênuo ao mesmo tempo, e que funciona maravilhosamente bem. Aliás, temos alguns exemplos deste humor no início do filme, como na seqüência em que Chris, enquanto procura um bilhete, encara os seios de uma garota, ou quando Brad, que está tentando ler sobre o ombro de um velho, finge estar dançando para despistar. É um humor inconseqüente, mas que se encaixa perfeitamente no clima destes filmes, divertindo.
Infelizmente, os roteiristas Tim Burns, Tom Stern e Anthony Waller parecem achar mais divertido mostrar uma jovem morta-viva tentando assobiar sem sucesso, pois a cada vez que ela assopra, um jato de sangue sai de um ferimento em sua bochecha ou seu olho é ejetado. Além de não funcionar como `escape`, cenas como estas acabam destruindo o clima de suspense construído no início da história. O terror cede lugar ao pastelão.
Além disso, o roteiro não respeita certos `paradigmas` das histórias de lobisomem, tais como `para se matar um lobisomem, deve-se atirar no bicho com um revólver contendo balas de prata`. Tudo bem: nem todo mundo segue esse tipo de regra em Hollywood, mas todo filme de terror tem uma cena na qual um personagem explica para o público quais serão as regras para aquela história em particular, a fim de situar o espectador. Aqui, não: somos obrigados a adivinhar o que vale e o que não vale. Os roteiristas conseguiram até mesmo uma maneira de os lobisomens aparecerem fora do período de lua cheia. (Sempre que vejo um filme que teve mais de dois roteiristas fico preocupado: geralmente falta coesão à história).
Os monstros são de primeira: completamente gerados em computador, eles são realmente assustadores. Infelizmente, a composição do filme foi malfeita, o que faz com que os bichos não se encaixem perfeitamente ao ambiente no qual estão inseridos, ficando um pouco mais claros, sem sombras. Além do mais, a coisa fica mais assustadora quando não conseguimos ver claramente de onde vem o perigo. Revelar totalmente o lobisomem é visualmente interessante, mas tira um pouco da tensão. Os efeitos de maquiagem criados por Rick Baker para o primeiro filme eram mais eficazes.
A direção de Wallen é boa - ele sabe como brincar com sua câmera, sempre hábil em captar enquadramentos bem interessantes. No entanto, o diretor falha ao tentar nos surpreender: são poucos os sustos e os momentos verdadeiramente tensos da história - o que é lamentável, já que este é o tipo de coisa que buscamos em filmes como este.
O primeiro filme era muito mais interessante e assustador. Na verdade, continua sendo um de meus filmes de `lobisomem` preferidos. Se quiser assistir esta continuação, procure se esquecer do filme original - caso contrário, você acabará saindo do cinema ainda mais frustrado.
5 de Junho de 1998